quarta-feira, junho 18, 2025

Paris - guia de viagem

 



Paris é um principais pontos turísticos do mundo. E não é para menos. São tantas atrações que para ver tudo seria necessário um mês. Mas é possível conhecer os principais em uma semana.
Uma das dicas é otimizar o tempo, aproveitando que alguns locais são próximos. Por exemplo, o Arco do triunfo fica em uma ponta e na outra o Obelisco, a Praca da Concórdia e o Jardim de Tulheiras. E, entre os os dois, a Champ Elysees. Assim, é possível fazer todos esses no mesmo dia, saindo do arco. Perto da praça da Concórdia fica o museu do Louvre.
A dica é dar uma olhada no mapa e traçar um roteiro com pontos próximos para fazer no mesmo dia.
O metrô custa 2 euros e corta toda a cidade. O ticket tem validade de uma hora. Não jogue fora. Você vai precisar dele para sair (e nas poucas vezes que vimos um funcionário, foi para pedir para ver o ticket – se você tiver jogado fora o mesmo, deve pagar uma multa).  Nem sempre compensa. Para ir do Arco do Triunfo para o Obelisco, por exemplo, você vai ter que pegar o metrô, descer em outra estação e fazer conexão. No final, o tempo gasto será quase equivalente a ir a pé.
Aliás, cuidado com o metrô. O local é cheio de batedores de carteira. Minha filha foi roubada lá. Abriram a bolsa dela e por pouco não levam também o passaporte. Ao contrário de São Paulo, em que o metrô é um dos locais mais seguros da cidade, com vários seguranças e câmeras, no metrô de Paris é praticamente impossível encontrar um segurança ou um policial. É difícil até mesmo encontrar funcionários que possam dar informações.
Aliás, os batedores de carteira são comuns até em pontos turísticos famosos, como o Museu do Louvre e o palácio de Versalhes. Há várias placas indicando para que os visitantes tenham cuidado com seus pertences.
Outro golpe comum é pedir doações para uma suposta instituição de caridade. Enquanto a vítima preenche seus dados em uma prancheta, os ladrões mexem nos seus bolsos em busca de dinheiro 
Isso explica porque é tão comum encontrar turistas com pochetes cruzadas no peito: é uma forma segura de guardar objetos de valor.
A arquitetura da cidade é uma atração por si só. 

Os hotéis costumam cobrar por fora pelo café da manhã. Não vale a pena. O café é o famoso baguete, manteiga, café, leite (pouco) e um suco industrial. Os brasileiros, acostumados com o nosso baguete vão estranhar: o francês é um pão duro e seco.
Por um preço muito mais baixo você consegue um capuccino, um suco de laranja natural etc em locais como o Carrefour ou Franprix. Há vários no centro, com máquinas de café e de suco, feito na hora. O suco de laranja deles, aliás, é uma delícia. Não saia da França sem experimentar. Se onde você estiver não houver nenhum dos dois, coma em cafés, ainda são mais baratos que os hotéis. Esses locais, aliás, são uma boa opção para quem está com pouco dinheiro: é possível comprar várias comidas prontas (há micro-ondas para esquentar) e montar uma salada, por exemplo.
Os franceses andam com o pão baguete na mochila.

O baguete, a propósito, é uma instituição nacional. As pessoas compram e andam com eles para cima e para baixo. A embalagem de papel não cobre todo o pão, de modo que metade dele fica aparecendo. Vimos várias pessoas no metrô com baguete na mochila, metade dele do lado de fora.
Prepare-se para filas. Locais turísticos como o Louvre e Versalhes têm filas imensas (no castelo a média é de mais de duas horas de espera). Muitas pessoas levam o baguete ou um sanduíche para comer na fila, enquanto esperam para entrar.
Mas, além dos pontos mais convencionais, há vários outros, menos concorridos. Igrejas, por exemplo. Se a fila para entrar na catedral de Notre Dame, quando ela estava aberta, era imensa, é possível entrar em belíssimas igrejas góticas que pouca gente visita sem nenhuma dificuldade.
Abaixo alguns dos pontos turísticos.
Palácio de Luxemburgo
Um belíssimo palácio que foi residência da mãe de Luís XIII. Construído no século XVII, é uma bela construção, com jardim imenso, muito frequentado por franceses e turistas. É possível também apreciar os típicos crepes franceses. Em um dos pontos do palácio é possível ver bustos em homenagem a grandes pintores franceses.
O palácio fica próximo ao Panteão, então, programe-se para visitar os dois no mesmo dia.

