O início da década de
50 nos EUA foi marcado pelo surgimento da editora EC. Contando com artistas do
porte de AlI Williamson, Wallace Wood e Krigstein, essa editora publicou
várias revistas que revolucionaram o terror e conquistaram a garotada. O
sucesso dessas publicações se estendeu ao Brasil. Várias editoras pequenas
publicavam e republicavam o material da EC, com sucesso. Entre 1952 e 1954,
dez novas revistas de terror foram lançadas. A cada ano, uma nova editora
entrava no mercado. Mas a fonte secou quando a EC Comics foi perseguida nos EUA
e as revistas de terror proibidas por lá. Sem material inédito e com um
público ávido por novas histórias do gênero, os editores foram obrigados a
contratar artistas nacionais. Começava a chamada fase de ouro da HQ brasileira
e aquela que ficou conhecida como Primeira geração de quadrinistas nacionais.
No começo, para não
afugentar os leitores, os editores pediam que os artistas assinassem com nome
americanos, para dar a impressão de que as histórias eram feitas nos EUA, depois
os autores foram aos poucos assinando seus nomes verdadeiros.
Editoras como a La
Selva conseguiram grande êxito, mas ninguém se arriscava a lançar uma revista
só de quadrinhos nacionais.
A virada, que realmente
marcaria a era de ouro dos quadrinhos nacionais, aconteceu em 1959, quando
Jaime Cortez e Miguel Penteado lançaram a editora Continental. A proposta era
publicar unicamente artistas nacionais, sem pseudônimos. As revistas da
Continental vinham com uma tarja verde-amarela com os dizeres: “Escrita e
desenhada totalmente no Brasil”.
O interessante dessa
fase é que boa parte dos seus principais artistas eram estrangeiros. Eugênio
Colonese era italiano, Rodolfo Zaíla era argentino, Jaime Cortez, português.
Além de lançar várias
revistas de terror, todas com sucesso, a editora também foi primeira a editar
as revistas de Maurício de Souza, com o gibi do Bidu (que na época era
protagonista e depois viraria personagem secundário da Turma da Mônica).
Um erro de um
funcionário da Junta Comercial fez com que a editora fosse obrigada a mudar de
nome. É que já existia uma outra empresa chamada Continental e, pior, em
processo de falência e cheia de credores. Para se livrar dos cobradores, o
jeito foi mudar o nome para Outubro (uma homenagem à revolução russa). Depois,
até esse nome teve de ser alterado, por que Victor Civita havia registrado
todos os meses do ano.
Segundo Gonçalo Júnior,
¨O começo da outubro foi marcado pelo idealismo e pela descontração dos
colaboradores, que dividiam seu tempo entre o trabalho nas revistas e a
reestruturação do movimento de nacionalização dos quadrinhos – que ganharia
força a partir de 1961¨.
É bem provável que esses
artistas viessem a transmitir suas experiências para uma nova geração,
contribuindo assim para a criação de um quadrinho genuinamente nacional.
Infelizmente esse processo foi abortado pela intervenção da ditadura militar, que
começou a perseguir as publicações nacionais de terror. Miguel Penteado chegou
a ser chamado pela polícia para dar explicações e foi pressionado a deixar de
publicar terror. A censura não poupava nem mesmo as histórias infantis. Exemplo
disso é o banho de chuveiro do Cebolinha, que foi cortado pelos censores.
Com isso, as revistas
foram sendo canceladas, ou perdendo qualidade e muitos dos melhores artistas
migraram para outras áreas, como a publicidade ou a ilustração de livros
didáticos.
Isso fez com que os
novos quadrinistas tivessem pouco contato com a primeira geração e tivessem que
começar tudo do zero. Isso certamente atrasou em muito a criação de uma
linguagem nacional de quadrinhos.
Posteriormente, na década de 1980 surgiu a revista Calafrio, a mais longeva revista de terror nacional, sendo publicada por mais de dez anos interrputos, junto com sua revista irmã, a Mestres do Terror.
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