O número 62 da série Perry Rhodan é uma sequência direta de um número anterior, O atentado, número 57.
Em O atentado, dois grupos tentam matar Perry Rhodan e são
condenados ao exílio. Durante a viagem, uma revolta eclode a bordo, danificando
a nave, e eles são obrigados a fazer um pouso de emergência num planeta
desconhecido. Já naquele número, dois grupos se destacam: os democracatas
autênticos, liderados por Horace O. Mullon e os filósofos da natureza,
liderados pelo despótico W. S. Hollander.
Em Os anões azuis, escrito por Kurt Mahr, o grupo de Mullon
governa a colônia e este resolve fazer uma viagem de reconhecimento aos
arredores. Hollander, no entanto, resolve aproveitar a situação para mandar
assassinos para eliminar o único obstáculo ao seu poder.
Apesar dessa trama, é um livro parado, que se assemelha
muito mais a um livro de viagens, de exploradores em um local desconhecido.
![]() |
A capa alemã. |
Um aspecto que se destaca na obra é a relação dos terranos com as raças de outros planetas. Os heróis de PR sempre optam por uma abordagem de cooperação com outros povos, ao invés de uma abordagem de colonização, o que nos diz muito sobre a filosofia da série. A moral parece ser que tratar bem e buscar a colaboração com outras espécies traz resultados muito mais efetivos do que tentar dominá-las.
Neste livro os terranos entram em contato com duas espécies:
os simpáticos mungos, espécie de macaquinhos que salvam uma das personagens
quando esta é atacada por uma cobra e providenciam cura para uma doença que
virou uma epidemia na colônia terrana. A outra espécie são os anões azuis,
seres parecidos com tecidos azuis que flutuam pelo ar. Um deles é, sem que os
terranos saibam, salvo de uma fera, o que garante a amizade com o grupo de
Mullon.
O próprio Mahr define as duas espécies: Os mungos “eram uma
espécie primitiva e semi-inteligente, cuja única vantagem face aos homens
consistia na existência do sexto sentido, que lhe permitia perceber qualquer
perigo antes que os cincos sentidos dos humanos pudessem constatar sua
presença. Já (no caso dos anões azuis) trata-se de inteligência estranha, mas
bastante desenvolvida”. Os anões azuis tinha capacidades telepáticas e
telecinéticas, mas individualmente essas características eram muito pouco
desenvolvidas. Um anão sozinho mal conseguia levantar uma pedrinha. Dessa
forma, eles logo descobriram os benefícios da união estreita entre vários
seres. Isso moldou sua cultura, fazendo com que a ideia de que alguém pudesse
sentir medo de outra pessoa fosse impossível.
Esse verdadeiro “diário de viagem” é quebrado por algumas
situações de perigo, especialmente no final, que nos reserva um otimo plot
twist.
Kurt Mahr era um escritor mediano no início da série, mas
foi aos poucos melhorando seu texto. Aqui ele consegue transformar uma trama
morna em um livro para ser apreciado com prazer.
Sem comentários:
Enviar um comentário