Boa parte do
segredo do sucesso do Quarteto Fantástico na fase Stan Lee-Jack Kirby era um
ritmo frenético, com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e mais de uma
narrativa prendendo a atenção do leitor.
É o que
vemos, por exemplo, em Fantastic Four 54.
A história
começa com os heróis ainda no reino de Wakanda num torneio de beisebol
protagonizado por eles mesmos, depois numa noite de gala com um dos maiores
pianistas do mundo – numa sala do trono impressionante que só Jack Kirby
conseguia fazer, repleta de detalhes.
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Jack Kirby e suas splash pages repletas de detalhes. |
Mas os
heróis estão de partida e cada um recebe um presente. Sue recebe vestidos, Reed
uma vara de pescar sônica (o que quer que isso seja), Bem ganha um exercitador
e Wyatt Wingfoot ganha um livro sobre recordes mundiais. Mas o Tocha Humana
está triste e nenhum presente é capaz de alegrá-lo. A razão é a saudade de sua
querida Cristalys, que tinha ficado presa junto com os outros Inumanos numa
barreira criada por Maximus, o irmão louco de Raio Negro (e, enquanto
acompanhamos o Quarteto, acompanhamos também os inumanos tentando se libertar
da barreira).
Para ir
atrás de sua amada, o Tocha ganha um girocruzador. Aí vai a imaginação
prodigiosa de Stan Lee para criar máquinas estranhas e explicações absurdas. O
girocruzador, por exemplo, funciona através de um “elemento de tensão magnética
energizada por fricção”, o que quer que isso seja.
No meio do
caminho até onde os Inumanos estão presos, Tocha e seu amigo Wyatt se deparam
com ninguém mesnos que um cavaleiro medieval adormecido. Quando acorda ele se
revela como dententor do olho do mal, uma arma praticamente invencível.
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O flash back conta uma história alternativa. |
E vemos uma
daquelas sequencias de flash back memoráveis, em que a história do mundo é
recontada numa espécie de história alternativa, em que os tapetes mágicos da
pérsia eram, por exemplo, balões. Então, na mesma história de 20 páginas temos
a trama de Wakanda, a trama dos Inumanos e a trama do Olho do mal e no meio
disso, muita ação e cenas de tirar o fôlego. Nas mãos dos roteiristas atuais,
isso ia se estender por pelo menos 20 edições.
Nessa época,
Stan Lee ainda carregava muito de textos os balões, mas com o tempo isso seria
mais equilibrado.
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