A mais nova sensação da Netflix é a minissérie Pssica, dirigida por Quico Meirelles, filho de Fernando Meirelles (que chega a dirigir um capítulo).
Baseado no romance homônimo de Edyr Augusto, a atração
acompanha Janalice (Domithila Cattete), uma garota sequestrada por uma rede de
tráfico humano e sua tentativa de escapar do seu destino. Em narrativas
paralelas temos Preá (Lucas Galvino), filho do líder de uma gangue de ratos
d´água (piratas fluviais que roubam barcos na Amazônia) e Mariangel (Marleyda
Soto), uma ex-guerrilheira cuja família foi morta e busca vingança. O destino dos três vai se entrelaçar ao longo
da trama.
O que chama atenção em Pssica é o ritmo frenético
da direção e do roteiro, com as ações se acumulado e se sucedendo rapidamente a
ponto de não deixar o expectador respirar.
A minissérie é baseada no livro homônimo do
escritor paraense Edy Augusto cuja escrita se caracteriza pelas frases curtas. O
diretor emula isso tanto nas cenas e nos cortes rápidos quanto na introdução de
cartelas, com frases do livro.
A minissérie tem elenco de atores e atrizes
nortistas e nordestinos, a maioria dos quais desconhecida do grande público. Apesar
de alguns erros geográficos, como mostrar Breves como se fosse Soure (a terra
dos búfalos), Pssica reproduz com perfeição o cenário amazônico com destaque
para as cenas eletrizantes nos rios, com aquelas em que os ratos d´água cruzam
os rios em jet skis que não deixam nada a dever às melhores cenas de
perseguição de carros de Hollywood.
Apesar de todas as qualidades, a série tem algo de lamentável: mais uma vez a Amazônia sendo mostrada sob o olhar de um diretor e uma equipe vinda toda de fora. Já é mais do que tempo da região norte começar a ser mostrada sob o olhar dos amazônidas. Nitidamente o diretor queria mostrar tudo que pudesse do norte, mas como não é do norte isso o levou a criar cenas improváveis, como personagens usando a peconha para subir no pé do açaí para se esconder ou outra personagem comendo açaí na rua, como se fosse um lanche do meio da manhã.
Outro aspecto que me incomodou foi a imagem estigmatizada da Amazônia como um local apenas violento.
Em tempo: Pssica, na linguagem nortista, é um
tipo de maldição. Jogar pssica sobre alguém significa desejar azar para ela.
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