
O blog dos Quadrinhos, do jornalista e pesquisador de quadrinhos Paulo Ramos, está divulgando uma carta aberta às autoridades de educação dando seu apoio ao uso das obras de Will Eisner nas escolas. Eisner é um dos maiores autores de quadrinhos e a maioria deus trabalhos são obras-primas tanto pela qualidade estética como, principalmente, pela qualidade narrativa. E também são obras muito humanas. Um contrato com Deus mostra as dificuldades dos moradores dos cortiços judeus nos EUA, situação que Eisner viveu.
Alguns diretores de escola e até mesmo a secretária de educação do Rio Grande do Sul não leram a obra, apenas folhearam e encontraram cenas descontextualizadas que pareciam incentivos à violência ou à pedofilia. A cena que seria um incentivo à pedofilia, por exemplo, é uma em que uma menina de 10 anos levanta a saia e mostra a calcinha para um zelador. Como não leu a obra, a secretária não percebeu que a menina fazia isso justamente para roubar o dinheiro do zelador... Vista fora do contexto, qualquer obra pode ter cenas reprováveis, até a Bíblia.
A secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar, leu a obra e defendeu seu uso com alunos do ensino médio.
No meio do tiroteio, Paulo Ramos e outras autoridades resolveram divulgar a carta aberta, defendendo o ponto de vista de Maria do Pilar e a adoção das obras de Eisner nas escolas. A carta está no blog do Paulo e pode ser assinada por outras pessoas que concordem com esse ponto de vista. Vá lá e assine. Não custa nada e você ajuda tanto a diminuir o preconceito contra os quadrinhos quanto a melhorar o nível de leitura dos nossos estudantes, permitindo que eles tenham contato com clássicos dos quadrinhos. Aproveite para deixar um recado para a secretária de educação do Rio Grande do Sul.
Ps: é só eu, ou mais alguém está desconfiado que toda esse confusão em torno da presença dos quadrinhos na bibliotecas escolares é na verdade um jogo político? Até agora, só estados que fazem oposição ao Lula estão reclamando do MEC ter adotado os quadrinhos do Eisner...
Se você está desconfiado, eu tenho certeza.
ResponderEliminarVale lembrar que isto começou quando a Secretaria de Educação de São Paulo cometeu um erro grosseiro ao recomendar "Dez na Área..." para o ensino fundamental. Tratava-se, ali, de quadrinhos de humor para público maduro, contendo linguagem vulgar e piadas preconceituosas (não estou condenando a obra, mas ressaltando que não é realmente adequada para crianças).
Só depois disso é que a SEC paulista enxergou a "inadequação" contida na obra de Eisner que estava sendo distribuída pelo Ministério da Educação, e censurou Um Contrato com Deus.
E a SEC gaúcha entrou na onda e censurou não só Um Contrato Com Deus, mas também O Nome do Jogo, e O Sonhador, embora os exemplos citados de "pornografia" (a secretária Mariza usou esta palavra) sejam todos de "Um Contrato..." Ou seja, a questão aqui é tentar mostrar que o MEC e não o governo paulista é que não avalia o conteúdo das obras enviadas para as escolas.