Em Macapá onde moro só
existiu até hoje um sebo (que já está fechado há anos).
O dono nunca tinha entrado
num sebo e só abriu o estabelecimento porque alguém havia lhe dito que esse era
o tipo de loja que não existia na cidade.
Eu sempre ia lá, comprava
alguma coisa para estimular e dava algumas dicas.
Um dia cheguei e todos os
gibis tinham desaparecido da prateleira. Depois de muito procurar, achei uma
caixa cheia de gibis. Nada minimamente raro, a maioria da fase final da Abril,
quando voltaram a publicar em formatinho (uma fase que fez pouco sucesso com os
fãs). Mas todas elas estava com etiquetas de preço na capa com preços que
variavam de 100 a 500 reais, aparentemente colocadas de maneira aleatória, sem
qualquer critério.
Perguntei para o dono o
que significava aquilo.
Ele me respondeu que alguém tinha lhe dito que gibis valorizavam
muito, então ele tirou todos da prateleira e deixou-os guardados na caixa até
que valorizassem o equivalente àqueles preços que ele tinha colocado.
Expliquei pacientemente
que: 1) ia levar décadas para que aqueles gibis valorizassem e não havia
nenhuma certeza de que realmente chegariam a valorizar tanto algum dia; 2)
qualquer um que se dispusesse a comprar um gibi por um valor tão alto iria
querer ele em estado perfeito de conservação, e nunca aceitaria pagar um valor
alto por uma revista estragada pela presença de uma etiqueta de preço na capa.
No dia seguinte todos os
gibis estavam de volta à prateleira com o mesmo preço de antes.
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