A passagem da dupla Denny O´Neil e Neal Adams foi caracterizada por histórias de fundo social, mas também por tramas de aventuras, como se pode observar no número 82 da revista.
Na história, O arqueiro dá um presente para a Canário
Negro, uma caixa de flores, mas de lá saem duas harpias, que ameaçam o casal. Curiosamente
nenhum dos dois estranha que o presente tenha se convertido em duas mulheres
aladas, o que compromete a verossimilhança. Uma única fala da Canário a
respeito (esse é o tipo de presente que você me dá?) resolveria.
O presente do Arqueiro trazia uma surpresa.
O arqueiro joga uma flecha de fumaça, que é direcionada
pelas harpias com bater de asas. Essa burrada é uma desculpa para introduzir o
tema da história: o feminismo. O tópico aparece tanto na crítica à estratégia
do parceiro quando na fala dela, no final da sequência: “Me solta, caramba! Eu
decido quando e aonde vou!”.
Diante da ameaça, o casal resolve pedir ajuda do Lanterna,
que ao chegar ao local é aprisionado em outra dimensão por uma vilã chamada A
rainha das bruxas. Na verdade, como se descobre depois, é tudo um plano de
Sinestro para se livrar do seu maior adversário.
O desenho de Neal Adams se destaca.
A dimensão para onde o Lanterna verde foi enviado é povoado
exclusivamente por amazonas expulsas de nosso plano por um feiticeiro magoado
por ter sido esnobado pela rainha das amazonas. Como só é possível um homem por
vez entrar na dimensão, é Canário que precisa entrar para livrar o amigo da
ameaça.
Parece muito trabalho por parte das amazonas para eliminar
um único homem e. além do plano da rainha das bruxas e seu irmão sinistro, não
parece haver nenhuma razão real para as amazonas se esforçarem tanto.
Um dos bons momentos da história.
O feminismo aqui parece tão exagerado que parece mais uma
crítica.
O maior destaque da história, fica de fato com o desenho de
Adams, sempre belíssimo, como destaque para a página em que a Canário Negro se
destaca, ultrapassando o limite dos quadros, ou a luta dela com as amazonas, em
uma sequência sem requadros. Essa sequência, aliás, mostra que O´Neil, embora
estivesse derrapando na trama, tinha um bom texto: “Essa é Canário Negro...
frágil, delicada e feroz como uma tigresa! Ninguém se equipara a seus dotes
marciais. Ela se move com a graça de uma bailarina... e a suavidade de um
beija-flor”.
No final, o maior mérito do roteiro é que O´Neil consegue
resolver a trama nas 22 páginas da história. Roteiristas mais recentes levariam
pelo menos 10 números nessa trama insossa.
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