quinta-feira, novembro 30, 2017

Peanuts: a tira que trouxe a psicologia para os quadrinhos


A tira Peanutz  foi criada por  Charles Schulz no início da década de década de 1950 e rapidamente tornou-se um sucesso, chegando a aparecer em mais de 2600 jornais em todo o mundo, tendo  um público leitor estimado em 355 milhões, em 75 países.
Na década de 1970 o sucesso da tira levou ao surgimento do desenho animado, que era pessoalmente supervisionado por Schulz. Ao invés de descaracterizar a obra, o desenho ampliou-a para além dos limites dos quatro quadros diários.
Conta-se que um psiquiatra, chegando ao seu consultório, encontrou um bilhete de seu primeiro paciente, dizendo que estava dispensando o tratamento com médico, pois havia encontrado a causa de seus traumas. E ilustrava a situação com uma tira de Peanuts.
A história, real ou lendária, ilustra a incrível capacidade que Schulz tinha de perceber os dramas e traumas humanos, sintetizando-os na figura de crianças. Umberto Eco disse que ¨a poesia dessas crianças nasce do fato de que nelas encontramos todos os problemas, todas as angústias dos adultos que estão nos bastidores¨.
Nessa história aparentemente ingênua, encontramos os mais variados tipos humanos e seus conflitos.
Charlie Brown, o personagem principal, é o estereótipo do fracassado. Ele não consegue empinar uma pipa ou chutar uma bola. A única vez em que ganhou algo na vida, o prêmio foi um corte de cabelo. ¨Mas eu sou careca, e meu pai é barbeiro!¨ retrucou ele. Noutra ocasião, dançou com a rainha do baile, mas é incapaz de lembrar de nada desse acontecimento.
Se Charlie Brown é o a bigorna, na qual batem todos os males e dissabores da vida, a menina Lucy Van Pelt, irmã de Linus, é o martelo. Sua vida é provocar traumas no pobre Minduim, mostrando a cada momento o quanto ele é incapaz. Sua tirada mais clássica é fazer Charlie Brown acreditar que finalmente será capaz de chutar a bola, para tirá-la no último momento. Interessante que, apesar disso, ninguém jamais pensa em culpá-la pela derrota do time. O culpado é sempre aquele que não conseguiu chutar a bola.
Uma biografia escrita recentemente com o título de Schulz and Peanuts dá a entender que o próprio autor colocava suas neuroses nos quadrinhos, razão pela qual elas parecem tão reais. O autor descreve Schulz como um homem solitário, tímido e infeliz, dominado por figuras autoritárias, como sua primeira esposa e sua mãe, ambas representadas na personagem Lucy. Schulz se identificaria tanto com Charlie Brown, o fracassado, quanto com Schroeder, o músico. Este último seria o lado artístico, através do qual ele se libertaria da tirania da esposa. Sintomaticamente, outra cena famosa é a de Lucy tentando conseguir a atenção do pianista, que a despreza solenemente enquanto toca.  
Nesse sentido, Snoopy, provavelmente, representaria a liberdade criadora. Se Charlie Brown é o pé no chão, as tristezas e agruras da vida, Snoopy pode viajar o mundo e até mesmo ser um famoso piloto da I Guerra Mundial. Não por acaso, Charlie Brown é o personagem predileto dos adultos, que vêm nele seus traumas (a tirinha é a mais recortada, exibida e enviada a colegas nos EUA) e Snoopy é o personagem preferido das crianças pequenas, que ainda vislumbram na vida mais seus pontos positivos que negativos.

Mesmo depois da morte do autor, as tiras de Peanuts (ou Snoopy) continuam sendo republicadas em jornais e coletâneas e encantando crianças e adultos. E recentemente se transformou em um ótimo desenho animado para cinema. 

Feliz Natal


Loira fantasma na Mestres do Terror

Mestres do terror é a mais longeva e uma das mais clássicas revistas de terror já publicadas no Brasil. Editada por Rodolfo Zalla, angariou uma geração de fãs nas gerações de 1980 e 1990. Em 2015, um desses fãs, Daniel Sacks, resolveu trazer a revista de volta, continuando a numeração original. Eu havia colaborado com a fase clássica da publicação e fui convidado a enviar novos roteiros. Minha primeira colaboração com a revista nessa nova fase foi “Loira fantasma” sobre a assombração dos banheiros públicos. Essa história foi escrita em meados da década de 1990 para a revista Manticore (na época havíamos lançado uma premiada graphic novel com esse título e a ideia era transformar a Manticore em revista mix de terror e FC). É um exemplo do que chamo de roteiro em mosaico, com a história sendo contada através de diversos fragmentos que unidos formam uma história só. E, claro, tinha uma virada no final, como as boas histórias de terror. A arte ficou por conta do grande Toninho Lima, que não economizou nos ângulos inusitados para ressaltar o terror da história. O escorço da sequência em que o estuprador se aproxima da moça caída é particularmente impactante.  

