Certa vez, na feirinha do bairro da Liberdade me deparei com
uma mulher pegando uma figura de Buda numa banquinha e perguntando: “Esse é o
deus de vocês?”.
Essa é uma confusão comum às pessoas que não conhecem o
budismo.
Buda não é deus. A palavra Buda significa aquele que
despertou. O primeiro Buda foi Sidarta Gautama, mas depois dele vieram muitos
outros budas, pessoas que alcançaram a iluminação, um estado de cessação do
sofrimento.
Na verdade, todos nós somos Buda, pois há, em todos nós, a
semente da iluminação, o que ocorre é que a maioria das pessoas não tem
consciência disso.
Há uma história zen sobre um homem que encontrou um amigo de
infância e este tinha se tornado um mendigo. Sensibilizado pela situação do
outro, ele o convidou para jantar num restaurante.
O outro estava tão esfomeado que ao final da refeição acabou
adormecendo. O amigo precisava ir embora e não quis acordá-lo, mas resolveu
colocar em seu bolso uma pedra preciosa imaginando que o amigo a venderia e
usaria o dinheiro para melhorar de vida.
Um ano depois ele encontrou com o rapaz e ele ainda era um
mendigo. “Como assim? Por que você não usou a pedra preciosa que coloquei em
seu bolso?”.
O outro nem mesmo tinha percebido que andara como mendigo um
ano inteiro tendo em seu bolso uma verdadeira fortuna. A história é usada para
exemplificar as pessoas que não são capazes de perceber a sua natureza búdica e
vivem suas vidas cegas a isso.
Esse aspecto do budismo é ressaltado no zazen. A reverência
não é feita para Buda, mas para o centro da sala, para os outros que irão
meditar. Essa reverência significa: “O Buda que está em mim saúda o Buda que
está em você”.
Sem comentários:
Enviar um comentário