quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Camiño di Rato 6 traz HQs que fogem do senso comum


            Pouco mais de um ano após a última edição, um novo caminho se abre. Desta vez, de cara, nota-se algo diferente no ar. Além do formato, esta edição é “duas em uma”. A Camiño di Rato normal segue por uma sala sadomaso. Pelo outro lado, ou seja, pelo fim, começa a CdiR “especial”. Nela o conteúdo é praticamente o mesmo. O que muda é o propósito. Já explico, antes voltemos ao caminho principal.
            Por ele temos a volta de Su&Side, miniconto de Rosemário Souza; Sem título 2, escrita por Matheus Moura (MM) e desenhada por Vinicius Posteraro; Pela longa estrada afora, de Guilherme Silveira (desenhos) e MM (roteiro); Acaso existencial, com desenhos de Décio Ramírez, e roteiro de MM; Vácuo, escrita por Gian Danton e desenhada por Luís Naza; O último gesto, de Elmano Silva; e Dois serenatas, de Fábio Turbay. Além disso, na parte interna há uma ilustração exclusiva do mestre Julio Shimamoto. A capa da frente foi desenhada por Fernando Mosca, enquanto a segunda é de Décio Ramírez – que ilustra o espaço desde a 3ª edição. É de D. Ramírez também o trabalho que figura em um editorial, enquanto Fábio Purper Machado fica a cargo de outro.
            Todos os quadrinhos aqui, alguns em maior e outros em menor grau, são histórias que fogem do senso comum. São HQs construídas para, além de entreter, fazer pensar. A maioria delas podem ser encaixadas no gênero de quadrinho chamado de poético-filosófico. A CdiR, desde o primeiro número, dedica-se a publicar esse tipo de material. No início era uma ou outra história. Com o passar das edições, cada vez mais essa se tornou a tendência: ter em suas páginas um número maior de quadrinhos poético-filosóficos – até este, a partir da 4ª edição, culminar como sendo a linha editorial da revista.
            Isso leva ao segundo caminho deste número: o especial. Nele a proposta é publicar o resultado “poético”, ou seja, a criação artística desenvolvida durante o mestrado em Arte e Cultura Visual realizado por Matheus Moura Silva na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, entre 2011 e 2012. Diferente das edições anteriores, esta não possui textos dos autores. A razão disso é: como a maioria dos trabalhos publicados fazem parte da dissertação, foi decidido que seria melhor o leitor ter acesso aos artigos sobre os processos criativos dos autores diretamente na dissertação. Para tanto é possível baixá-la por meio do link disponível na segunda capa ou acessá-lo direto pelo QR Code.
            Os autores pesquisados são: Antonio Amaral, Edgar Franco e Gazy Andraus. Para quem não conhece, Antonio Amaral é piauense, reside em Teresina, é artista plástico e pública quadrinhos desde sempre. A partir da década de 1990 passou a investir no seu projeto poético denominado Hipocampo – que é uma série em quadrinhos com quatro livros lançados. As HQs aqui são únicas e estão dentro do gênero discutido: o poético-filosófico. Edgar Franco e Gazy Andraus, são autores da casa e participam da Camiño di Rato desde a primeira edição. Ambos são mineiros e além de conterrâneos (de Ituiutaba), juntamente com Amaral, são alguns dos precursores do referido gênero. Isso justifica a escolha dos três para a pesquisa e criação conjunta.
            Na realização do trabalho, foi feito um estudo sobre processos criativos, histórias em quadrinhos, autorialidade, linguagem das HQs, delimitação do gênero poético-filosófico, além do detalhamento quanto à vida e obra dos três autores destacados. Eu (MM), parto ainda das minhas próprias experiências como criador a explicitar meu método de criação em algumas histórias.
            Como proposta para a pesquisa há ainda o fazer conjunto com os autores pesquisados. O resultado final pode ser visto nas páginas a seguir. São duas histórias construídas com Gazy Andraus, uma com Antonio Amaral e duas com Edgar Franco. Há ainda uma realizada a seis mãos entre Andraus, Franco e Moura. Cada HQ foi feita de modo diferente, a partir de algum método inusitado – para compreender melhor é só baixar a dissertação.
            Como “consideração final” posso dizer que a criação artística, ainda mais de quadrinhos tão dispares como esses, se dá mais pela exteriorização do inconsciente por meio da intuição, do que de modo racional e bem delineado. Essas, então, são histórias que surgem como aspectos do real (seja ele ideário) intrínseco a cada autor. Assim, o sentido transmitido pela mensagem acaba por dizer mais do autor e do seu entorno, do que dos personagens e suas situações. Por consequência, essas HQs dirão também sobre quem lê, pois cada interpretação realizada após a leitura será determinada pelo que foi sentido aliado ao próprio repertório do leitor.
           