Panteão
O Panteão era originalmente uma igreja dedicada a Santa Genoveva. Quando eclodiu a Revolução Francesa, o prédio foi transformado em um ponto histórico, onde são enterrados os grandes nomes franceses. Voltaire e Rousseau estão enterrados lá, um de frente para o outro. Ali também está o túmulo do famoso escritor Victor Hugo.
A arquitetura neo-clássica, por si só já é digna de nota, mas o local tem muitos outros atrativos. O edifício é no formato de uma cruz grega e tem várias pinturas e estátuas, inclusive dois conjuntos frente a frente: um em homenagem a Rousseau, outro em homenagem a Voltaire.
O altar foi ocupado por uma homenagem à Marianne, a deusa da razão e da liberdade.


A nave principal é curiosa: o altar foi substituído por um monumento em homenagem à revolução francesa (é possível ver, entre as estátuas, Danton, saudando Marianne, a deusa da razão e da liberdade). Um pouco antes temos o Pêndulo de Foucault, a experiência realizada por Jean Bernard Léon Foucault para demonstrar a rotação da terra.
O panteão é uma verdadeira viagem pela história e ciência francesas.
Ao lado do Panteão é possível visitar a belíssima a igreja Saint-Étiene-du-Mont, onde estão guardados os restos mortais de Santa Genoveva e do filósofo Blaise Pascal. Em estilo neo-clássico, a igreja se destaca também pelos belíssimos vitrais.
A fachada de pedra da catedral não foi afetada pelo fogo.


Catedral de Notre Dame
A Catedral está fechada ao público depois do incêndio, mas vale a visita. O fogo não danificou a estrutura que pode ser vista de fora. É um dos mais belos exemplos de arquitetura gótica, com as portas repletas de esculturas e as gárgulas. É o tipo de construção para ser apreciada em detalhes, por um longo tempo, pois há muita coisa para ver, mesmo na parte externa. A catedral fica numa pequena ilha, no meio do rio Sena, que corta a cidade, e divide a cidade.
Há várias lojinhas de lembrança nas redondezas. Uma dica: quanto mais distante da catedral, menores são os preços.
Próximo à catedral de Notre Dame há o hotel del Ville, outro ótimo exemplo da arquitetura francesa.

O Museu de Armas é visita obrigatória para quem gosta de história. 
Museu das armas
Originalmente criado como um hospital para os soldados que voltavam da guerra (estes podiam inclusive passar a morar no local), o palácio foi transformado em museu de guerra. Nos guias turísticos aparece como Museu dos inválidos, mas os parisienses só conhecem como Museu das armas. Para quem gosta de história é um local obrigatório.
As salas são temáticas mostrando como eram as guerras desde a pré-história à II Guerra Mundial. E não se trata de réplicas. Há armaduras etruscas, pontas de lanças da pré-história, armaduras gregas. 
O Museu tem muitas armaduras antigas, inclusive etruscas e gregas.

A parte dedicada à Idade Média é impressionante, com centenas de armaduras. Além das armaduras convencionais é possível ver armaduras infantis e para cavalos. A parte dedicada à primeira guerra mundial traz uniformes, armas, maquetes de trincheiras. Na seção da II Guerra Mundial há até um enorme míssil.