Escola de Rock

Escola de rock é um filme de 2003 dirigido por Richard Linklater, escrito por Mick White, e estrelado por Jack Black. Na história, um roqueiro fracassado se disfarça de professor substituto em uma rígida escola tradicional. Ao perceber o talento das crianças para a música, ele as convence a participar da batalha de bandas argumentando que se trata de uma competição entre escolas. 
Curioso como a maioria dos filmes sobre educação tratam de professores criativos em conflito com a educação tradicional. As crianças desenvolvem seus talentos não só musicais, mas capacidade de organização, liderança e até mesmo matemática (como o garoto que fica responsável por organizar a iluminação do show), mas o professor é repreendido mesmo quando, após ser pego com uma guitarra, usa a música para ensinar matemática para as crianças. Mas, ao contrário de outro filme muito semelhante, Sociedade dos poetas mortos, neste não temos um final depressivo. Ao contrário: o final é realmente empolgante, quando as crianças, após todas as dificuldades, conseguem se apresentar na batalha de bandas. 
Jack Black é alma do filme, com uma atuação espetacular, mas o que chama atenção são as talentosas crianças cujo talento musical fica ainda mais explícito nas cenas de improvisação musical. 
Não por acaso, o filme se tornou um enorme sucesso (Se você tem Netflix, corra para assistir, pois ele irá sair do streaming até o final do ano). 

A escola alemã que até hoje influencia os objetos ao nosso redor


Lâmpada original de design icônico feita por Wilhelm Wagenfeld ao lado de uma réplica moderna
Image captionUma lâmpada original de design icônico feita por Wilhelm Wagenfeld ao lado de uma réplica moderna no Museu Bundeskunsthalle (Foto: Oliver Berg/DPA/Alamy)
Em Berlim, o Museu Bauhaus Archiv da Alemanha está dando uma festa de despedida. No próximo ano, o prédio será fechado para reformas e, até lá, apresenta uma exposição dos "maiores hits" da maior coleção de Bauhaus do mundo. De móveis até pôsters e utensílios para a casa, esses objetos mostram como a escola de Bauhaus influenciou nossa ideia de um bom design.
Para a maioria das pessoas, a palavra Bauhaus lembra um tipo específico de arquitetura moderna, aquela estética dura que gerou milhões de blocos de edifícios. Mas a Bauhaus foi muito mais do que um estilo de arquitetura - foi uma maneira nova de pensar e, um século depois de nascer, no final da Primeira Guerra Mundial, suas ideias ainda determinam a maneira como vivemos hoje. Leia mais

