Existem alguns pouquíssimos diretores que em sua
primeira tentativa conseguem fazer um clássico. Jordan Peele é um desses raros
exemplos. Seu filme “Corra!” tornou-se
rapidamente um clássico do cinema de suspense.
É muito difícil falar da trama sem soltar spoiler,
tão bem amarrado e tão cheio de reviravoltas é o roteiro. Mas a história trata
de um homem negro namorado de uma garota branca que vai visitar os pais da
moça. Ele inicialmente teme ser alvo de racismo, mas é muito bem acolhido.
Entretanto, há algo muito estranho acontecendo: os empregados negros da casa
parecem artificiais, lobotizados em uma cortesia eternamente sorridente.
Como num bom suspense, as coisas estranhas vão se
acumulando, mas nada de realmente grave acontece. O assustador se revela em
pequenos detalhes, em algo que parece estar fora do lugar. Esses detalhes vão
se acumulando até o final aterrorizante.
Como em Sexto Sentido, muitas cenas passam a ter
outro significado quando chegamos ao final, a exemplo da sequência em que a
garota reclama de deslizes dos pais no trato com os empregados ou com seu
namorado.
Jordan Peele consegue discutir temas como racismo
sem ser panfletário ao focar muito mais no que realmente interesa: um roteiro
sem arestas, uma direção tecnicamente perfeita e em atuações memoráveis.
E, claro, Corra! lembra muito de um episódio de
além da imaginação. Não é por acaso, Jordan Peele foi convidado para comandar a
versão mais recente do programa.
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