quinta-feira, agosto 07, 2025

Mister No – O homem da Guiana

 


É no número 6 do seu título que Mister No aparecerá pela primeira vez com seus visual icônico, a camisa preta colada e as polainas.

A história começa, como sempre, com o protagonista se dando mal. Ele leva um cantor de ópera de Manaus para Belém e só descobre que o homem não tem dinheiro para pagar a passagem quando este já se encontra em solo paraense. É uma situação tão comum que chega a se constituir um humor de repetição.

O herói aparece pela primeira vez com seu visual icônico. 


Em Belém ele conhece um grupo misterioso que o contrata para ir até a Guiana Francesa em troca de um bom dinheiro. Eles devem ir lá para resgatar um homem, mas quando Mister No percebe que na verdade eles estão tentando é sequestrar o velho, intervém e quase é morto com um tiro. Os bandidos fogem de canoa e resta a Mister No e à filha do homem sequestrado segui-los para tentar resgatar o pai da moça.

Nesse número percebemos mais uma faceta do anti-herói: ele é um paquerador descarado. Beberrão, jogador, paquerador, estava completo o combo que tornava Mister No um personagem único.

Mister No: o paquerador. 


Um destaque aqui, além do ótimo texto de Sérgio Bonelli (assinando como Guido Nolitta) é o desenho de Roberto Diso, em sua primeira colaboração de peso com a Bonelli. Diso era envolvido com uma ONG ecológica que pretendia conscientizar as pessoas sobre os animais com risco de extinção e convencera o editor a introduzir nas revistas textos sobre isso. provavelmente isso convenceu Bonelli que Diso era a pessoa ideal para desenhar Mister No. E era. Seu desenho introduz um salto de qualidade no título. Além de representar Mister No melhor do que ninguém, ele também faz o mesmo com a garota que é o interesse romântico do herói nesse número.  

Nas sequências de diálogos, quase sempre há um animal em primeiro plano. 


Mas o que realmente cham atenção é a forma como ele mostra a fauna amazônica. Em muitas cenas um animal é mostrado em primeiro plano. É uma preguiça pendurada em um galho, é uma cobra atacando um sapo, é uma onça pulando sobre um veado. Riso usa o recurso principalmente nas cenas de diálogos, tornando muito mais dinâmicas e interessantes essas sequências que teoricamente seriam as menos chamativas do gibi.

Talvez o único aspecto negativo é que, em dois momentos, Mister No termina de beber seu uísque e joga fora a garrafa no rio. É surpreendente que, como ecologista, o desenhista não tenha alertado Sergio Bonelli a respeito do mau exemplo.

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