quarta-feira, novembro 29, 2017

Marketing: O cliente


            O primeiro público com a qual a empresa deve se relacionar é o cliente. O objetivo do marketing de relacionamento é desenvolver uma ligação economicamente eficaz a longo prazo entre a organização e seus clientes para benefício mútuo.
            Essa ligação vale a pena. Claro que existem muitos clientes nos quais a empresa não está interessada, como os ladrões ou os beligerantes, mas, no geral, vale a pena investir na relação com o cliente.
Além de ser muito mais barato manter um cliente atual do que conquistar novos clientes, pesquisas indicam que quanto mais tempo um cliente fica com uma empresa mais lucrativo se torna atendê-lo. Existem várias razões para isso. A primeira delas é que as compras do cliente tendem a aumentar com os anos. O homem solteiro se casa e começa a comprar não só para si, mas também para a família, por exemplo.
Além disso, conforme o cliente vai se tornando fiel, vão diminuindo os custos operacionais. Ele já conhece melhor o produto ou serviço e precisa de menos assistência. Se não bastasse isso, o cliente fiel gera lucro a partir da indicação do produto ou serviço para outros clientes, num buzz marketing mais eficiente que a publicidade convencional.
Assim, a fidelidade é o estado desejado. Ela acontece quando o cliente está disposto a continuar comprando com a empresa durante anos.
Philip Kotler, no livro Marketing para o século XXI, diz que empresas inteligentes, hoje em dia, não se veem como vendedoras de produtos, mas como criadoras de clientes lucrativos.
Uma das formas de criar clientes lucrativos é oferecer mais benefícios.
A customização é um dos benefícios mais procurados atualmente. Hoje todo mundo quer se sentir único. Um anúncio enviado diretamente para o consumidor, com o nome dele, tem muito mais valor do que um anúncio geral. Assim, muitas empresas têm mandado cartas de felicitações para clientes no dia do seu aniversário, muitas vezes oferecendo ofertas especiais.
A empresa norte-americana Mars envia cartões personalizados para gatos: “Caro Félix, parabéns pelo seu segundo aniversário. Receba nossos cumprimentos e cupons especiais para compra de alimentos adequados para essa nova fase da sua vida.” Os proprietários do Félix ficam encantados e aumentam sua preferência pelas rações Mars.
Outro fator relevante para a fidelização é a comodidade para o cliente. Quanto mais fácil for comprar e usar o produto melhor. Vejam, por exemplo, o sucesso das lojas de conveniência.
Outro exemplo são os bancos. Antigamente dizia-se que os bancos norte-americanos seguiam a regra 3-6-3: capte recursos a três por cento, empreste-os a seis por cento e chegue ao campo de golfe às três da tarde. Se o cliente precisasse fazer uma operação bancária depois desse horário, não tinha como. Quando o primeiro banco passou a oferecer serviços de caixa eletrônico, conseguiu, com isso, facilitar a vida dos clientes, ganhando sua fidelidade. O mesmo aconteceu quando o primeiro banco passou a oferecer serviços pela internet.
Hoje, uma das áreas que mais crescem é o comércio eletrônico. Afinal, é muito cômodo para o cliente ter acesso a um mundo de produtos sem sair de casa, sem enfrentar filas e sem gastar gasolina.
A comodidade para o cliente combina com a rapidez no serviço. Um banco norte-americano afixou um cartaz em suas agências: “Cinco minutos ou cinco dólares.” O cartaz prometia depositar cinco dólares na conta do cliente que tivesse que esperar mais de cinco minutos para ser atendido. Essa é uma ótima estratégia para conquistar e manter clientes. Afinal, quem é que gosta de esperar horas numa fila?
As lanchonetes fast-food existem justamente pela promessa de um lanche saboroso em pouco tempo. Na rede McDonald’s, o cliente acaba de pagar e já recebe seu sanduíche.  
Outro fator relevante é oferecer mais e melhores serviços ou produtos. Antigamente, os biscoitos água e sal vinham em embalagens grandes. No caso de uma família pequena ou pessoas que moram sozinhas, que não conseguiam consumir tudo de uma vez, os biscoitos logo ficavam moles e tinham de ser jogados fora. O surgimento das embalagens individuais foi uma revolução que ajudou muito a vida do consumidor.
Outro exemplo são as lâminas de barbear. A criação do barbeador descartável facilitou a vida dos consumidores, que não precisam mais montar a lâmina no aparelho. Além disso, o barbeador descartável é mais seguro. Então, a Gillette inventou o barbeador com duas lâminas, muito mais eficiente. Quando as duas lâminas deixaram de ser um produto ampliado e se tornaram elemento quase que obrigatório em barbeadores descartáveis, a Gillette inventou uma fita deslizante que facilitava ainda mais o ato de barbear. Quando até mesmo essas fitas foram imitadas pelos concorrentes, a empresa veio com uma fita antialérgica. Assim, a Gillette tem pesquisado ano a ano inovações que deixem seus consumidores mais satisfeitos, conseguindo sua fidelidade.  


Feliz natal!!!


A arte clássica de Jacques-Louis David


Jacques-Louis David foi o principal pintor da revolução francesa. Seus quadros serviam de inspiração para os revolucionários. Posteriormente tornou-se pintor oficial de Napoleão. Seu estilo clássico influenciou diversos outros pintores. Era tão popular na época que as mulheres imitavam o penteado das mulheres de seus quadros. 







Pesadelos em Calafrio 55

Calafrio é uma das mais longevas e clássicas revistas de terror já publicadas no Brasil. Editada por Rodolfo Zalla, angariou uma geração de fãs nas gerações de 1980 e 1990. Em 2015, um desses fãs, Daniel Sacks, resolveu trazer a revista de volta, continuando a numeração original. Eu havia colaborado com a fase clássica da publicação e fui convidado a enviar novos roteiros. Minha primeira colaboração com a revista nessa nova fase foi uma história sobre um professor atormentando por pesadelos que parecem cada vez mais reais. A história foi desenhada pelo Toninho Lima, que teve momentos brilhantes, como a página de abertura, em que a cena do pesadelo surge de um balão do personagem. 

A ciência dos signos

Charles Pierce, criador da Semiótica.
Certa vez fui a uma livraria procurar o livro O Signo, de Isaac Epstein. A moça da loja se espantou: “Você é o segundo professor que vem procurar esse livro. Por que vocês estão tão interessados em astrologia?”. O caso demonstra a compreensão que a maioria das pessoas tem da palavra signo. Na verdade, em nossa sociedade, quase tudo é signo de algo. Certas roupas são sinais de que a pessoa está na moda, certos carros são símbolos de status... é impossível realizar a maior parte de nossas atividade diárias sem o auxílio de símbolos. Até para ir ao banheiro precisamos interpretar símbolos (caso não, corremos o risco de entrarmos no banheiro errado). 