O local era cenário de inúmeras e caríssimas festas da nobreza. 
Palácio de Versailles
O palácio de Versalhes é o mais esplendoroso exemplo de arquitetura maneirista. Foi construído a mando de Luís XIV para abrigar os nobres que estavam perdendo seus feudos – e portanto seu poder – para o rei. Em troca, Luís XIV lhes oferecia um emprego na corte: muitas vezes esse emprego era apenas abotoar o vestido da rainha. 
Para isso ele transformou o pavilhão de caça de seu pai no mais luxuoso palácio do mundo. Esse luxo já pode ser observado no portão de entrada, todo revestido de ouro. 
A galeria dos espelhos é o local mais luxuoso do palácio

O ponto alto do palácio é a galeria dos espelhos, um salão de quase oitenta metros de extensão com 17 janelas, na frente de cada uma das quais há um enorme espelho (os espelhos na época eram caríssimos), que, junto com os candelabros criam um efeito de luz impressionante – fora as belíssimas estatuas. No palácio viviam, além do rei e da rainha, dois mil nobres em eterno luxo e festas. 
A cama do rei: o despertar do soberano era um espetáculo. 

O despertar e o recolher do rei eram assistidos por centenas de cortesão, em rituais tão importantes para a corte quanto o nascer do sol. Cada refeição do rei exigia a presença de quase 500 pessoas. O lago artificial era tão grande que permitia que os nobres passeassem em gôndolas. Era tanta água que para encher o lago foram necessários 30 mil soldados. Os gastos excessivos de Versalhes, aliados às dividas com a guerra, levaram o povo à penúria, provocando a revolução francesa.

O Louvre reúne algumas das obras de arte mais famosas de todos os tempos.

Museu do Louvre
Uma dica: compre ingresso antecipado e vá cedo.
O Museu abre 9 horas da manhã. Esteja lá na frente, com seu ingresso e se prepare para sair tarde. É muita coisa para ver em um dia.
Assim que os portões abrem é uma correria para chegar até a Monalisa. Há um cordão de isolamento de quase dois metros em volta do quadro e uma verdadeira multitão em volta.
Mas o Louvre vai muito além da Monalisa. Há obras-primas de todas as fases da história da arte (aconselho a dar uma lida em algum livro básico sobre o assunto antes de visitar o Museu).
Uma multidão se aglomera para ver a Monalisa.

Destaque para os enormes quadros de Delacroix, o pintor mais famoso da França e o homem que definiu o romantismo na arte.
Há também uma variedade imensa de estátuas romanas, egípcias, etruscas e gregas, além de estátuas francesas, da época do absolutismo.
Destaque também para o luxo dos aposentos de Napoleão III, que usou o Louvre como Palácio.
Os quadros mais famosos de Delacroix estão no Louvre. 

Do lado de fora há a famosa pirâmide, e, ao lado da pirâmide, quase esquecida, uma estátua de Luís XIV montado num cavalo realizado pelo arquiteto italiano Gian Lorenzo Bernini. Como se tratava do rei sol, a estátua foi pensada de modo que fica sempre na direção do astro – em algumas horas do dia o sol fica exatamente atrás da cabeça do rei.
Como vai passar o dia inteiro no Museu, uma boa dica é comer um lanche em um dos cafés nas laterais do palácio.

O D´Orsay é especializado em arte moderna.

Museu D´Orsay
Se o Louvre é o paraíso da arte antiga, barroca, romântica, o Museu D´Orsay é o ponto alto da arte moderna em Paris. Há muita coisa, por exemplo, dos impressionistas: Degás, Renoir, Monet.
Mas a grande atração é a sala dedicada a Van Gogh. Completamente ignorado em vida (ele só conseguia vender quadros para o próprio irmão), ele se tornou uma verdadeira sensação atualmente. Turistas correm para ver suas obras. Na mesma sala há quadros de Gaugan, com o qual o pintor holandês morou durante algum tempo.
O polêmico quadro "Almoço na relva" faz parte da coleção do Museu.