Camiño di Rato

Formato: 15 x 23 cm
Preço: R$ 4,00
Cores e preto e branco.
Impresso artesanalmente por Marcatti.

Contatos e pedidos:


quarta-feira, fevereiro 27, 2013

As Barbies de Mariel Clayton

A fotógrafa africana Mariel Clayton é uma artista que se descreve como uma “Fotógrafa de bonecas com um senso de humor subversivo”. Eu honestamente não tenho como descrevê-la melhor.
Ela começou com uma câmera e um grande interesse em fotografias de viagem, mas quando descobriu, em uma loja de brinquedos em Tóquio, o surreal mundo japones das miniaturas tudo mudou. Desde então, trabalha com bonecas.
Usando Barbies e miniaturas japonesas como seu principal foco, ela cria cenários cheios de detalhes e humor negro, inspirados em eventos do cotidiano, cultura pop, música, etc. Leia mais

Prefeitura realiza tapa buraco nas ruas de Macapá




A PMM finalmente iniciou o trabalho de tapa-buracos. Com as chuvas, as ruas da cidade estavam repletas crateras. Achei interessante o cuidado que estão tendo. A equipe não só joga o asfalto nos buracos, mas também os prensa. Demora mais, mas garante maior durabilidade.

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

A estética Steampunk

Ao contrário da modernidade, que só tinha olhos para o futuro, a pós-modernidade se interessa pelo passado. Ou melhor, por uma releitura do passado. Não por acaso, o subgênero mais característico da ficção científica em nossa época é o Steampunk, em que se imagina como seria o mundo se a tecnologia tivesse se devolvido a partir das máquinas a vapor. E um dos aspectos mais interessantes do Steam é justamente a moda. Coloco abaixo algumas imagens interessantes que mostram o quanto esse subgênero avançou na questão estética.




















Programação do 1º Circuito Pré-Feira de Livros do Amapá 2013

26/02 (Terça-feira - Macapá)
8h
Local: Museu Sacaca
Abertura Artística e Oficial do 1º Circuito Pré Flap
10h
Mesa de debates: Minhas Leituras, Minhas Histórias
Camilo Capiberibe - Governador do Estado do Amapá (a confirmar)
Augusto Oliveira - Diretor do Iepa
Drª Sueli Pini - Juíza
Vinícius Maione - Coordenador do Parfor Ueap
Suzana Vargas - Coordenadora do Projeto caravana de Escritores da Biblioteca Nacional
15h às 16h
Local: Biblioteca Pública
Grupo de Contadores de História
17h às 18h
Palestra com autor convidado do Projeto Caravana de Escritores da Biblioteca Nacional:
Maurício Melo Jr.
19h às 21h
Local: Teatro Marco Zero
Encerramento da Oficina Flap de atuação poética, com a comunidade do Perpétuo Socorro
Sarau Literário

27. 02 (Quarta-feira - Macapá)9h às 10h30
Local: Biblioteca Pública
Mesa "Os Cenários Brasileiros E A Literatura" com os autores convidados do Projeto Caravana
de Escritores da Biblioteca Nacional:
Lulih Rojanski - AP
Claufe Rodrigues - RJ
Ricardo Cabus - MCZ
10h40 às 11h10
Palestra com o escritor amapaense Manoel Bispo Correa
11h15 às 11h45
Palestra com o escritor amapaense Tiago Quisgosta15h às 16h
Local: Biblioteca Pública
Grupo de Contadores de História
16h às 17h - Leitura dramática de livro do acervo do Proler
17h às 18h - Palestra com autor do Projeto Caravana de Escritores da Biblioteca Nacional:
Ricardo Cabus
27.02.13 (Quarta-feira - Abacate da Pedreira - Macapá)
10h às 12h - Apresentação da Flap para a comunidade
Grupo de Contadores de História
Grupo Flap de Poesia Falada
27.02. (Quarta-feira - Ilha de Santana)
15h às 17h - Apresentação da Flap aos moradores - Grupo de Contadores de História
Grupo Flap de Poesia Falada
19h - Sarau Literário
Local: Teatro Marco Zero
Show de poesia com Claufe Rodrigues - Autor do Projeto Caravana de Escritores da Biblioteca
Nacional

Veja mais programação aqui.

