sexta-feira, fevereiro 16, 2024

Monstro do Pântano – A saga do Fuça radioativa

 


A partir do momento em que assumiu o título do Monstro do Pântano, Alan Moore o transformou num dos mais revolucionários do mercado dos comics. Inclusive sua reformulação do personagem, mostrando-o como uma planta e não como um ser humano.

Mas o ponto de virada que mostrou que o título estava anos luz a frente de outros do mercado foi a saga do Fuça radioativa, publicada nos número 35 e 36.

Moore construiu a trama em torno dos perigos do lixo nuclear – e a pesquisa feita por ele aparece na história na forma de recortes de jornais sobre o assunto, que surgem das mais variadas formas na HQ.

Um mendigo que bebe resíduos radioativos é o vilão da história. 


A história mostra um mendigo, o tal Fuça Radioativa, que se refugiava nas cavernas de carvão desativadas da Pensilvania. Quando o local passa a ser usado para guardar lixo nuclear, ele começa a abrir os tonéis para beber o líquido e sobrevive, mas torna-se uma ameaça involuntária.

A história começa com ele conversando com um homem que foi expulso da pensão onde morava. Ele lhe oferece a bebida. O resultado, claro, é a morte do homem. No final da história, ele encontra com o Monstro do Pântano e, acreditando que ainda fala com o antigo companheiro, não só toca nele (o que provoca uma ferida radioativa na vegetação que compõe o corpo do herói), como ainda o faz beber o líquido. Isso fará com que o personagem morra.

A morte do personagem provocou grandes mudanças no título. 


Essa primeira parte já valeria a pena por si só, mas o grande destaque vai para a segunda parte.

Numa narrativa que Moore diz ter emprestado de Gabriel Garcia Marques, Moore mostra os mesmos fatos do ponto de vista dos diversos personagens envolvidos na história: o xerife, a dona da pensão, o garoto que viu o monstro radioativo e o apelidou de fuça radioativa.

A história é narrada por diversos personagens, como um quebra-cabeça que deve ser montado pelo leitor.


Mas a parte central são as narrações de Wallace Monroe, funcionário da empresa nuclear, e Theasure, sua esposa grávida. A versão de Wallace o mostra encucado com a possibilidade dos acontecimentos da Pensivania se repetirem na Flórida. Ele sai para tentar esquecer o assunto, penetra no pântano, se perde ali, volta para o hotel e descobre que a esposa desapareceu. Quando finalmente a encontra, foge dela (“Não suporto mais encarar o seu olhar. Dou meia volta e começo a corerr... já sabendo que não devo parar nunca”). Só iremos entender a razão desse comportamento quando lemos a versão da esposa.

A história, assim, é configurada como quebra-cabeças cujas peças precisamos juntar para entender o conjunto.

Não bastasse esse aspecto revolucionário da forma, a história também marcaria uma mudança definitiva nos rumos e até nos poderes do personagem.

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