Na verdade, os signos foram uma das mais importantes e mais geniais invenções do ser humano. Antes dos signos, para nos referirmos a uma pedra, precisávamos mostrar a pedra. Imagine como seria incômodo levar várias pedras consigo para poder mostra-las toda vez que fosse necessário se referir a elas. É mais prático dizer o palavra pedra, não é mesmo. Os signos são isso mesmo: um substituto para as coisas. Eles estão no lugar das coisas, as representam. Claro que, além de falar pedra, eu também posso desenhar uma pedra. Essa é uma outra forma de representar a coisa pedra. 
Os signos sempre fascinaram os pensadores e são estudados desde a Grécia antiga, passando pela Idade Média e pelos filósofos iluministas. Mas uma ciência dos signos só foi se firmar no final do século XIX e início do século XX. Foi nessa época que Charles Sanders Pierce nos EUA e Ferdinand de Saussure na Europa começaram a produzir uma ciência dos signos. Os partidários de Pierce chamaram essa ciência de semiótica. Os adeptos de Saussure a chamaram de semiologia. A corrente saussureana se notabilizou pela análise dos signos lingüísticos, enquanto os pierceanos abriram sua análise também para outras formas de representação. 
 Pierce diz que signo é aquilo que está no lugar de outra coisa. A palavra pedra está no lugar da coisa pedra. Podemos dizer também que signo é tudo aquilo uma coisa que não seja ele mesmo. Uma pedra é apenas uma pedra, mas se uma empresa de construção convencionar que a pedra é seu símbolo, ela passa a ser um signo. 
Mas afinal, como funciona um signo? Como podemos nos referir a uma coisa sem a termos por perto? Muitos pensadores se debruçaram sobre essa questão e a maioria concluiu que um signo tem uma característica triádica, ou seja, é dividido em três partes. É o chamado triângulo semiótico.



Pierce chamou os três pontos da pirâmide de signo (a palavra pedra), imagem mental (a imagem da pedra que se forma em nossa mente) e objeto (a coisa pedra). 
Outros autores têm utilizado as expressões significante (a palavra pedra), significado (a imagem da pedra que se forma em nossa mente) e referente ( a coisa pedra).
O significante é o aspecto sensível do signo. Se estamos falando, são os sons que formam a palavra pedra. Se estamos escrevendo, é o conjunto de sinais gráficos que formam a palavra pedra. 
O significado é a compreensão que temos da mensagem. 
O referente é aquilo ao qual estamos nos referindo. Se dizemos a palavra pedra, o referente é a coisa pedra. Se dizemos praia, o referente é a coisa praia.
Há situações em que um significante tem mais de um significado. É o que acontece com as palavras que têm dupla interpretação. Por exemplo, a palavra bala pode ser de revólver ou de comer. Manga pode ser fruta ou pode ser manga de camisa. 
A poesia é essencialmente polissêmica. Quando o poeta diz “Tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra”, cada um de nós vê um significado na palavra pedra. Para uns podem ser as dificuldades da vida. Para outros pode ser uma pedra mesmo...
A polissemia é que permite os trocadilhos, um recurso muito usado pelos humoristas. Quando digo que a Rússia invadiu a Chechênia, essa frase pode ter tanto um significado político quanto sexual.
Por outro lado, pode haver erros de interpretação: o emissor está pensando em um referente, mas o receptor interpreta a frase com outro significado. É o caso de dizermos pedra e a pessoa entender Pedro. Esse fenômeno é chamado de ruído e é estudado pela teoria da informação. 
Um aspecto importante da semiótica é a necessidade de intérprete. Só temos signos quando há pessoas para interpretá-los. Qual o significado de uma árvore caindo em uma floresta deserta? Nenhum, pois não há ninguém ali para interpretar esse fato.
Por outro lado, os signos podem ser primários ou secundários. Signos primários são criados pelos homens para serem signos: palavras, desenhos, símbolos, sinais de trânsito...

Signos secundários são coisas que foram transformadas em signos. O arroz, por exemplo, é só um alimento. Mas no casamento, quando é jogado sobre o casal, ele representa a fertilidade. O automóvel é apenas um meio de transporte. Mas uma BMW é um símbolo de status, de que seu ocupante é uma pessoa rica e poderosa. Um pombo é apenas uma ave, mas nas manifestações pacifistas ele se torna um símbolo da paz e da liberdade. 
Um dos signos mais famosos de nossa sociedade é um signo secundário. Trata-se da cruz. A cruz, originalmente, era só um instrumento de tortura. Com o tempo, ele tornou-se o símbolo da religião e da fé cristã. Esse processe de transformação de coisas em símbolos é cultural e arbitrário. De repente alguém decide que algo vai representar tal coisa. Se pegar, aquilo passa a representar algo além dele mesmo. No início do cristianismo, por exemplo, o símbolo da fé cristã era um peixe. Foi um símbolo que acabou não pegando e os cristãos acabaram ficando com a cruz.
Segundo Pierce, se considerarmos a relação do signo com o referente, existem três tipos de signos: os ícones, os índices e os símbolos. 
Os índices, talvez os primeiros signos utilizados pelo homem, têm uma relação com contigüidade com a coisa representada. Ou seja, como sempre vemos um e outro juntos, passamos a associar uma coisa a outra. Por exemplo, como vemos sempre fogo e fumaça, logo associamos que onde há fumaça, há fogo. A fumaça virou índice do fogo. 

