É no número 6 do seu título que Mister No
aparecerá pela primeira vez com seus visual icônico, a camisa preta colada e as
polainas.
A história começa, como sempre, com o
protagonista se dando mal. Ele leva um cantor de ópera de Manaus para Belém e
só descobre que o homem não tem dinheiro para pagar a passagem quando este já
se encontra em solo paraense. É uma situação tão comum que chega a se
constituir um humor de repetição.
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O herói aparece pela primeira vez com seu visual icônico. |
Em Belém ele conhece um grupo misterioso que
o contrata para ir até a Guiana Francesa em troca de um bom dinheiro. Eles
devem ir lá para resgatar um homem, mas quando Mister No percebe que na verdade
eles estão tentando é sequestrar o velho, intervém e quase é morto com um tiro.
Os bandidos fogem de canoa e resta a Mister No e à filha do homem sequestrado
segui-los para tentar resgatar o pai da moça.
Nesse número percebemos mais uma faceta do
anti-herói: ele é um paquerador descarado. Beberrão, jogador, paquerador,
estava completo o combo que tornava Mister No um personagem único.
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Mister No: o paquerador. |
Um destaque aqui, além do ótimo texto de Sérgio Bonelli (assinando como Guido Nolitta) é o desenho de Roberto Diso, em sua primeira colaboração de peso com a Bonelli. Diso era envolvido com uma ONG ecológica que pretendia conscientizar as pessoas sobre os animais com risco de extinção e convencera o editor a introduzir nas revistas textos sobre isso. provavelmente isso convenceu Bonelli que Diso era a pessoa ideal para desenhar Mister No. E era. Seu desenho introduz um salto de qualidade no título. Além de representar Mister No melhor do que ninguém, ele também faz o mesmo com a garota que é o interesse romântico do herói nesse número.
Nas sequências de diálogos, quase sempre há um animal em primeiro plano.
Mas o que realmente cham atenção é a forma
como ele mostra a fauna amazônica. Em muitas cenas um animal é mostrado em
primeiro plano. É uma preguiça pendurada em um galho, é uma cobra atacando um
sapo, é uma onça pulando sobre um veado. Riso usa o recurso principalmente nas
cenas de diálogos, tornando muito mais dinâmicas e interessantes essas
sequências que teoricamente seriam as menos chamativas do gibi.
Talvez o único aspecto negativo é que, em
dois momentos, Mister No termina de beber seu uísque e joga fora a garrafa no
rio. É surpreendente que, como ecologista, o desenhista não tenha alertado
Sergio Bonelli a respeito do mau exemplo.
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