Depois do sucesso de público e crítica de Corra, Jordan Peele tinha um desafio: produzir um filme tão ou mais impactante.
O resultado foi
Nós, produção de 2019 estrelada pela ganhadora do Oscara Lupita Nyong'o.
A trama gira em
torno de uma família que vai passar as férias nas praia e passa a ser perseguida
por pessoas que parecem ser versões sombrias deles mesmos. Mas há um segredo:
quando era criança, a esposa, Adelaide, se perdera num parque na beira da
praia, e entrara na casa dos espelhos onde encontrara, para seu pavor, uma
menina exatamente igual a ela.
O tema do duplo
é um dos mais antigos das histórias de terror, tendo sido inaugurado,
provavelmente, por Edgar Alan Poe em William Wilson. De lá para cá, tem
aparecido em filmes, livros e quadrinhos.
Mas a versão de
Peele é inovadora pela narrativa vibrante, com ação contínua, e por explorar de
maneira mais clara a simbologia psicológica relacionada a esse arquétipo. Os
seres invasores são, inclusive, chamados de sombras. Na psicologia junguiana,
sobra é tudo aquilo que enterramos no nosso inconsciente, tudo aquilo com o
qual não conseguimos lidar. Essa seria a origem das das neuroses, pois em algum
momento essa sombra emergeria. Uma experiência traumática, por exemplo, pode ser
escondida na sombra e esquecida pelo consciente, mas em algum momento irá
retornar – e nesse momento, a pessoa precisará lidar com isso, ou sucumbirá.
De certa forma,
é o que ocorre no filme. O terror vem de um trauma de infância, que retorna
para assombrar Adelaide e sua família.
A história, no
entanto, se torna ainda mais complexa quando finalmente ocorre o plot twist no
final, o que nos leva a repensar tudo aquilo que acreditávamos sobre a
história. Um plot twist, aliás, que está ali desde o início, indicado por
várias pistas na história.
Mais do que uma
história de terror ou de ação desenfreada, Nós é um filme que levanta diversos
questionamentos e interpretações.

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