Os detetives trabalham essencialmente com índices: as pegadas no barro e a impressão são índices de que o ladrão fugiu por um determinado local. A pegada também pode ser um índice do tamanho do ladrão (uma pegada grande é índice de um homem alto, uma pegada pequena é índice de um homem baixo). 
A seguir, temos os ícones. 
Os ícones são signos que guardam uma relação de semelhança com a coisa representada. São o tipo de signo mais fácil de ser reconhecido. Não é necessário qualquer tipo de treinamento para identificar uma foto de um cachorro. Basta ter já visto um cachorro antes. Exemplos de ícones são fotos, desenhos, estátuas, filmes, imagens de TV. Um tipo especial de palavras também é considerada ícone: as onomatopéias, que representam os sons das coisas e dos animais.
Os símbolos são signos muito mais complexos. Imagina-se que eles só tenham surgido em uma fase mais avançada da civilização humana. Os símbolos não guardam qualquer relação de semelhança ou de contigüidade com a coisa representada. A relação é puramente cultural e arbitrárias. Para compreender um símbolo, é necessário aprender o que ele significa. As palavras, por exemplo. Para compreender que o conjunto de sinais PEDRA significa a coisa pedra, preciso ter sido alfabetizado, ou seja, passado por um treinamento.
Conta-se a história de um monge budista que, ao entrar em uma igreja católica, ficou chocado com aquela imagem de um homem sendo torturado. Ele codificou a cruz como um instrumento de tortura, e não como símbolo da fé cristã. 
São exemplos de símbolos as palavras, os símbolos matemáticos, os símbolos químicos, as bandeiras de países e clubes. Já se falou de coisas que podem ganhar o status de símbolo. É o caso do Tucano, que representa o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), ou a estrela, que simboliza o Partido dos Trabalhadores (PT). 
Os símbolos são criados no momento da criação do código. É o código que diz os sinais que são válidos e os que não são. É também o código que nos diz como os símbolos devem se relacionar entre si.
Às vezes um signo pode ter mais de uma classificação. É o caso da cruz. Ela é um ícone (de um homem sendo torturado), um símbolo (da fé cristã) e pode ser um índice (quando chegamos em uma cidade e queremos saber onde fica a igreja).
Por outro lado, é possível que um símbolo tenha características de ícone. É o caso de uma poesia sobre a chuva em que as letras vão caindo como gotas de chuva. 
As logomarcas das empresas normalmente são símbolos que apresentam características de ícones. Isso é feito para que a compreensão da mensagem seja mais rápida e funciona tão bem que até mesmo crianças que ainda não foram alfabetizadas conseguem ler logomarcas. Elas lêm visualmente.
As letras da Coca-cola, por exemplo, procuram reproduzir as curvas da garrafinha. A rede Globo tem, na sua logomarca, o famoso símbolo visual que é um globo no formato de TV com um globo dentro. Ou seja, o planeta dentro da TV.
Também acontece de um signo contaminar o outro e passar suas características para ele. Essa contaminação pode ocorrer por similaridade ou contigüidade. Dois signos semelhantes podem transferir seu significado um para o outro. Ao ver uma foto de um tigre, uma criança pode achar que se trata de um gato, devido à semelhança dos dois.
A contigüidade ocorre quando colocamos dois signos próximos um do outro. A foto de um político encimada pela palavra LADRÃO dará a entender que o político é desonesto. Fotos de pessoas junto à palavra FELICIDADE darão a entender que essas pessoas são felizes.

terça-feira, novembro 28, 2017

Feliz Natal!


