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sábado, março 30, 2024

Como se tornar um conquistador


 

Em todos esses anos escrevendo resenhas, há um único filme em que me lembro de ter gargalhado já na primeira cena: Como se tornar um conquistador, obra de 2017, dirigida por Ken Marino e disponível aqui pela Netflix.

Na cena em questão, o pai do protagonista Maximo está voltando para casa. Mas está tão cansado que acaba dormindo ao volante e atravessando a casa com seu caminhão, sob o olhar atônito da esposa e dos filhos.

- Eu estou bem! – avisa ele, antes do caminhão explodir.

Mais tarde, quando a família está dormindo no carro (já que não existe mais nada da casa), Máximo mostra para a irmã a capa de uma revista com um homem rico e sua esposa e diz que esse é o futuro que deseja para si.

- Mas esse homem deve ter trabalhado muito para conseguir tudo isso.

- Você não entendeu. Eu não quero o trabalho dele, eu quero o trabalho dela!

A cena pula para anos depois. Máximo é um homem bonito, musculoso, que arranca suspiros de todas as mulheres numa piscina. Com um lance repleto de sensualidade, ele mergulha na piscina e sai na frente de uma idosa que é a mulher mais rica do local.

Temos um novo corte e agora Máximo é o esposo da milionária e uma rotina de hedonismo. Ele não faz absolutamente nada e vive apenas para curtir a vida e ganhar presentes, como relógios e carros de luxo. Mas essa rotina é quebrada quando a esposa arranja um novo esposo, mais jovem.

É aqui que começa a história. Sem ter mais dinheiro e sem ter para onde ir, ele é obrigado a procurar a irmã, que vive sozinha com seu filho depois da morte do marido.

Apesar do estranhamento inicial, a relação entre eles vai se estreitando, especialmente de Máximo com Hugo, o garoto brilhantemente interpretado por Raphael Alejandro. O tio descobre que o sobrinho é apaixonado pela neta de uma mulher rica e vê nisso uma oportunidade de reconquistar a vida de luxo. Para isso ele precisa treinar o garoto para se tornar um conquistador. No processo, os dois acabam estabelecendo uma relação afetuosa.

Ken Marino transforma essa premissa em uma comédia escrachada misturada com drama e sensibilidade. E faz isso sem recorrer a moralismos. Vale também destacar o elenco principal, majoritariamente latino, algo raro em Hollywood em 2017.  

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