À certa altura do título do Lanterna e do Arqueiro, fica
claro que Denni O´Neil estava tentando levar o título para algo mais próximo de
uma revista de super-heróis normais, deixando as questões sociais apenas de
fundo (algo que desagradaria Neal Adams).
Nessa história, a Canário Negro resolve trabalhar em uma
escola infantil de uma pequena cidade. Assim que eles chegam ao local, no
entanto, eles são atacados por pássaros. No momento seguinte, estão os dois
heróis vestidos com seus uniformes e Arqueiro usando uma flecha que afeta as
aves com seu som.
É estranho ver os personagens em um quadro de roupas civis
e no quadro seguinte de uniforme de super-heróis, algo que, embora explicado
pelo uso do anel pelo Lanterna, o que não parece inverossímil. Até faria algum
sentido ele colocar a roupa no companheiro, mas o anel poderia providenciar
também as flechas especiais – e saber qual a habilidade de cada flecha?
Não era mais fácil simplesmente o Lanterna Verde usar seu
anel para resolver a situação? Além disso, porque só a Canário não foi
transformada? Parece um roteirismo em decorrência da necessidade de ter os dois
personagens como super-heróis já nas primeiras páginas.
É preciso mostrar os heróis de uniforme logo no início da história. Mas só os homens.
A trama gira em torno do cozinheiro da escola, que manipula
uma criança com poderes extraordinários (não fica bem claro que poderes são
esses) para fazer sua vontade e impor sua visão de mundo, o que gera a situação
mostrada na capa da revista, com os dois heróis dizendo que estão sendo
atacados por algo que não podem enfrentar (eles não iriam bater em uma menina,
não é mesmo?).
As motivações do vilão não são exploradas. Parece que seu
único objetivo é fazer o mal, como vemos no prólogo, em que ele manda a menina
tornar uma mulher paralítica apenas por ela ter tocado nele na rua. Essa
mulher, descobrimos depois, é a namorada do Lanterna – o que mostra que havia o
planejamento de deixar a personagem paralítica e era necessário providenciar uma
causa.
O melhor momento de Adams na história.
Se o vilão não é explorado, a menina com poderes é menos
ainda. Ela é apenas alguém que impulsiona o roteiro, fazendo a trama girar, e
que muda de atitude no último momento para salvar os heróis, sem muita
explicação.
Apesar dos problemas, é uma narrativa divertida e fluída. Neal
Adams, no entanto, parece não ter gostado. Seu desenho nessa história é quase
burocrático, sem nenhum grande momento de destaque - o melhor momento é quando
os heróis estão caídos, em agonia e as crianças se aproximam ameaçadoramente
deles.
Sem comentários:
Enviar um comentário