Há também vários quadros de artistas realistas, como Millet e até mesmo o famoso e controverso Quadro A Origem do mundo, de Gustave Courbet (conhecimento pela maioria das pessoas por ter sido censurado pelo Facebook).
Falando em polêmica, nada causou mais polêmica na época do que os quadros de Manet, também presentes no Museu. Dois exemplos são Olímpia e Almoço na relva. Os conservadores da época acusaram o artista de indecência por colocar mulheres nuas em seus quadros. O nu era comum nas artes, mas era um nu idealizado, de deusas gregas. Manet colocou mulheres de verdade em suas obras e por isso provocou a ira dos consevadores. Olimpia se tornou tão famosa que ganhou releituras, como a de Gaugan, também presente no Museu.
O Museu também tem vários quadros de simbolistas e uma série de belíssimas estátuas.
O arco do triunfo foi construído a mando de Napoleão para enaltecer suas vitórias militares.

Arco do triunfo
O Arco do triunfo é um monumento para o qual convergem algumas das principais ruas de Paris, incluindo a famosa Champs-Élysées. Ele foi começou a ser construído em 1806 por ordem de Napoleão Bonaparte para comemorar suas vitórias militares.
O arco era o ponto de partida dos desfiles militares franceses após capanhas vitoriosas.
Um dos destaques do monumento é o alto relevo O Triunfo de Napoleão. Realizado por Cortot, representa a paz e a conquista napoleônica, alcançados pela celebração do Tratado de Viena. A imagem é uma alegoria, com o imperador francês sendo coroado pela Vitória e reverenciado pela extinta Monarquia.O arco fica no centro da praça Charles de Gaulle.

Na Champs-Élysées ricos fazem fila para entrar nas lojas mais caras do mundo. 

Champs-Élysées
Essa é a avenida mais chique de Paris e um dos metros quadrados mais caros do mundo. O nome faz uma referência ao paraíso dos gregos antigos. É nessa avenida que estão os cafés e restaurantes mais caros de Paris, assim como as lojas mais elegantes (a loja de Louis Vuilton tem fila para entrar). O cenário é belíssimo em especial graças às castanheiros-da-índia. Nos dois extremos dessa rua de aproximadamente dois quilômetros temos, de um lado o Arco do triunfo e do outro a Praça da concórdia.
Praça da Concórdia é o local onde nobres eram guilhotinados durante a Revolução Francesa. 

Praça da concórdia
Essa praça tem um forte significado histórico. Era aqui que eram guilhotinados os nobres durante a revolução francesa.
Inicialmente chamada praça Luis XV, a praça foi construída em homenagem a esse monarca francês.
Em 1792 a estátua do rei que havia no local é derrubada e o local passa a se chamar praça da revolução.
Após a fase do terror revolucionário, a praça é rebatizada de Praça da concórdia.
O obelisco no centro da praça veio de Egito e anteriormente ornava o palácio de Ramsés II em Tebas. A praça tem também duas belíssimas fontes construídas pelo arquiteto Jacques-Ignace Hittorff em homenagem à marinha francesa.




Jardim de Tulherias
O Jardim de Tulherias fica ao lado da Praça da concórdia. É um parque enorme construído a mando de Catarina de Médicis, no século XVI, para adornar o seu palácio. Nesse jardim fica o Musée de l'Orangerie, especializado em arte impressionista e pós-impressionista.



A ponte de Alexandre é adornada por várias estátuas. 

Ponte de Alexandre
Essa ponte liga o bairro dos inválidos aos Champs-Élysées. O nome é uma homenagem ao czar Alexandre III, com o qual a França acabara de assinar uma aliança. É provavelmente a mais bonita ponte de Paris, totalmente ornamentada com belíssimas estátuas e ornamentos. Em cada lado da ponte há um conjunto de estátuas, as famas: Na margem direita estão a "Fama das Ciências" e a "Fama das Artes". Na margem esquerda a "Fama do Comércio", de Pierre Granet e a "Fama da Indústria. A ponte é tão bonita que foi cenário para diversos filmes, entre eles Meia-Noite em Paris. Nas proximidades da ponte deo Alexandre há dois Museus, o grande palácio e o pequeno palácio. Este último é gratuito.


A basílica fica no ponto mais alto de Paris.

