terça-feira, outubro 07, 2025

Capitão Marvel – Metamorfose

 


O número 29  do título do Capitão Marvel representou uma virada de página na vida do personagem e no Brasil provocou furor ao seu publicada na revista Heróis da TV 11, da editora Abril, em 1980.

Jim Starlin, o responsável por essa revolução, já vinha trabalhando com o personagem antes, mas essa foi sua primeira oportunidade de cuidar de tudo, desenhos e roteiro - e fez bonito, a começar pela página inicial, com o personagem em primeiro plano, olhando assustado para uma figura monstruosa e disforme que ocupa todo o fundo.

A página de abertura é memorável. 


“Nós esperamos muitos anos por este encontro, Mar-vel. Oito bilhões de anos para ser exato!”, diz a figura monstruosa. “É verdadeiramente uma longa espera por aquilo para o qual fomos criados... a missão de nossa vida... destruir Capitão Marvel, o guerreiro!”.

Esse início por si só já garante todo o interesse do leitor, fisgado pela informação de que o personagem será destruído (mais à frente descobrimos que a frase não pode ser levada ao pé da letra).

Starlin conta a origem de Titã. 


O título, colocado na lateral, é outra grande sacada. Começando com uma fonte certinha, de formas retas, a cada letra ele vai se transformando em algo mais irregular, em perfeita sintonia com a palavra metamorfose.

O ser chamado Eon conta uma história de milênios, com o guerreiro deus urano sendo destronado por Chronos, a formação do planeta Titã e o surgimento de Mentor, Eros e Thanos. Starlin faz aqui o que faz melhor: contar grandes sagas cósmicas em um texto que resume séculos ou milênios de acontecimentos.

A história ecoa um profundo discurso pacifista. 


A sequência toda mistura odisséia cósmica, psicodelismo e pacifismo: “O homem tem muitos motivos para a batalha, mas é possível acreditar verdadeiramente que qualquer causa valha todo o sangue que a guerra derrama?”, diz o texto.

Era Starlin, um legítimo representante da geração hippie, colocando suas ideias e conceitos num quadrinho de super-heróis!!!

O Capitão Marvel adquire a consciência cósmica.


No final, descobrimos que a destruição do guerreiro capitão Marvel prometida pela figura monstruosa era na verdade uma promessa de mudança. O herói “morre” e renasce, abrindo caminho para a abordagem revolucionária de Starlin no título.

Histórias como essas só seriam possíveis naqueles improváveis anos 1970.

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