domingo, julho 18, 2021

Quando a Marvel era a casa das Ideias

 

Revistas como a do Doutor Estranho refletiam a criatividade da Marvel na década de 70. 


Quando Alan Moore, Steve Bissett e John Totleben assumiram o Monstro do Pântano, muitos se surpreenderam com a diagramação inovadora. Mas a diagramação psicodélica não era novidade: o Doutor Estranho de Englehart e Frank Brunner já tinha essa característica.
A Marvel na década de 1970 era pura inovação.
Alguns fatores contribuíram para tornar isso possível.
Um deles foi o fato da Marvel não ser uma grande empresa, como a DC, mas que ter uma grande produção de revistas. Então eles precisavam urgente de profissionais e não podiam pagar tanto quanto a DC. Compensavam com liberdade criativa.
Por outro lado, a maioria dos roteiristas eram também editores, de forma que tinham controle do processo criativo, uma tradição que começara com Stan Lee e se tornara norma com Roy Thomas.
Por último, o lema de Stan Lee que foi regra até a entrada de Jim Shoter como editor-chefe da Marvel no final década de 1970: "se uma revista está vendendo bem, não interfira".
Todos esses fatores juntos faziam com que Marvel fosse o local ideal para quem queria inovar. E a lista dos que que aproveitaram isso é enorme: Steve Englehart, Frank Brunner no Doutor Estranho, Jim Starlin na saga de Thanos, Bill Mantlo no Hulk e Micronautas, Steve Gerber em Howard, o pato, Don McGregor no Pantera Negra...
Na década de 1980 a DC se tornou mais inovadora. Monstro do Pântano é um exemplo disso. 

Na década de 1980 essa situação muda completamente: a Marvel se torna uma grande empresa, a primeira em vendas, os roteiristas deixam de ser editores e o editor-chefe se pedia modificações nas revistas, mesmo que ela estivessem vendendo bem (há uma caso famoso de uma capa de quadrinhos que Shoter mandou redesenhar três vezes porque não gostou do tênis que um personagem usava).
O ápice desse processo foi a série Guerras Secretas. Tudo ali foi decidido pelo departamento de marketing, inclusive o nome da série (uma pesquisa mostrou que essas eram as palavras que mais chamavam a atenção dos meninos). A partir daí passou a ser o departamento de marketing - e não os criadores - que decidiam os rumos das histórias. 
Resultado: foi exatamente nessa época em que a DC se tornou mais criativa que a Marvel. Foi exatamente nessa época que Alan Moore Steve Bissett e John Totleben fizeram o Monstro do Pântano para a DC.

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