sábado, novembro 15, 2025

Saneamento básico

 


Imagine se pessoas totalmente alheias ao cinema a ponto de não saberem o que é ficção fossem obrigadas a fazer um filme. Essa é a premissa se Saneamento básico, escrito e dirigindo por Jorge furtado e lançado em 2007.

A história se passa em um pequeno povoado do Rio Grande do Sul habitado por descendentes de italianos. O local sofre com os dejetos lançados num riacho e precisa urgentemente se uma fossa, mas a prefeitura não tem dinheiro. Entretanto, o filho do prefeito conseguiu verba de edital para fazer um filme é essa pode ser a solução. Se a produção fosse barata, o que sobrasse seria usado para construir a fossa. 

Começa a saga dos personagens tentando produzir o curta metragem. O resultado é praticamente uma aula de como fazer um filme, mostrando todas as dificuldades enfrentadas e as soluções encontradas. 

Um ótimo exemplo e a construção do roteiro. A primeira versão é um texto literário com várias cenas infilmáveis, que vai sendo, aos poucos, modificado, geralmente para diálogos expositivos. 

Há cenas hilárias, como a primeira em que a protagonista anda próximo a trabalhadores e eles trocam o seguinte diálogo “Lá vem a Silene!”; “Que Silene?”; “Silene Seagal!” da forma mais forçada e antinatural possível.

É justamente a falta de conhecimento dos realizadores que torna tudo tão hilário e divertido.

Soma-se a Isso a forte crítica social, incluindo a cena em que o prefeito, mesmo sem ter liberado um centavo, visita a obra como se fosse uma realização sua e ainda deixa uma placa no local, o que acaba sendo a solução para o problema da pinguela para atravessar um riacho, já que a placa passa a ser usada como ponte.

A grande lição do filme parece ser como a obra pode mudar uma comunidade e seus habitantes. A personagem Marina, interpretada por Fernanda Torres, repete o tempo todo que o resultado não importa, pois o importante é a construção da fossa, mas vai aos poucos se apaixonando pelo filme.

É de se destacar o ótimo elenco formado por Fernanda Montenegro, Wagner Moura, Camila Pitanga e Lázaro Ramos.

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