Algo que
caracterizou a parceria entre Chris Claremont e John Byrne nos X-men foi o fato
de que, mesmo no auge da mais desenfreada ação, havia sempre espaço para
desenvolver os dramas dos personagens. E isso era feito de forma totalmente
orgânica na trama, sem parecer que se tratava de pieguice ou pura enrolação.
A edição 127, no
ponto alto da saga de Protheus, é um exemplo disso.
Na história
anterior, Wolverine e Noturno encontram o mutante X e este tenta se apossar do
corpo do baixinho, mas não consegue por causa do esqueleto de adamantiuim.
Então, ele distorce a realidade. Quando Ororo chega, nem mesmo uma tempestade
parece impedir que eles fiquem à mercê do poderoso mutante.
Quem salva a
pátria é Moira, que atira em Protheus e só não o mata por intervenção de Cíclope.
Finalmente fora
de perigo, Cíclope percebe que Wolverine ficou extremamente abalado com a
experiência. Como um animal, o carcaju depende muito dos seus sentidos e passar
por algo que mudou todo o mundo à sua volta o abalou a ponto de fazê-lo imergir
num estado de quase catatonia.
Wolverine fica extremamente abalado após o confronto com Proteus.
“Seja lá o que
aconteceu com Wolverine, o abalou bastante. Ele está à beira de um colapso. Se
não sair dessa depressão agora, ficará permanentemente amedrontado”, pensa
Cíclope.
A solução do
líder da equipe é no mínimo inusitada: provocar uma briga com o baixinho, mas
revela como Claremont, embora pensasse no geral, também tinha uma atenção
especial para cada personagem do grupo. Talvez o único que tenha tido essa
capacidade tenha sido Marv Wolfman nos Novos Titãs (o que provavelmente explica
porque esse era o único título da DC que rivalizava em vendas com os X-men).
Enquanto isso,
em uma trama paralela, acompanhamos outro drama.
A HQ também tem espaço para o drama de Moira.
Moira vai para a
capital da Escócia alertar seu ex-marido que o filho dos dois está indo para o
local em busca de vingança. E descobrimos que Moira vivia com ele uma relação
de abusos e que na última vez que eles se encontraram ele não só a deixou
machucada a ponto de ir parar no hospital, como a estuprou – o que gerou o
filho mutante. E, em uma crítica ferina, o marido abusador é mostrado um
político importante que tem tudo para se tornar primeiro ministro.
Surpreendente ver temas tão adultos e uma crítica tão mordaz num simples gibi
de super-heróis.
No Brasil essa
história foi publicada em Superaventuras Marvel 22, mesmo número em que o
Mercenário matou Elektra.
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