Basílica de Sacré-Cœur
A Basílica de Sacré-Cœur (Sagrado Coração) é uma das mais famosas igrejas de Paris. Construída no final do século XIX, ela resgatou a arquitetura romana e bizantina, com paredes sólidas.
A igreja é adornada com belíssimos vitrais, pinturas e esculturas – e uma réplica do santo sudário. E, embora tenha um estilo arquitetônico oposto ao de Notre Dame, também tem várias gárgulas que podem ser vistas na lateral do prédio.

A basília fica no alto do Monte Martre, o local mais alto de Paris e de lá é possível observar toda a cidade. Nos arredores há dezenas de lojas de lembrancinhas, café, restaurantes e quiosques nos quais são vendidos os tradicionais sanduíches parisienses, com pão baguete. 

Livro O roteiro nas histórias em quadrinhos

 


 

Neste livro sobre roteiro para HQ, o neófito pode encontrar todas as dicas para se tornar um roteirista de qualidade. Escrever quadrinhos, ao contrário do que muitos pensam, exige esforço, dedicação e preserverança. Exige também muita leitura. O primeiro passo é ler este livro. 

Valor: 25 reais (frente incluso). Pedidos: profivancarlo@gmail.com. 

El Greco - Cristo carregando a cruz

 


El grego é o mais importante nome do maneirismo na pintura.
O maneirismo é um movimento intermediário entre o racional renascimento e o emocional barroco.
No maneirismo, o tema principal deixa de ocupar o centro do quadro, quebrando com a estrutura certinha e rígida do renascimento. Além disso, a imagem deixa de ser delineada de maneira clara, abrindo espaço para a linha esfumaçada do barroco.
El Grego usou as características do movimento para imprimir uma qualidade transcendental aos seus quadros religiosos. E acrescentou mais um item: a proporção anatômica distorcida. Suas figuras santas eram alongadas, mostrando que estavam mais próximas do mundo espiritual que do mundo material.
Nesta imagem de Cristo carregando a cruz, embora não seja possível ver seu corpo, é possível advinhar sua estatura elevada pelas mãos de dedos alongados. Além disso, o rosto de Jesus, que em obras do renascimento teriam ocupado o centro do quadro, aqui se desloca para a parte superior.

Perry Rhodan – A frota dos saltadores

 



Escrito por Kurt Mahr, o volume 29 da série Perry Rhodan mostra os terranos em pleno embate com os saltadores cósmicos.

Esses vilões da série haviam aparecido na edição anterior, quando Rhodan, ansioso em saber quem estava aprisionando as naves da terceira potência, colocara um sinalizador no cadete Tifflor e dera a entender que ele levava consigo uma mensagem importante. A nave de Tifflor fora aprisionada pelos saltadores e o livro inicia quando a frota terrestre chega para salvar o rapaz e o restante da tripulação.

O interessante do volume é que pela primeira vez os saltadores são descritos em detalhes: “Pela sua origem, os saltadores podiam ser considerados uma raça arcônida. No que diz respeito à tecnologia, eram iguais, se não superiores aos arcônidas, senhores do império galáctico. Eram seres estranhos. Não tinham pátria; viviam nas naves em que viajavam pela galáxia. Viam a finalidade da vida em praticar o comércio e impedir que qualquer outro ser o praticasse. Reinvidicavam o monopólio do comércio intergaláctico. Por mais abertas que suas mentes fossem para o Universo, afirmavam com um fervor verdadeiramente religioso que no começo de sua história uma lendária divindade lhes havia concedido o monopólio do comércio intergaláctico”.

Esse volume é, provavelmente, um dos primeiros, senão o primeiro, em que Perry Rhodan é praticamente um personagem secundário. Quem se destaca aqui é o cadete Tifflor, que mesmo sendo um iniciante, revela inteligência e capacidade de liderança. Durante a batalha, sua pequena nave acaba caindo num planeta de gelo, e usando os pouquíssimos recursos que lhe restam, ele ainda consegue subjugar os saltadores que vão em seu encalço.

A estratégia de dar destaque a um personagem secundário revelou-se extremamente inteligente em uma série que atualmente conta com milhares de exemplares. Se todos os volumes fossem centrados em Perry Rhodan, não haveria quem tivesse paciência para ler. 