A guerra dos gibis


A campanha do Dr. Fredric Werthan contra os quadrinhos teve um grande impacto no Brasil por causa de uma questão política.
     Segundo Gonçalo Júnior, autor do livro A Guerra dos Gibis, embora existissem iniciativas isoladas desde a década de 30, quando os quadrinhos de aventura chegaram ao Brasil, a campanha contra os quadrinhos só tomou fôlego na década de 40, graças a uma briga entre Roberto Marinho, do Jornal O Globo, e Orlando Dantas, do Diário de Notícias. Dantas estava ganhando mercado ao promover concursos em que os leitores do jornal concorriam a prêmios em dinheiro. Preocupado com a concorrência, Marinho usou sua influência junto ao governo Vargas para fazer com que fossem proibidos os prêmios em dinheiro.
            Dantas, agora sem o principal atrativo de seu jornal, passou a atacar Marinho pelo que considerou o seu ponto fraco: o fato de seu concorrente ser um dos principais editores de histórias em quadrinhos do Brasil (sua publicação Gibi acabou virando sinônimo de quadrinhos). Dantas, ex-repórter de Assis Chateaubrind, sabia que a melhor forma de um jornal sair de uma situação financeira difícil era comprar briga com um concorrente de peso. O Diário de Notícias passou a acusar os gibis de provocarem preguiça mental, inculcarem valores estrangeiros nos jovens e incentivarem a violência. Na verdade, Dantas não tinha nada contra quadrinhos, e, aliás, tinha sido um dos pioneiros a publicar tiras de jornais no Brasil (o humorístico Popeye), mas ele logo descobriu que a melhor forma de chamar atenção para si e alfinetar o rival era fazer acusações aos gibis.
Passou a ser moda falar mal dos gibis. Até mesmo quem nunca tinha lido uma revista se apressava a dar sua opinião. A jornalista Ivone Jean, do Correio da Manhã, por exemplo, escreveu um artigo no qual pedia reconhecimento público por ter roubado um gibi do consultório de um pediatra, impedindo assim, que as crianças tivessem contato com a leitura. Além de se vangloriar do crime, a jornalista admitia que sua birra se devia ao fato dela não compreender o código quadrinístico: “Não sei ler histórias em quadrinhos! Aprendi a ler da esquerda para a direita e linha após linha. As legendas atrapalhadas que ilustram os desenhos são impressas em caracteres estranhos e dançam em todos os sentidos”.
            Mas a campanha contra os gibis teria seu momento mais grave a partir de 1953. Dessa vez, além de Dantas, Roberto Marinho teria contra si Samuel Wainer, do jornal Última Hora. Assim como acontecera com o Diário de Notícias uma década antes, o diário de Wainer estava tomando leitores de O Globo, graças a inovações editoriais. Marinho concentrou sua artilharia no concorrente e descobriu que Wainer não era brasileiro, pois chegara ao Brasil com dois anos de idade. Na época a legislação proibia estrangeiros de terem veículos de comunicação no Brasil.
            Wainer vingou-se empreendendo uma dura campanha contra as histórias em quadrinhos que durou anos. Para isso foi destacado o repórter Pedro Morel. Este percebeu que a estratégia de maior impacto era acusar os gibis de serem responsáveis pela criminalidade infantil. Citando as pesquisas de Fredric Whertan, Morel defendeu que as histórias em quadrinhos ensinavam as crianças como cometerem crimes.
            Para provar o que dizia, Morel foi ao Reformatório de menores Saul de Gusmão atrás do maior criminoso juvenil da época, um tal de Lilico, apelidado de “Terror do subúrbio”. Para sua decepção, encontrou o rapaz jogando futebol, e não lendo gibis. Mas nem por isso achou que seria o futebol o responsável pelos crimes de Lilico. Os responsáveis deviam ser os gibis.
            Apesar da total falta de embasamento e de serem resultados de uma briga de mercado, as denúncias deram resultado. Nas portas das igrejas eram distribuindo panfletos orientando pais a não deixarem seus filhos lerem quadrinhos. Em alguns locais os professores tiravam cinco minutos diários de suas aulas para falarem dos riscos da leitura dos gibis.

            Um dos resultados dessa campanha se vê nos testes escolares. Desacostumados a ler, os estudantes são incapazes de interpretar os textos mais simples. Nos países em que a leitura dos gibis foi estimulada a realidade é outra. 

Todo mundo quer informação



Minha mulher me conta que, quando ela e a família moravam no interior, havia um objeto que jamais faltava na casa: o radinho de pilha. Era por ele que chegavam as informações sobre o que estava acontecendo noEstado, no país e no mundo. Essa história demonstra uma característica essencial do ser humano: a necessidade de informação.
Não importa como (internet, rádio, jornal, televisão), estamos sempre procurando novidades, querendo sair do marasmo do “nada de novo”. Essa necessidade é claramente visível nas crianças. O bebê que leva um objeto à boca está, a seu jeito, procurando informações sobre aquele objeto. É duro? Mole? Gostoso? Amargo? Doce?
Talvez eu seja um exagerado, mas acredito, sinceramente, que todos os grandes projetos da humanidade foram motivados pela busca da novidade. Por que Colombo descobriu a América? Porque a curiosidade o impelia. E os portugueses? Por que navegavam? Porque eles buscavam o novo, o diferente, o inusitado. A necessidade de informação era tão grande que eles desafiavam todo e qualquer perigo, real ou imaginário e perseveraram em suas viagens ao redor da costa Africana. Como dizia o poeta, “Navegar é preciso, viver não é preciso”.
Sim, eu sei. Muitos discordarão, argumentando que as grandes navegações tinham como objetivo a busca de riquezas. Verdade. Mas será que riqueza era a única coisa que impelia aventureiros como Cristóvão Colombo? Além disso, para que serve a riqueza? Para comprar novida-
des. Um vestido novo é uma novidade e, portanto, informação. Nunca ouvi falar de alguém são que pretendesse ficar rico para viverenclausurado em um quarto vazio.
Quero dar um exemplo recente: a chegada do homem à Lua. Os EUA gastaram milhões de dólares para quê? Para matar a curiosidade humana. O que há lá em cima? Como será andar na lua?
Claro, havia a guerra fria, que dava um grande incentivo ao programa espacial norte-americano. Mas será que foi a guerra fria que fez com que milhões de pessoas acompanhassem os passos de Neil Armstrong? Não. Foi a curiosidade. Todos queriam saber como seria a chegada da nave à Lua, o que aconteceria com os destemidos astronautas...
Essa é a razão pela qual a profissão de jornalista é tão importante: a matéria-prima do jornalismo é a informação. É o jornalista que leva as novidades às pessoas, seja através da internet, da televisão, do jornal ou de um radinho de pilha em uma casinha na beira do rio...

