terça-feira, novembro 12, 2019

Quando realidade e ficção se misturam



Vivemos em um mundo em que cada vez mais se torna difícil distinguir realidade de ficção. Um exemplo disso ocorreu em 2014, quando a personagem Valdirene, vivida pela atriz Tatá Werneck, da novela Amor à vida, tornou-se participante do Big Brother Brasil 14.
A atriz permaneceu 12 horas dentro da casa, imersa em sua personagem, convivendo com os outros brothers como se fosse um deles.
Sem acreditar que estava realizando seu sonho antigo, a personagem Valdirene cruzou a porta amarela em êxtase e soltou sua primeira pérola: "Esqueci minha escova de dentes".
Ao som de “Piradinha”, sua trilha sonora, ela rodou pela festa, instigando os concorrentes. A cada grupo disse para alguém: "Você é o mais forte da casa". Perguntou a Clara se queria combinar voto e se esta jogava na "dança da pélvis" com os Brothers bonitões.
Enquanto isso, os personagens da novela assistiam ao programa, comentando os acontecimentos.
Por outro lado, no “mundo real” ela se tornava assunto nas redes sociais com internautas comentando sua participação no programa. A hashtag #ValdireneNoBBB14, que ficou entre os tópicos mais populares no Twitter.
O episódio testou os limites entre a realidade e a ficção em programas como o BBB. Uma personagem ficcional se tornou a grande estrela de um programa que tem como base a ideia de mostrar a vida real (há de se perguntar o que ocorreria se ela tivesse continuado no programa – teria ganhado a simpatia do público e sobrevivido até a final?) e levanta uma questão: os Brothers também não estariam atuando? Até que ponto o programa não é uma ficção? O BBB não seria ele também uma simulação da vida real?

Um exemplo de como o mundo se tornou uma construção hiper-real é o projeto acadêmico da designer holandesa Zilla van den Born realizado em 2014. Como o objetivo de provar o quanto é fácil forjar situações em redes sociais, ela arrumou as malas, despediu-se de seus pais no aeroporto Schiphol e, ao perdê-los de vista, pegou o trem de volta para sua casa em Amsterdã, onde mora sozinha.
Nas semanas seguintes ela produziu, através de programas de computador, fotos que a mostravam nas praias da Tailândia, saboreando comidas exóticas e até meditando em um templo budista.

A foto em que ela aparece mergulhando, por exemplo, foi tirada na piscina de sua casa e adornada com peixes falsos, mas hiper-reais adicionados via Photoshop.
Durante cinco semanas ela publicou as fotos e recebeu diversas curtidas e comentários elogiosos por parte de seus parentes e amigos. Ninguém desconfiou que a viagem fosse falsa.

O caso levantou uma questão: até que ponto o que vemos nas redes sociais é forjado, uma simulação (dos sorrisos forçados às fotos em locais paradisíacos) para impressionar seus seguidores? 

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