terça-feira, julho 29, 2025

Lanterna e Arqueiro Verde – Como se enfrenta um pesadelo

 


A passagem da dupla Denny O´Neil e Neal Adams foi caracterizada por histórias de fundo social, mas também por tramas de aventuras, como se pode observar no número 82 da revista.

Na história, O arqueiro dá um presente para a Canário Negro, uma caixa de flores, mas de lá saem duas harpias, que ameaçam o casal. Curiosamente nenhum dos dois estranha que o presente tenha se convertido em duas mulheres aladas, o que compromete a verossimilhança. Uma única fala da Canário a respeito (esse é o tipo de presente que você me dá?) resolveria.

O presente do Arqueiro trazia uma surpresa. 


O arqueiro joga uma flecha de fumaça, que é direcionada pelas harpias com bater de asas. Essa burrada é uma desculpa para introduzir o tema da história: o feminismo. O tópico aparece tanto na crítica à estratégia do parceiro quando na fala dela, no final da sequência: “Me solta, caramba! Eu decido quando e aonde vou!”.

Diante da ameaça, o casal resolve pedir ajuda do Lanterna, que ao chegar ao local é aprisionado em outra dimensão por uma vilã chamada A rainha das bruxas. Na verdade, como se descobre depois, é tudo um plano de Sinestro para se livrar do seu maior adversário.

O desenho de Neal Adams se destaca. 


A dimensão para onde o Lanterna verde foi enviado é povoado exclusivamente por amazonas expulsas de nosso plano por um feiticeiro magoado por ter sido esnobado pela rainha das amazonas. Como só é possível um homem por vez entrar na dimensão, é Canário que precisa entrar para livrar o amigo da ameaça.

Parece muito trabalho por parte das amazonas para eliminar um único homem e. além do plano da rainha das bruxas e seu irmão sinistro, não parece haver nenhuma razão real para as amazonas se esforçarem tanto.

Um dos bons momentos da história. 


O feminismo aqui parece tão exagerado que parece mais uma crítica.

O maior destaque da história, fica de fato com o desenho de Adams, sempre belíssimo, como destaque para a página em que a Canário Negro se destaca, ultrapassando o limite dos quadros, ou a luta dela com as amazonas, em uma sequência sem requadros. Essa sequência, aliás, mostra que O´Neil, embora estivesse derrapando na trama, tinha um bom texto: “Essa é Canário Negro... frágil, delicada e feroz como uma tigresa! Ninguém se equipara a seus dotes marciais. Ela se move com a graça de uma bailarina... e a suavidade de um beija-flor”.

No final, o maior mérito do roteiro é que O´Neil consegue resolver a trama nas 22 páginas da história. Roteiristas mais recentes levariam pelo menos 10 números nessa trama insossa.

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