Na era de prata, os quadrinhos tinham que
seguir os rígidos limites do Comics Code, o que, por exemplo, criava um problema
para cenas de ação, já que as tramas não podiam ser muito violentas. Imagine o
problema que isso representava para os roteiristas, ainda mais para um
personagem poderoso como o Homem de aço. A solução era abusar da criatividade e
do inesperado, como na história apresentada em Action Comics 274, escrita por
Jerry Siegel e desenhada por Kurt Schaffenberger.
Na trama, o Super leva Lois Lane para a
fortaleza da solidão, para que ela presencie uma experiência cujo objetivo é
descobrir um antídodo para a kriptonita.
Para funcionar, a experiência precisa de pensamento positivo.
A sequência hoje parece risível: o herói
coloca um capacete nele e em Lois e pede que a repórter visualize mentalmente o
experimento sendo bem sucedido. Isso que eu chamo de ciência freestyle!
Mas algo dá errado e o laboratório explode. O
Super fica preso embaixo dos escombros e é Lois que o ajuda a se libertar. O
que aconteceu é que os poderes foram transferidos para Lois Lane, que passa a
atuar como uma super-heroina com uniforme verde. Enquanto ela realiza proezas,
o super continua andando por aí, vestido com o uniforme, mas numa atitude
derrotada, os ombros baixos.
Lois Lane começa a atuar como heroina usando um uniforme vermelho.
O curioso é que a situação cria um drama para
a jornalista: Ela continuaria amando o Super-homem mesmo depois dele ter
perdido seus poderes?. Pior: agora que ela era super-poderosa, poderia amar um
homem fraco?
Para tirar a prova, ela as encontra com
vários homens atraentes: um astro de cinema, um príncipe estrangeiro etc.
Lois ainda ama o Superman? Para tirar a prova ela se encontra com homens bonitos.
Outro drama é representado no pensamento de
Lois, logo depois dela salvar a cidade de um maremoto: “Pobre Superman! Seu
orgulho está ferido!”.
Além de ser uma história divertida, a HQ
revela muito sobre os papéis de homens e mulheres na sociedade da década de
1960. Pouco tempo depois essa estrutura social seria abalada pela geração
hippie, o que faria com que o personagem se tornasse anacrônico.
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