MAD 25


Na época da MAD 25 já fazia algum tempo que eu não colaborava com a revista e andava bastante ocupado. Mas o editor Raphael Fernandes me fez um convite irrecusável: escrever uma história para o grande Roger Cruz, famoso pela sua fase nos X-men. Tratava-se de uma sátira do filme Alice no país das maravilhas, que ainda ia estrear estrear. Eu resolvi fazer uma proposta diferente: ao invés  de ser a Alice do filme, seria uma Alice no país das armadilhas). A pobre e inocente Alice cai em um bueiro e vai parar em um país muito diferente do Brasil - repleto de malandros e políticos corruptos. Eu conhecia o traço de Roger Cruz e sabia que o cara era fera, mas não imaginava que ele iria se adaptar tão bem ao gênero humor. A pobre Alice cai em todos os golpes possíveis. Eu pensei na história como sendo um livro infantil e ele conseguiu pegar perfeitamente o espírito da HQ ao fazer um requadro pouco convencional. 

segunda-feira, novembro 27, 2017

Espiritismo e ciência

Apesar do espiritismo ser relativamente conhecido na sociedade brasileira, um aspecto seu é pouco dilvugado: a relação da doutrina espírita com a ciência. Ao contrário de outras religiões, que negam as descobertas científicas, o espiritismo sempre se valeu tanto das descobertas quanto de sua metodologia.
O fundador do espiritismo, Allan Kardec, era um educador famoso na época e influenciado por toda uma herança intelectual que vinha do iluminismo, em especial o filósofo francês Jean Jacques Rousseau, e tinha encontrado seu auge no positivismo de Augusto Conte.
Curioso, Kardec teve sua atenção despertada para o fenômeno das mesas girantes, sensação na época, em que mesas se elevavam no ar e respondiam às perguntas dos presentes com batidas no chão. Kardec analisou o fenômeno e percebeu que as respostas demonstravam inteligência e concluiu: “Se todo efeito tem uma causa, o efeito inteligente tem uma causa inteligente”. Portanto, as mesas girantes agiam sob orientação de espíritos inteligentes. A forma como demonstrou sua conclusão revela suas origens científicas. Desde os primeiros pesquisadores, a ciência tem procurado observar variáveis, identificando relações de causa e conseqüência.
Descartes dizia que a origem do conhecimento está na dúvida e Kardec vai aplicar essa máxima ao seu estudo e na estruturação da nova religião. Durante séculos, o conhecimento religioso foi visto como intocado, mas a ciência, segundo Kardec, havia saltado com pés juntos sobre os erros e preconceitos. “Neste século de emancipação intelectual e de liberdade de consciência, o direito e exame pertence a todo mundo, e as Escrituras não são mais a arca santa na qual ninguém ousa tocar os dedos sem o risco de ser fulminado”, escreveu ele no livro A Gênese. 

Em sua análise, Kardec usou o que pregavam os cientistas da época, o método indutivo: “Não (se) colocou como hipótese nem a existência e intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem nenhum dos princípios da Doutrina; concluiu(se) dos Espíritos quando essa existência se deduziu, com evidência, da observação dos fatos; e assim os outros princípios. Não foram os fatos que vieram confirmar a a teoria, mas a teoria que veio, subseqüentemente, explicar e resumir os fatos”, afirmou ele em A Gênese.
O método indutivo, em que se estuda vários casos singulares, para só então chegar a uma conclusão universal, foi posteriormente criticado por Karl Popper, mas na época de Kardec era o que havia de mais avançado no método científico. Tivesse vivido algumas décadas mais tarde, o criador do espiritismo provavelmente teoria usado o método hipotético-dedutivo de Popper, em que o cientista cria uma teoria e depois a testa em confronto com os fatos, procurando não confirmá-la, mas falseá-la.
Com o desenvolvimento da mediunidade, passou-se a estudar não só o fenômeno das mesas girantes, mas também a psicografia e os médiuns que incoporavam espíritos. Kardec levava, então, para as sessões, perguntas metodologicamente preparadas, com um encadeamento de assuntos. O resultado ele analisava, comparava, destacava as incoerências, e não simplesmente acreditava no que era dito. Nesse sentido, sua técnica lembra muito o primeiro princípio de Descartes segundo o qual não se deve aceitar como verdadeira uma coisa que não se conhecesse evidentemente como tal.
À indagação sobre o porquê da existência de encarnações sucessivas, a obra kardecista responde que o objetivo é a evolução espiritual. Depois de sucessivas encarnações, a alma iria avançando como uma criança que passa de uma série a outra na escola. A resposta tem sinais claros de influência da teoria da evolução de Charles Darwin. Enquanto a maioria das religiões da época combatiam ferozmente Darwin, Kardec o usava como referência para explicar sua doutrina. 

