Alan Moore revolucionou os quadrinhos de terror no Monstro do
Pântano, levando o gênero a um novo nível. Se pudéssemos escolher uma história
que é ápice desse novo tipo de terror seria Revoada de Corvos, publicada em
Swamp Thing 48.
A história começa com uma página com 16 quadros em que corvos
vão cobrindo a imagem até que ela se torne totalmente preta. O texto,
refletindo os pensamentos de John Constantine, dizia: “Eu vi corvos. Vindos do
leste. Parecendo uma pesada nuvem de tempestade. Sinal de má sorte. Uma
tremenda nuvem azarenta”.
A sequencia, de apenas uma página, é uma demonstração
perfeita de como Moore sabia trabalhar com a simbologia da história para criar
um sentimento de inquietação.
A sequência inicial é impressionante.
Essa inquietação aumenta ainda mais na página seguinte,
quando Constantine acende um fórforo e temos um vislumbre das paredes da
caverna, repeleta de caveiras de animais estranhos, corpos e víboras
entrelaçadas.
O fósforo apaga e quando surge uma nova imagem é um flash
back com a volta da personagem Judith, que estava desaparecida. Ela explica que
a mãe de Benjamim Cox o expulsou “Falou que estava farta de ver o filho sair
por aí com gente estranha e esquisita!”. Por outro lado, a irmã Anne-Marie
Marie desapareceu.
O jeito será enfrentar a bruxaria com o grupo composto apenas
por John, Frank, Judith... e o Monstro do Pântano. O plano é simples: o monstro
se infiltra na caverna usando o verde, enquanto os humanos eliminariam os
bruxos em fuga.
Mas tudo dá terrivelmente errado.
Uma magia poderosa impede a aproximação do Monstro Do Pântano.
Constantine é atacado por um invunche (um ser com o corpo ao
contrário) e quando acorda, está acorrentando num poço. Judith mata Frank e
joga sua cabeça no poço. “O invunche me atacou de surpresa em Londres. Me deram
uma escolha, ou eu me juntava a eles... ou acabava como Emma”. Eles prometeram
transformá-la em pássaro, o pássaro que transportará uma pérola negra, o
destilado de todo medo, incerteza e crença no sobrenatural coletado durante a
saga Gótico Americano.
O processo de transformação é terrível. Ela vomita as tripas,
até que sobra apenas a cabeça. Do seu pescoço surgem patas. “Abrirão caminho
raspando e causando dor”, explica o bruxo. Uma cauda surge da nuca, a boca se
transforma num bico.
No final, o Monstro do
Pântano consegue entrar na caverna, mas prefere salvar Constantine, deixando
que o corvo voe levando sua mensagem. “O azar vai nos pegar a todos...”, diz
Constantine. “Cada um de nós”.
Se esse final já não fosse impactante o suficiente, a
história volta ao hospital Elysium, onde trabalha Abbe Cable e vemos ela sendo
presa em decorrência de seu relacionamento com o Monstro, fato que estampa a capa
de um jornal sensacionalista. Moore relaciona o drama da moça com o drama de
todo o mundo espiritual.
1 comentário:
Essa história é realmente fantástica. Toda a fase do Moore no Monstro do Pântano é boa demais. Mas essa do Invunche é especial porque a galera se dá muito mal. Sinistro. Preciso reler.
Miranda Zero
cosplaytime.com.br
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