A capa alemã mostrava uma cena do volume, ao contrário da edição brasileira. 


Uma curiosidade é a capa do volume, baseada na capa da edição americana. Embora mostre um belo desenho de Gray Morrow, trata-se de uma imagem genérica que não tem mínima relação com o conteúdo. É possível que Morrow quisesse mostrar os vilões do livro, mas se essa era a ideia, errou miseravelmente: os saltadores tinham cabelos e barbas longas, enquanto que o personagem representado é careca.

Capitão América de John Byrne

 


No início da década de 1980, a Marvel resolveu trocar a equipe do título do Capitão América. Para desenhar chamaram uma estrela em ascensão na editora, John Byrne. Para escrever, colocaram o próprio editor do título Roger Stern, um estreante nos roteiros.
Essas histórias marcaram época e foram reunidas no volume sete da coleção Os heróis mais poderosos da Marvel.
A dupla começa desfazendo uma cagada de roteiristas anteriores, segundo os quais, na verdade o personagem era descendente de aristocratas, e não um garoto pobre de Nova York na época da recessão.
A primeira história é justamente o Capitão achando seu diário na Shield e descobrindo que a história da família aristocrata eram memórias falsas implantadas pelo governo norte-americano para proteger sua verdadeira identidade caso ele fosse aprisionado. Enquanto isso, Barão Strucker foge da prisão e invade a Shield com o objetivo de matar o sentinela da liberdade.
Roger Stern exagerava nos diálogos. 

Posteriormente o Capitão enfrenta o Homem-dragão e Mecanus e depois impede que Mister Hyde destrua Nova York. Nesse meio tempo ainda encontra tempo para abdicar de ser candidato à presidência.
John Byrne parecia à vontade desenhando o Capitão, um personagem criado pelo seu ídolo, Jack Kirby (eu me pergunto porque a Marvel não deu o personagem para o Byrne quando ele já estava famoso). Roger Stern, no entanto, nem sempre se saía bem. Ele exagerava no texto, muitas vezes deixando pouco espaço para os desenhos. Sua caracterização do personagem, no entanto, era perfeita: justo, honrado, democrata, um verdadeiro exemplo a ser seguido. Stern também introduz uma personagem nova, Bernie Rosenthal, uma das primeiras personagens dos quadrinhos declaradamente judias – e que viria a ser melhor desenvolvida por JM DeMatteis na fase seguinte.
Uma das melhores capas dessa série.

Mas a história realmente engrena quando começa a saga hoje conhecida como “Seu ódio se chama sangue”. Não por acaso, essas histórias são co-roteirizadas por John Byrne, que aqui ganha espaço para mostrar o ótimo narrador gráfico que iria se revelar.
Na trama, o Capitão viaja para a Inglaterra a pedido de Union Jack, um velho amigo dos tempos do grupo Os invasores. Ali estão acontecendo vários assassinatos e o velho herói acha que são obra de seu irmão, o vampiro nazista Barão Sangue. A história é cheia de ação e reviravoltas. E tem John Byrne em ótima forma. A capa que ele faz para o número 254 da revista, com o vampiro pulando sobre o Capitão enquanto o envelhecido Union Jack tenta se levantar da cadeira de rodas é simplesmente memorável e resumia muito bem todas as maiores qualidade da série.
Infelizmente, Roger Stern brigou com o chefão da Marvel, Jim Shooter, e saiu da série. A razão é que Stern queria desenvolver tramas mais complexas para o Capitão e Shotter queria que as sagas não se alongassem muito. E, Byrne se concentrou nos X-men, que o tornariam a grande estrela do mercado americano.  
Entretanto, essa série é até hoje apontada como um dos melhores momentos do personagem.

Neil Gaiman em Conhecimento Prático Literatura

 

Neil Gaiman foi um autor que iniciou nos quadrinhos, mas se tornou uma sensação na literatura. Muitos de seus fãs literários nem mesmo conhecem sua trajetória nos quadrinhos. Foi para dar uma ampla visão desse grande autor que publiquei na revista Conhecimento Prático Literatura 24 a matéria “Neil Gaiman: o escritor dos sonhos”. No texto eu falo do início da carreira do premiado roteirista, em Sandman e Orquídea Negra, e a analiso suas incursões literárias e os vários prêmios conseguidos. 

