Em suas primeiras histórias, o poderoso Thor tinha umas
histórias muito bizarras e vilões ainda mais bizarros.
Merlin, o louco, escrita por Robert Bernstein (a partir de
ideia de Stan Lee), com desenhos de Joe Sinott, e publicada em Journey into
Mystery 96, com certeza entraria em qualquer lista de bizarrices.
A trama já estava explícita na capa (desenhada por Jack
Kirby). Um sujeito com um roupão cheio de estrelas e luas (mas com calça e
sapatos sociais), aponta as mãos para Thor, que olha assustado, paralisado no
meio de um movimento: “O feitiço de Merlin paralisou meu braço! Não consigo me
mover! Como quebro esse encanto?”.
A história começa com uma splash page no qual um guindaste
tira de um navio um sarcófago de pedra, enquanto Thor observa. Um professor
informa que se trata do sarcófago do Mago Merlin, que fora descoberta na
Inglaterra, mas enviada para Nova York para ser aberta. Afinal de contas, pensa
o leitor, por que não abriram a relíquia na Inglaterra? Mas vamos em frente.
Essa trama principal é interrompida por um resgate a um
ônibus que caíra no fundo de um rio. Thor amarra um cabo de aço em volta do
veículo, prende no martelo e joga para fora da água. Nunca ninguém pensou num
resgate tão temerário, mas, surpreendentemente, o veículo não só não é
destruído pelo impacto da queda, como ainda vai parar no terminal de ônibus.
Bom trabalho, poderoso Thor, mas com isso Don Blake perde
vários pacientes que decidem não esperar. “Fiquei dando desculpas esfarrapadas
a tarde inteira!”, reclama Jane Foster irritada. “Um por um, irritados, foram
embora, não os culpo!”.
Dois perigos: Jane Foster fica fula da vida e Merlin desperta de um sono milenar.
Mas os perigos não tiram férias e o leitor logo descobre que
Merlin na verdade não morreu: ele permanecera num estado de animação suspensa e
revive logo que o ar entra no sarcófago. E o homem acorda disposto a falar.
Conta aos leitores que na verdade não era um mago. Ele apenas fingia fazer
mágica quando na verdade o poder vinha dele mesmo... pois ele era um...
mutante!!!! Merlin podia ser um gênio, mas como ele, em plena Idade Média,
sabia o que era mutante? Pelas barbas de Darwin!
E mais: ele não se espanta com o mundo de 1963. Acha a coisa
mais normal do mundo o lançamento de um satélite, que resolve sabotar para
mostrar ao mundo o seu poder e exigir riquezas em troca.
Merlin revela que é um mutante.
Claro que isso o coloca em rota de colisão com Thor. Nesse
duelo percebemos que o roteirista não pensou qual de fato seria o poder do
mutante Merlin, pois ele parece tirar um novo poder da cartola a cada momento. Os
poderes do personagem parecem tantos e tão variados que vencê-lo parece
impossível, até que Thor o lubridia da maneira mais idiota possível.
Para uma ameaça tão grande, Merlin, o louco, é derrotado de
maneira muito fácil. Ou talvez ele não fosse uma ameaça tão grande assim.
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