Capa definitiva do romance Galeão

A editora 9Bravos já definiu a capa definitiva do meu romance Galeão. Confira abaixo a sinopse: 

"Depois de uma noite de terror, em que algo terrível acontece, os sobreviventes descobrem que estão em um navio que não pode ser governado e repleto de mistérios. A comida está sumindo, alguém está cometendo assassinatos, uma mulher é violentada e o tesouro do capitão parece ter alguma relação com todo o tormento pelo qual estão passando."

Web: http://www.9bravos.com.br/catalogo/literatura/galeao/
Facebook: http://www.facebook.com/galeaodanton
 

Escritores nacionais participam do 1º Circuito Pré-Feira de Livros do Amapá 2013

Da Redação
Agência Amapá
O Governo do Estado inicia nesta terça-feira, 26, às 8h, no Museu Sacaca, a programação do 1º Circuito Pré-Feira de Livros do Amapá 2013 nos municípios. As atividades contarão com a participação da escritora e pesquisadora Suzana Vargas e do autor Maurício Melo Júnior, ambos do Projeto Caravana de Escritores da Fundação Biblioteca Nacional.
A programação foi organizada pelo Grupo de Trabalho composto pelas Secretarias de Estado da Cultura (Secult) e Educação (Seed), Conselho de Cultura, Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), Casa Civil, Universidade do Estado do Amapá (Ueap) e Escola de Administração Pública (EAP) e faz parte das ações realizadas para o Plano Estadual do Livro e da Leitura. Leia mais
Ps: Eu também estou no circuito. Em breve coloco aqui a programação.

domingo, fevereiro 24, 2013

"Eu moro em Macapá!"

Ontem conversei com o secretário municipal de finanças da Prefeitura de Macapá, Paulo Mendes. Perguntei porque ele assumiu o cargo, já que é a prefeitura está falida, sem dinheiro. Além disso, muito precisa ser feito. A antiga gestão deixou Macapá destruída, repleta de buracos e suja. Paulo conta que teve até que tirar dinheiro do bolso para comprar material de escritório, como papel e tinta.
A reposta: "Pelo desafio profissional e porque eu moro em Macapá. Quero ajudar a fazer desta uma cidade melhor".
Seria ótimo se todas as pessoas que ocupam cargos públicos pensassem assim, não?

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Imaginários quadrinhos em pré-venda

Para comprar, clique aqui.

Marca de Fantasia lança Amores plurais - quadrinhos sobre homossexualidade

Em 2012 a editora Marca de Fantasia realizou concurso para a escolha de quadrinhos de temática homossexual. Participaram autores de tiras e histórias longas, abordando várias expressões da
homossexualidade, como gays, ursos, lésbicas e transsexuais, seus problemas, conquistas e afirmação.
Foram inscritos 23 trabalhos de todo o Brasil.
Todos os quadrinhos trouxeram uma visão afirmativa da homossexualidade, alguns com crítica à homofobia, outros com lirismo ou tom didático. Os traços variaram do cartum, sobretudo nas tiras, ao realista, nas histórias mais longas, bem como o mangá. Um trouxe um traço estilizado e versos inspirados em literatura de cordel.


Para maiores informações, clique aqui.

Almanaque Meteoro 4 à venda


Acaba de sair o quarto número da revista ALMANAQUE METEORO, estrelada pelo jovem e poderoso super-herói que já cativou os leitores brasileiros. Meteoro, o Mascarado Voador vem com tudo em uma nova aventura repleta de ação, mistério e tramas paralelas que vai te fazer roer as unhas a cada folhear de página.

Em “As afiadas garras da justiça”, além do relacionamento complicado que mantém com seu pai, Roger Mandari – o alter ego de Meteoro – vislumbra, enfim, alguma chance de conquistar o coração de Laura Lopez, a garota mais linda do Colégio Central. Mas isso logo é colocado de lado quando, em missão especial ao Rio de Janeiro, o intrépido herói se vê às voltas com o feroz Guepardo, uma figura quase mítica que ressurge dos “Anos de Chumbo” da história do Brasil em busca de justiça.