Coleção histórica Marvel: Mestre do Kung Fu

 



Esta é, provavelmente, a série mais aguardada da coleção histórica Marvel. Afinal, o Mestre do Kung Fu era um dos personagens mais queridos pelos leitores e estava fora das bancas há muito, muito tempo.
Este volume reúne as primeiras histórias do personagem que, criado na onda dos filmes de Kung Fu, sobreviveu à moda e se tornou uma das revistas mais longevas da Marvel, sendo publicada por mais de uma década.
Shang Chi foi criado por Steve Englehart e Jim Starlin, dois dos artistas mais revolucionários da época em que os hippies tomaram conta da Marvel. Os dois viram no sucesso do seriado Kung Fu, com David Carradine, a chance de criar uma série sobre filosofia oriental e procuraram o editor, Roy Thomas, que os alertou que a série pertencia à Warner, que não só não autorizaria a adaptação, como ainda poderia alertar a DC para lançar o gibi.
De alguma forma, a DC soube da história e o Publisher da editora, Carmine Infantino, teria dito: “Se eles lançarem Kung Fu, nós fazemos o Fu Manchu”.
O personagem foi criado por Englhehart e Starlin com o objetivo de introduzir filosofia oriental nos comics. 


Fu Manchu era um vilão clássico dos pulp fictions e cairia bem nessa nova onda de interesse pelo oriente. Alguém alertou Roy Thomas sobre isso e este comprou os direitos sobre Fu Manchu.
Assim, quando a nova revista foi lançada, seu protagonista, Shang Chi, seria um filho de Fu Manchu rebelado contra o pai. Essa união deu à série características próprias, misturando artes marciais com espionagem e uma relação conflituosa entre pai e filho numa época em que todas as histórias de sucesso tinham essa característica (a exemplo de Star Wars).
Starlin, Englehart e Al Milgrom aparecem na segunda história como viciados. 


Englehart e Starlin ficaram pouco tempo no título, mas providenciaram as bases para o estilo da revista. As histórias sempre iniciavam no auge da ação e flash backs contavam como se chegou ali. Além disso, o texto, poético, ecoavam a estética dos koans: “A espada do samurai canta atrás de mim como a canção de um beija-flor”. Starlin fazia sequências de ação com letras chinesas ao fundo. Parecia que os dois estavam tentando se afastar do estilo dos super-heróis e se aproximar de alguma outra estética. Ainda assim, soava estranho, em especial os desenhos de Starlin, que sempre foi melhor desenhando sagas estelares.
A revista só ganhou vida própria com a entrada de Paul Gulacy. Apesar do desenho inconstante, muitas vezes calcado no estilo de Jack Kirby e com erros de anatomia e perspectiva no início, ele logo mostrou que era o artista ideal para o projeto. 
O título só ganhou identidade com a entrada de Paul Gulacy. 


A sequência em que o herói sofre uma alucinação provocada por uma droga misturada com gasolina por seu pai (em um dos planos mirabolantes para escravizar os Estados Unidos) é um dos grandes momentos do álbum. Englehart não se atreveu nem mesmo a colocar texto na imagem, deixando que o desenho transmitisse tudo que a história pedia.
Posteriormente estaria formada a dupla clássica com a entrada do roteirista Doug Moench (antes disso haveria uma desajeitada história escrita por Gerry Conway, que parecia não ter entendido o personagem). Moench a princípio imitou o estilo de Englehart, mas aos poucos foi construindo seu próprio estilo.
Este álbum certamente vai agradar aos saudosistas e apresentar o personagem a toda uma nova geração que infelizmente não o conhecia. Por si só já teria o seu valor. De negativo, apenas a falta de textos explicativos e históricos. Considerando-se o tempo que o personagem não é publicado aqui, esses textos seriam de grande valor.