quinta-feira, junho 10, 2021

X-men – A qualidade do ódio

 


Algo que caracterizou a parceria entre Chris Claremont e John Byrne nos X-men foi o fato de que, mesmo no auge da mais desenfreada ação, havia sempre espaço para desenvolver os dramas dos personagens. E isso era feito de forma totalmente orgânica na trama, sem parecer que se tratava de pieguice ou pura enrolação.

A edição 127, no ponto alto da saga de Protheus, é um exemplo disso.

Na história anterior, Wolverine e Noturno encontram o mutante X e este tenta se apossar do corpo do baixinho, mas não consegue por causa do esqueleto de adamantiuim. Então, ele distorce a realidade. Quando Ororo chega, nem mesmo uma tempestade parece impedir que eles fiquem à mercê do poderoso mutante.

Quem salva a pátria é Moira, que atira em Protheus e só não o mata por intervenção de Cíclope.

Finalmente fora de perigo, Cíclope percebe que Wolverine ficou extremamente abalado com a experiência. Como um animal, o carcaju depende muito dos seus sentidos e passar por algo que mudou todo o mundo à sua volta o abalou a ponto de fazê-lo imergir num estado de quase catatonia.

Wolverine fica extremamente abalado após o confronto com Proteus. 


“Seja lá o que aconteceu com Wolverine, o abalou bastante. Ele está à beira de um colapso. Se não sair dessa depressão agora, ficará permanentemente amedrontado”, pensa Cíclope.  

A solução do líder da equipe é no mínimo inusitada: provocar uma briga com o baixinho, mas revela como Claremont, embora pensasse no geral, também tinha uma atenção especial para cada personagem do grupo. Talvez o único que tenha tido essa capacidade tenha sido Marv Wolfman nos Novos Titãs (o que provavelmente explica porque esse era o único título da DC que rivalizava em vendas com os X-men).

Enquanto isso, em uma trama paralela, acompanhamos outro drama.

A HQ também tem espaço para o drama de Moira. 


Moira vai para a capital da Escócia alertar seu ex-marido que o filho dos dois está indo para o local em busca de vingança. E descobrimos que Moira vivia com ele uma relação de abusos e que na última vez que eles se encontraram ele não só a deixou machucada a ponto de ir parar no hospital, como a estuprou – o que gerou o filho mutante. E, em uma crítica ferina, o marido abusador é mostrado um político importante que tem tudo para se tornar primeiro ministro. Surpreendente ver temas tão adultos e uma crítica tão mordaz num simples gibi de super-heróis.

No Brasil essa história foi publicada em Superaventuras Marvel 22, mesmo número em que o Mercenário matou Elektra.

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