A importância das descobertas e métodos científicos para a nova doutrina ficam expostos no livro O Céu e o Inferno:“O que falta (à religião) neste século de positivismo, em que se procura compreender antes de crer é, sem dúvida, a sanção de suas doutrinas por fatos positivos, assim como a concordância das mesmas com os dados positivos da Ciência. Dizendo ela ser branco o que os fatos dizem ser negro, é preciso optar entre a evidência e a fé cega”.
Em oposição à fé cega, Kardec propõe aos adeptos do espiritismo a fé raciocinada, em que se deve sempre questionar, comparando a doutrina com os fatos e a lógica.

Se, no seu surgimento, o espiritismo bebe nas fontes do racionalismo cartesiano, do física newtoniana, do positivismo de Conte, nada impede que hoje ele beba em outras fontes, igualmente científicas, como a teoria do caos, a física quântica e a teoria da complexidade.

Marketing: Relacionamento é isso aí


            Antigamente, bastava ter um bom produto a um bom preço para vender bem. Hoje, com a grande concorrência, é necessário segurar o consumidor, até porque o preço para manter um cliente é cinco vezes menor que o custo para conquistar clientes novos. Para isso, é necessário criar um bom relacionamento não só com quem compra seu produto, mas também com a comunidade a sociedade de modo geral. Não é à toa que a responsabilidade social tem sido a palavra da moda.
            Um reflexo disso é o Festival Internacional de Publicidade de Cannes, que premia as melhores campanhas publicitárias do mundo. No ano de 2009, todas as campanhas premiadas tinham alguma preocupação social.
            O fotógrafo e publicitário Olivero Toscani, responsável pelas campanhas da Benetton, defende que o marketing deve expressar uma mensagem social. Sua campanha contra o racismo foi proibida na África do Sul na época do Apartheid e chamou atenção para a situação dos negros nesse país. Ao mesmo tempo em que essa campanha gerou um buzz marketing para a marca Benetton, ela também chamou atenção da comunidade internacional para a questão do racismo. Em 2008, trabalhando para a No-l-ita, ele fez uma campanha para alertar contra os perigos da anorexia. Dois outdoors com fotos de uma modelo anoréxica foram colocados em várias cidades italianas, gerando uma grande polêmica e chamando atenção da imprensa. A modelo deu várias entrevistas falando sobre como a indústria da moda acaba provocando essa doença em muitas meninas que sonham em ser como as modelos.

            O sucesso de tais ações mostram que, hoje, relacionamento é tão ou mais importante que o produto que está sendo vendido. 

Feliz Natal


A arte de Jack Davis, o mestre do terror e do humor


Jack Davis foi um desenhista norte-americano mais conhecido por seu trabalho para as revistas de horror da EC Comics e para a MAD, da mesma editora. Seu estilo, com figuras humanas distorcidas, com cabeças grandes, braços e pernas finos e pés enormes, se encaixava perfeitamente tanto no terror quanto no humor. Ele também cartazes publicitários, emprestando seu estilo único para filmes de Woody Allen e outros. Confira alguns trabalhos desse mestre.









Clarabela e o jornalismo

A primeira lição que eu tive sobre o jornalismo aconteceu muito antes de entrar na faculdade.
Eu era ainda uma criança quando li, numa revista Disney, uma história em que Clarabela era contratada como repórter. A situação era meio surreal, pois ela não era formada em jornalismo, não tinha experiência e nem mesmo pauta. O editor simplesmente mandou que ela fosse a campo em busca de notícias.
 A primeira matéria dela foi sobre coisas que aconteciam com ela: o que ela havia feito durante o dia, etc. Era até informação, mas que só interessava a ela e aos amigos. Quando o editor vê o texto, fica desesperado: "Não, a notícia não pode ser sobre você!".
E lá foi a Clarabela em busca de outra notícia...
Nisso ela passa na frente do banco e acaba sendo tomada como refém.
Apesar do assalto ter  sido algo que atiçara a curiosidade de todos, Clarabela não escreve a notícia, pois o fato havia acontecido com ela e o editor havia dito que ela não era notícia.
O leitor, esperto, descobria que ambos, editor e repórter eram verdadeiras antas e que notícia é informação, mas um tipo específico de informação: a que tem interesse público. 
Jornalismo trabalha com informação de interesse público. Simples, não? Pena que nem todos os jornais aprenderam essa lição.