Em 1994 a Image Comics estava no seu auge e pagando verdadeiras fortunas para seus colaboradores. Foi nesse contexto que Alan Moore foi convidado por Todd McFarlane para produzir uma minissérie de Violador, vilão de Spaw. O resultado foi uma verdadeira obra-prima do humor ácido e da literatura fast food.
Alan Moore percebeu que personagens como aqueles não poderiam
ser levados a sério e produziu uma história em que o absurdo é a tônica.
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O tom da história é absurdo. |
Na trama, o Violador perdeu seus poderes de demônio e foi
transformado em um humano gordo com uma máscara de palhaço. Ele está prestes a
ser morto por mafiosos, que prenderam seus pés em um concreto e vão jogá-lo no
rio. Mas ele consegue se safar mordendo a gravata de um dos mafiosos e
levando-o consigo. Quando o mafioso aparece num banco de areia e os outros vão
socorrê-lo, temos o seguinte diálogo:
“Eu tô mal paca... tenho um buraco... na cabeça...”, diz
ele. “Um buraco? Nossa! De que tamanho?”, pergunta o outro. “Ah... bem grande”,
responde o mafioso enquanto uma mão sai de sua boca com uma arma apontada,
prestes a atirar.
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O punidor mata tudo que se move. |
Esse início dá o tom de humor absurdo a história.
Não bastasse isso, os acontecimentos são vistos pelos
irmãos do demônio, em poças de sangue humano (eles reclamam que o sangue O
positivo não permite uma boa imagem). Uma gaiola cheia de humanos garante que a
reposição. Entre os irmãos, destaque para o indeciso Vacilador com frases que
sempre começam de uma maneira e terminam de outra.
Se tudo isso não parecesse bizarro e absurdo o bastante, o
mafioso contrata um assassino profissional para matar o Violador. A primeira
aparição dele acontece em duas páginas, cada uma com cinco quatros horizontais
sob o ponto de vista do mafioso. “E então, com quem você quer que eu fale?”.
“Hm... deixe-me ver... Jake e Larry ali..”... Antes mesmo que o mafioso termine
a frase, o Punidor mata os dois para só depois descobrir que eles iam preparar
os slides com as fotos do alvo.
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Alan Moore fez o roteiro na forma de rafe. |
Quando o mafioso aconselha: “Seja como Teddy Roosevelt...
vá devagar e carregue um porrete bem grande”, o assassino começa a achar que Roosevelt
é o nome do alvo. E suas frases são do tipo: “Eu sou o Punidor... e estou aqui
para te dar um tremendo castigo!”.
O personagem, obviamente, é uma engraçadíssima sátira do
Justiceiro, que fazia grande sucesso à época. Alan Moore era muito fã da MAD e
podemos perceber aqui toda essa influência. Bart Sears, o desenhista, aproveita
muito bem esse aspecto cômico.
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O Punidor é uma sátira do Justiceiro. |
Uma curiosidade é que, contrariando seu método comum de escrita, aqui Moore fez o roteiro no formato rafe das páginas. Alguns desses rafes aparecem ao final do volume da edição da Abril, lançada em 1997.
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