Ajuricaba foi um líder
indígena que, em pleno século XVIII, combateu os portugueses, chegando a
dominar a região do Amazonas a ponto de se declarar governador do Rio Negro.
Sua importância história é tão grande que sua tribo, os manao, deu origem à
capital do Amazonas, Manaus.
É a história desse
personagem histórico que Ademar Vieira (roteiro), Jucylande Júnior (desenhos) e
Tiê Santos (arte-final) contam no álbum Ajuricaba lançado pelo selo Black Eye
em 2020.
O que impressiona na
história é a qualidade do roteiro. A história é fluída, magnética, do tipo que
só largamos na última das 130 páginas do álbum. Os desenhos, simples, mas
expressivos, se destacam principalmente pela força narrativa. É a arte a
serviço da história.
Os portugueses faziam incursões pela floresta para escravizar índios. Isso provoca a ira de Ajuricaba. |
E história é o que não
falta. A vida de Ajuricaba é interessantíssima. Seu pai, líder dos manaó, era
aliado dos portugueses, mas quando vai cobrar destes o fato de terem atacado
uma tribo aliada para prender escravos, acabou sendo mortos por esses. Da mesma
forma, também filho de Ajuricaba foi morto durante um ataque poruguês – o que
levou o herói indígena a sua jornada de vingança e libertação.
O Ajuricaba da história em
quadrinho não é apenas um personagem histórico. O roteiro o humaniza, mostrando
sua relação meiga com o filho e a esposa e o forte impacto da visão dos índios
sendo levado escravizados exercia sobre ele. Além disso, o roteiro explora seu
lado de estrategista militar em sequências empolgantes de guerra.
A história humaniza o herói indígena. |
Mas a HQ não o trata
apenas como herói. Aspectos controversos do personagem, como o fato dele ter
escravizado tribos rivais para trocá-las por armas com os holandese também são
mostrados.
Os portugueses
empreenderam uma dura repressão, que levou ao extermínio total da tribo manao,
de modo que toda a sua cultura e até sua língua se perdeu. Mas Ademar Vieira
resgata algumas das poucas palavras das quais sobraram registros para usá-las
na história, dando um ar ainda mais verossímil à HQ.
O lado controverso de Ajuricaba também é mostrado. |
Outro acerto foi
introduzir uma trama paralela com o garoto Teodósio, um índio cristianizado que
era tiranizado por um padre. A última página da história o mostra tirando as
roupas europeias e entrando na floresta. Dessa forma, o álbum linka a revolta
de Ajurucaba com a revolta liderada por Teodósio, um personagem real.
Ajuricaba é um dos
melhores quadrinhos nacionais que li recentemente. O tipo de história que
merecia leituras e releituras e por isso mesmo merecia também uma edição
especial, com capa dura. Há tantas histórias ruins por aí sendo publicadas em
capa dura, papel especial que não valem metade desse álbum nacional.
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