Em meio a um dos combates mais ferrenhos das HQs modernas, tendo como palco várias locações da Cidade Maravilhosa (o Cristo Redentor, o Morro da Urca, Copacabana e até mesmo a Rocinha), estreia também um sujeito chamado Repressor, com toda sua truculência, coturno e cassetete.
  
 Destaque para o encontro dos chefões do submundo do crime, Nico Bazzuca e Encapuzado enquanto que, pairando sobre tudo e todos, está o enigmático e manipulador empresário Rex Ninrode. Como não poderia deixar de ser, a trama é escrita por Roberto Guedes, e a arte fica por conta de Fábio Cerqueira. O autor garante que o final é altamente inspirador e emocionante.

Guedes também assina a segunda história “O enigma de Semíramis”, uma superprodução sci fi, com a première do galante Capitão X. Num futuro não tão próximo, uma pequena equipe de pesquisa de Nova Babilônia se depara com o que restou de um satélite natural de Theia, o lendário planeta que se chocou com a Terra no princípio do universo. Mas tudo que o grupo encontra por lá é perigo, terror e morte. Afinal, quem ou quê habita naquele lugar? Desenhos arrojados de Aluísio de Souza com arte-final precisa de André Valle.

A publicação ainda traz a divertida “Chá das cinco”, história backup escrita por Valle e desenhada por William, além das já tradicionais pin-ups, seção de cartas e uma nova coluna, o “Boletim Manifesto”. Diversão garantida para quem curte uma boa leitura e quadrinhos de alta qualidade. Para adquirir um exemplar autografado, escreva para o e-mail guedesbook@gmail.com mas peça logo, pois a tiragem é limitada.

ALMANAQUE METEORO 4
Guedes Manifesto Produções Editoriais
Blog: http://guedes-manifesto.blogspot.com.br
Editor: Roberto Guedes
Diagramação: Sandro Marcelo
Formato: 14 x 20 cm
36 páginas – miolo P/B, papel alvo branco
Capa colorida, papel supremo 250 g – arte: Rom Freire (após Ross Andru), cores (Zé Borba)
R$ 10,00 (frete incluso)

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Fredric Wertham manipulou dados do livro Sedução do Inocente

Por Sérgio Codespoti   Siga Sérgio Codespoti no Twitter   | 20-02-2013
Dra. Carol L. Tilley
A Professora Dra. Carol L. Tilley, da University of Illinois Graduate School of Library and Information Science, afirma que o psiquiatra Fredric Wertham manipulou os dados usados no livro A Sedução do Inocente.
Num artigo publicado no Information & Culture: A Journal of History Tilley revela que Wertham modificou os dados obtidos em seus estudos para escrever o livro, como, por exemplo, a idade das crianças, a omissão de fatores mitigantes e a distorção de citações.
Em 1954, Wertham foi chamado para depor sobre delinquência juvenil, na subcomissão do senado dos Estados Unidos, justamente em virtude dos "méritos" do livro Sedução do Inocente. O resultado direto da investigação foi a criação do Comic Code Authority, o código de censura dos quadrinhos e a falência da E.C. Comics, na época a mais relevante editora de quadrinhos dos EUA, especializada em histórias policiais e de terror.
A pesquisa de Tilley foi iniciada com um propósito diferente. Quando os arquivos pessoais do psiquiatra - que faleceu em 1981 -, preservados na Biblioteca do Congresso, foram colocados à disposição do público, em 2010, ela buscava saber se Wertham havia trocado correspondência com bibliotecas e bibliotecários naquele período. O que ela descobriu, entretanto, foi a manipulação sistemática das entrevistas e de outros dados usados no preparo do livro. Leia mais
PS: Eu costumava citar a pesquisa do Werthan nas minhas aulas de metologia científica como um exemplo de como não utilizar o método hipotético-dedutivo (a pesquisa tinha erros metodológicos graves). Agora descobre-se que ele forjou e manipulou dados. E pensar que todo o preconceito que até hoje existe contra os quadrinhos tem como origem essa pesquisa fajuta do Werthan.

