Quando John
Byrne assumiu o título do Super-homem, ele reformulou o personagem e
simplesmente tirou do universo do personagem suas contrapartes, como Superboy e
Super-moça. Mas havia um problema: Superboy era essencial para o grupo Legião
dos Super-heróis. Afinal, todo o grupo se estruturava em torno da idolatria ao
superboy.
Para tentar
explicar essa incongruência, Byrne fez uma história em duas partes publicada
nos números 8 de Superman.
Na trama, o
herói está em Pequenópolis em um encontro com seus pais e Lana Lang quando
percebe que algo está acontecendo a pouca distância dali. Ao chegar lá
depara-se com a nave da Legião e, sem querer, a ataca com sua visão de calor.
Esse acidente leva a uma extensa batalha do Super-homem com a Legião que
reverbera a experiência do autor com a Marvel – ao contrário da DC, em que
todos eram amigos, na Marvel sempre que dois ou mais heróis se encontravam,
eles sempre caíam na porrada.

Byrne recria a primeira história da Legião.
Quando
finalmente as coisas são esclarecidas, Lex Luthor começa a relembrar a relação
deles com o Superboy – e Byrne recria, ponto a ponto, a primeira história da
Legião, em que eles convidam Superboy para fazer parte da equipe, mas ele falha
miservavelmente em todos os testes de admissão, o que era nada mais nada menos
que um trote de calouro.
A narrativa
prossegue até os dias atuais, quando Cósmico volta para o século XX, descobre
que a história da terra não bate com tudo que conheciam (reflexo direto da
reformulação feita por Byrne) e desconfiam que tudo é responsabilidade do
Senhor do tempo. A Legião tenta chegar à
Cidadela dele, no final dos tempos, mas, misteriosamente, acabam indo parar em
Pequenópolis, onde parte da equipe é atacada e aprisionada pelo Superboy. Os
que escapam entram na nave, que volta para Pequenópolis, onde encontraram com o
Super-homem.

O vilão explica a história para o leitor.
Confuso?
Muito. Para explicar esse imbróglio cronológico, Byrne inventa uma trama do
Senhor do tempo que envolve até a criação de uma terra paralela – com direito
ao próprio vilão explicando para o leitor tudo que está acontecendo, num
tremendo bife. Aliás, o que não falta na história são bifes.
O que
salvava Byrne é que a forma como ele narrava as histórias era tão agradável que
o leitor simplesmente esquecia todos esses problemas e embarcava na trama. Seu
traço elegante e sua narrativa visual limpa criavam uma espécie de pacto de
verossimilhança com o leitor.
Em tempo:
essa história foi publicada no Brasil em Super-powers 11, ocupando metade da
revista. A outra metade era uma trama da Legião que continuava os
acontecimentos da história anterior.

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