Os zulus eram a tribo mais temida da África. Uma sociedade
de guerreiros em que todos os homens, dos 14 aos 70 anos, tinham que ir
para a guerra e um jovem só era autorizado a se casar depois de lavar sua lança
com sangue pela primeira vez. Eles tinham também uma eficiente estratégia
militar, com os contingentes divididos em três partes, uma central, chamada
peito e duas laterais, os chifres. Os chifres encurralavam o inimigo enquanto o
peito dava o golpe final. Essa força guerreira é o tema central de o homem de
zululandia, álbum de Gino D’antonio publicado na coleção Um homem uma aventura,
da editora Ebal.
O álbum ecoa fatos históricos da África colonial.
O escritor desenhista Gino D´Antonio usa de uma estratégia
interessante para contar a guerra dos zulus contra os ingleses. Ele foca sua
narrativa em um contrabandista alemão chamado Reich que havia fornecido armas
para os zulus, mas acaba caindo em desgraça com os mesmos e, em sua fuga, vai
passando por vários acontecimentos históricos, como o massacre dos soldados
ingleses que haviam atravessado o rio Búfalo e depois a corajosa resistência
dos soldados ingleses no forte do outro lado do rio.
O protagonista é um alemão que cai em desgraça com os zulus.
Essa escolha narrativa não só nos dá um protagonista que
está muito mais para um anti-herói que só quer salvar a própria pele como torna
a narrativa frenética com os fatos se sucedendo numa progressão
assustadora.
D'antonio é um narrador visual incomparável e junta isso
com bons diálogos, que, apesar de ecoarem fatos históricos, nunca caem no
didatismo.
Em sua fuga ele tenta avisar os ingleses, inutilmente.
O leitor fica apreensivo com a tentativa de Reich de avisar
os britânicos do tamanho do perigo que se avizinha, sempre sem sucesso, e isso
ajuda a criar o clima de suspense da obra.
Lendo a biografia de D'antonio descobri que ele é autor de
um fummetti que me chamou muita atenção quando foi lançado pela editora Globo,
na década de 1990, Bella e Bronco.
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