A pedagogia humanista

“Não sabemos quanta capacidade de criação é morta nas salas de aula”
Alexander Neill

  
            Em oposição à pedagogia tradicional, que tinha como valores a disciplina, a transmissão de conteúdos do professor para o aluno e a memorização, surgiram vários paradigmas educacionais propondo novos pontos de vista. Um deles foi a educação humanística, também chamada de não-diretiva, representada pelo escocês Alexander Neill e pelo norte-americano Carl Rogers.
            Nessa abordagem o aluno não é um simples depositário de conhecimentos e a função do professor não é apenas transmitir informações, mas principalmente criar condições para que os alunos aprendam.
            Para esse paradigma, o objetivo da educação é a realização plena do ser humano e o uso pleno de suas potencialidades e capacidades.
            O homem é visto como uma totalidade, um organismo em processo de integração, uma pessoa na qual os sentimentos e as experiências exerçam um papel muito importante, como fator de crescimento. Enquanto na educação tradicional, o professor deve se manter o mais distante possível do aluno, e não deve se envolver emocionalmente, na educação humanística só há aprendizado quando há envolvimento emocional.
            Essa postura não aceita qualquer projeto social que seja baseado no controle e na manipulação das pessoas, ainda que isso seja feito com a justificativa de “tornar as pessoas mais felizes”. Ao contrário, as pessoas devem ser acostumadas desde pequenas à autonomia e a assumirem a responsabilidade das suas decisões pessoais.
            Na escola de Summerhill, que Alexander Neil fundou e dirigiu durante anos na Inglaterra, todas as decisões importantes eram tomadas em assembléias aos sábados, em que participava toda a comunidade acadêmica, do diretor aos alunos mais jovens. Ali todos tinham direito a um voto. Eram nessas reuniões que se estabeleciam as regras da escola: quando e como ver televisão, a que horas ir deitar, quando acordar, qual a próxima peça de teatro a ensaiar, que comida a maioria prefere, o que fazer com a menina que gosta de quebrar janelas...
            Segundo Rogers, o indivíduo é capaz de dirigir-se a si mesmo, de encontrar na sua própria natureza o seu equilíbrio e os seus valores. A alienação do homem consiste em não ser fiel a si mesmo. Para esse autor, somente quando o homem sente-se incondicionalmente aceito, ele se atreve a aceitar-se como é e abrir-se para o processo de aprendizado.
            Um testemunho de um professor de Summerhill, publicado na revista Realidade (1968), dá o tom da relação dos professores com os alunos em uma escola em que não era obrigatório nem mesmo freqüentar as aulas: “Você não sabe o que é ter uma classe onde quem está lá porque quer, porque escolheu aprender... Como em Summerhill ninguém pergunta a ninguém se vai ou não para a escola, ficamos logo viciados em sinceridade. Preciso estudar para acompanhar a criançada. Quem resolve aprender, não só vai a todas as aulas, como não dá folga para a gente: quer saber cada vez mais”.
            Esse paradigma parte da crença rousseauriana na bondade original: “Crianças livres e felizes não têm probabilidade de ser cruéis. A crueldade, em muitas crianças, nasce da crueldade que adultos exercem sobre eles”, dizia Neill. Da mesma forma, as crianças têm uma curiosidade natural, uma vontade de aprender, que a escola deve estimular.
            Aos que acusavam seu método de criar deliquentes, Neill respondia que o que torna as pessoas neuróticas e delinqüentes são o moralismo e a repressão sexual. Para ele, a neurose é conseqüência da falta de amor e de aceitação. Para Neill, por exemplo, o interesse das crianças em assuntos escatológicos surge da própria repulsa com que os pais tratam esse assunto: “Lembro-me de uma menina de 11 anos. Seu único interesse na vida eram os banheiros, os buracos de fechadura. Substituí aulas de geografia por outras referentes ao seu assunto predileto, o que a fez muito feliz. Dez dias depois, quando quis continuar as lições especiais, ela protestou, entediada: Não quero mais ouvir falar nisso. Estou farta de falar nessas coisas”, conta Neil.
            É importante destacar a diferença que Neil faz entre liberdade é licenciosidade. Licenciosidade é fazer o que se quer. Liberdade é agir dentro de limites estabelecidos pela liberdade do outro. Um aluno de Summerhill podia fazer o que quiser, desde que não incomodasse os outros. Se isso acontecesse, o caso seria levado à assembléia.
Um equívoco comum é com relação à forma como esse paradigma via a figura do professor. Rogers preferia chamar os professores de facilitadores. Essa palavra foi se deformando com o tempo e hoje perdeu quase completamente seu significado original. Para muitos, o facilitador é alguém que transfere a responsabilidade de aprendizado para o aluno. Exemplos disso são os professores que no primeiro dia de aula dividem os assunto pelos diversos alunos e os mandam depois apresentar o resultado dessa pesquisa (que quase nunca é pesquisa, mas apenas repetição de idéias de um autor já demarcado, numa relação, no fundo, bastante autoritária). Muitas vezes os professores não fazem nem comentários aos trabalhos dos alunos.
O facilitador, para Rogers, é alguém que: tem confiança na relação pedagógica e cria um clima apropriado para a convivência; informa, apresenta aos alunos uma base para que eles possam avançar; aceita o grupo e cada um de seus membros (essa aceitação deve ser não só intelectual, mas também afetiva); alguém que se converte em um membro do grupo e participa ativamente do ato coletivo da aprendizagem; é congruente, isto é, consciente de suas próprias idéias e sentimentos.  
Ou seja, facilitador é alguém que cria condições para o aprendizado, incentivando os alunos a se aprofundarem nos assuntos de acordo com seus interesses. Por exemplo, após uma aula sobre a África, os alunos poderiam se aprofundar em temas como o tráfico de escravos, as religiões africanas, etc... e depois compartilharem suas descobertas com os colegas. É muito diferente de simplesmente deixar os alunos darem aulas no lugar do professor, como alguns têm entendido a proposta humanística.
Anos depois de serem expostas, as idéias humanísticas ainda nos fazem pensar. Especialmente porque boa parte de suas propostas foram deturpadas. A não-diretividade tem sido vista como um “deixai fazer, deixai passar” que não é encontrado na proposta original. Pensadores como Alexander Neill e Carl Rogers nos mostram que a educação deve ser centrada no aluno, mas que o professor deve providenciar-lhe uma base que lhe permita aprender. Além disso, eles nos ensinam a importância da afetividade no processo educacional. Os alunos só aprenderão se for estabelecido um clima de amizade, em que todos sejam aceitos com suas próprias características.

