Imagine se pessoas totalmente alheias ao cinema a ponto de
não saberem o que é ficção fossem obrigadas a fazer um filme. Essa é a premissa
se Saneamento básico, escrito e dirigindo por Jorge furtado e lançado em 2007.
A história se passa em um pequeno povoado do Rio Grande do
Sul habitado por descendentes de italianos. O local sofre com os dejetos
lançados num riacho e precisa urgentemente se uma fossa, mas a prefeitura não
tem dinheiro. Entretanto, o filho do prefeito conseguiu verba de edital para
fazer um filme é essa pode ser a solução. Se a produção fosse barata, o que
sobrasse seria usado para construir a fossa.
Começa a saga dos personagens tentando produzir o curta
metragem. O resultado é praticamente uma aula de como fazer um filme, mostrando
todas as dificuldades enfrentadas e as soluções encontradas.
Um ótimo exemplo e a construção do roteiro. A primeira
versão é um texto literário com várias cenas infilmáveis, que vai sendo, aos
poucos, modificado, geralmente para diálogos expositivos.
Há cenas hilárias, como a primeira em que a protagonista
anda próximo a trabalhadores e eles trocam o seguinte diálogo “Lá vem a Silene!”;
“Que Silene?”; “Silene Seagal!” da forma mais forçada e antinatural possível.
É justamente a falta de conhecimento dos realizadores que
torna tudo tão hilário e divertido.
Soma-se a Isso a forte crítica social, incluindo a cena em
que o prefeito, mesmo sem ter liberado um centavo, visita a obra como se fosse
uma realização sua e ainda deixa uma placa no local, o que acaba sendo a
solução para o problema da pinguela para atravessar um riacho, já que a placa
passa a ser usada como ponte.
A grande lição do filme parece ser como a obra pode mudar
uma comunidade e seus habitantes. A personagem Marina, interpretada por
Fernanda Torres, repete o tempo todo que o resultado não importa, pois o
importante é a construção da fossa, mas vai aos poucos se apaixonando pelo
filme.
É de se destacar o ótimo elenco formado por Fernanda
Montenegro, Wagner Moura, Camila Pitanga e Lázaro Ramos.

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