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domingo, agosto 03, 2025

Dylan Dog – Alguém chama do espaço

 


Umberto Eco não só foi um dos mais importantes pensadores do século XX como também um notório fã de quadrinhos. Assim, não é de se admirar que ele se tornasse também um personagem de HQs. Isso aconteceu graças à amizade do escritor com o roteirista Tiziano Sclavi, criador de Dylan Dog.

Na história, publicada no Brasil no número 7 do título (editora Mythos), um observatório recebe uma mensagem extraterrestre. Para decifrá-la é chamado o linguista Humbert Coe (o nome do personagem é um anagrama do nome real do escritor). Ele consegue decifrar uma parte da mensagem, que parece não fazer sentido algum. Quem mata a charada é a faxineira do local, uma imigrante africana: é o nome de uma cidade em Gales.

A história pula para meses depois, quando Dylan é chamado à cidade para investigar o desaparecimento de uma menina (a filha da faxineira).

A trama toda gira em torno da questão da língua universal e dos problemas de linguagem, como a compreensão equivocada do que é dito, algo representado pela torre de Babel – que, aliás, aparece na capa do volume.

A chegada de Dylan e Groucho brinca exatamente com o fenômeno do ruído na comunicação. A mulher que eles buscam tem o sobrenome de Jones, mas várias outras mulheres locais têm o mesmo sobrenome, o que gera uma comédia de erros com maridos querendo saber o que querem com suas mulheres (e Dylan achando que se trata da mesma mulher). Além disso, os dois forasteiros são confundidos com agentes oficiais ingleses, o que gera ainda mais problemas.

Cômico, lírico e filosófico, o volume traz todas as características das melhores histórias de Dylan Dog. E traz uma esperança, refletida nas falas de Umberto Eco: a de que um dia a humanidade possa se comunicar em harmonia. Talvez nesse dia estejamos preparados para nos comunicarmos com inteligências extraterrestres.

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