segunda-feira, janeiro 09, 2023

Monstro do Pântano – Revoada de corvos

 


Alan Moore revolucionou os quadrinhos de terror no Monstro do Pântano, levando o gênero a um novo nível. Se pudéssemos escolher uma história que é ápice desse novo tipo de terror seria Revoada de Corvos, publicada em Swamp Thing 48.

A história começa com uma página com 16 quadros em que corvos vão cobrindo a imagem até que ela se torne totalmente preta. O texto, refletindo os pensamentos de John Constantine, dizia: “Eu vi corvos. Vindos do leste. Parecendo uma pesada nuvem de tempestade. Sinal de má sorte. Uma tremenda nuvem azarenta”.

A sequencia, de apenas uma página, é uma demonstração perfeita de como Moore sabia trabalhar com a simbologia da história para criar um sentimento de inquietação.

A sequência inicial é impressionante. 


Essa inquietação aumenta ainda mais na página seguinte, quando Constantine acende um fórforo e temos um vislumbre das paredes da caverna, repeleta de caveiras de animais estranhos, corpos e víboras entrelaçadas.

O fósforo apaga e quando surge uma nova imagem é um flash back com a volta da personagem Judith, que estava desaparecida. Ela explica que a mãe de Benjamim Cox o expulsou “Falou que estava farta de ver o filho sair por aí com gente estranha e esquisita!”. Por outro lado, a irmã Anne-Marie Marie desapareceu.

O jeito será enfrentar a bruxaria com o grupo composto apenas por John, Frank, Judith... e o Monstro do Pântano. O plano é simples: o monstro se infiltra na caverna usando o verde, enquanto os humanos eliminariam os bruxos em fuga.

Mas tudo dá terrivelmente errado.

Uma magia poderosa impede a aproximação do Monstro Do Pântano.

Constantine em apuros. 


Constantine é atacado por um invunche (um ser com o corpo ao contrário) e quando acorda, está acorrentando num poço. Judith mata Frank e joga sua cabeça no poço. “O invunche me atacou de surpresa em Londres. Me deram uma escolha, ou eu me juntava a eles... ou acabava como Emma”. Eles prometeram transformá-la em pássaro, o pássaro que transportará uma pérola negra, o destilado de todo medo, incerteza e crença no sobrenatural coletado durante a saga Gótico Americano.

O processo de transformação é terrível. Ela vomita as tripas, até que sobra apenas a cabeça. Do seu pescoço surgem patas. “Abrirão caminho raspando e causando dor”, explica o bruxo. Uma cauda surge da nuca, a boca se transforma num bico.

No final,  o Monstro do Pântano consegue entrar na caverna, mas prefere salvar Constantine, deixando que o corvo voe levando sua mensagem. “O azar vai nos pegar a todos...”, diz Constantine. “Cada um de nós”.

Se esse final já não fosse impactante o suficiente, a história volta ao hospital Elysium, onde trabalha Abbe Cable e vemos ela sendo presa em decorrência de seu relacionamento com o Monstro, fato que estampa a capa de um jornal sensacionalista. Moore relaciona o drama da moça com o drama de todo o mundo espiritual.  

1 comentário:

Miranda Zero disse...

Essa história é realmente fantástica. Toda a fase do Moore no Monstro do Pântano é boa demais. Mas essa do Invunche é especial porque a galera se dá muito mal. Sinistro. Preciso reler.

Miranda Zero
cosplaytime.com.br