Consegui com
amigos algumas preciosidades: os desenhos animados de Jornada nas Estrelas,
Planeta dos Macacos e Flash Gordon. Todos foram produzidos pela Filmation, a
mesma que depois ficaria famosa com os desenhos de He-mam e She-ha.
A Filmation
conseguia ser particularmente irritante quando queria fazer desenhos
humorísticos. Alguns devem se lembrar de pelo menos umas três séries em que os
personagens andavam duros e tocava uma musiquinha repetitiva de fundo, algo
como íon íon íon...
Mas era uma boa
produtora de desenhos mais sérios, especialmente de Ficção-científica.
O desenho de
Flash Gordon é relativmente fiel à série de Alex Raymond, o que talvez seja um
defeito. Flash Gordon é uma space opera, um tipo de ficção que se sustentava
com um perigo a cada tira e um monstro a cada semana. Aprofundamento de
personagens ou tramas mais elaboradas, nem pensar. A série da Filmation pega
exatamente esse clima juvenil de catarse em que um herói vence todos os perigos
e ainda conquista todas as moças bonitas que passam pela sua frente. Uma única
mudança estranha é o visual da filha do vilão Ming. Nos quadrinhos ela é uma
gata com saias esvoaçantes semi-transparentes. Nos desenhos ela parece um
protótipo de She-ha.
Em Flash Gordon
eles repetem à exaustão uma cena em que o herói corre na direção da câmera. Ela
obviamente foi feita com uma técnica, a rotoscopia, em que se filma atores e
depois se desenha em cima, o que dá um ar realista. Ficou tão bom que depois
eles repetiram a mesma cena em He-man e Tarzan, só mudando os personagens e o
fundo.
Bem melhor é a
série animada de Jornada nas Estrelas. Produzida pelo mesmo pessoal que fazia a
série live-action, ela tem todos os elementos do original, mais o charme da
animação. Há epsiódios pavorosos, como O vulcano infinito, que lembra muito um
episódio da série original, o cérebro de Spock. Na história, seres vegetais
raptam spock para cloná-lo em tamanho gigante e transformá-lo numa espécie de
campeão da paz na galáxia. Lamentável. Mas também há bons episódios, como
Perdido no esquecimento, que explora a infância de Spock e suas dúvidas sobre
seguir mais sua origem vulcana ou humana. Há episódios divertidos, como O
computador humorista, ou Mais pingos, mais problemas e outros mais críticos
como A mágica de Megas-tu. Outros são muito criativos, como Paralelos, em que a
Enterprise vai parar em uma dimensão em que tudo é ao contrário.
No final, entre
mortos e feridos, salva-se todos. Pelo menos para os fãs.
Infelizmente o
desenho só teve 22 episódios produzidos. As histórias, apesar de algumas
concessões, eram adultas demais para crianças e os adultos não tinham costume
de assistir a desenhos animados. Também pesou negativamente o fato de que a
série foi transmitada em horário ruim, de manhã, na hora do trabalho, quando os
fãs não podiam assistir.
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