terça-feira, fevereiro 19, 2013

Resenha sobre a antologia Deuses


O blog do Joe de Lima publicou uma resenha sobre a a antologia Deuses, da editora Infinitum, da qual participo com o conto "Canção pra você viver mais". Para ler, clique aqui.

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Pão quentinho à toda hora

Toda vez que ouço a expressão "Pão quentinho à toda hora", muito comum nas fachadas das padarias, lembro de um episódio de quando eu morava em Curitiba e fazia frilas de publicidade.
O dono da agência me pediu uma campanha envolvendo rádio, jornal, outdoor e televisão e deu o seguinte briefing: A padaria X se localizava num bairro mais ou menos próximo ao centro, mas a qualidade de seus produtos, especialmente da lanchonete, era tanta que muitas pessoas saiam do centro ou até de outros bairros para ir lanchar lá. O objetivo da campanha era estimular esse comportamento, fazendo mais e mais pessoas se deslocarem de suas casas até a padaria.
Eu bolei a campanha "A melhor desculpa para sair de casa". Nos anúncios de TV e rádio, por exemplo, um rapaz aparecia saindo pela porta e a mãe reclamava que ele nunca parava em casa. Quando se descobria que ele ia na panificadora X, ela não só deixava, como ainda fazia uma encomenda de algum lanche e nessa hora apareciam váiros outros parentes pedindo também algum quitute. Era uma situação que podia ser usada com variações: o marido querendo sair de casa, etc.
O cliente não gostou da ideia e o dono da agência passou para outra pessoa fazer a criação.
Um mês depois eu vi a campanha na rua: era simplesmente a imagem da padaria e os dizeres: "Pão quentinho à toda hora".

O menino torturado durante a ditadura militar

Militares prendiam e torturavam até mesmo crianças.
A revista Istoé trouxe, na edição de 29 de janeiro, uma história que mostra bem como foram os anos de chumbo da ditadura militar brasileira: o relato de um homem que, quando tinha um ano e oito meses, foi preso e torturado pelos militares. O crime: sua mãe tinha em casa livros proibidos. Leia a história completa aqui.
Ps: Esta semana o rapaz se suicidou. Mais uma morte na conta dos militares.

Zumbis nas bancas de Macapá

O álbum zumbis e outras criaturas das trevas já está nas bancas de Macapá. Esse exemplar eu encontrei na banca da praça Nossa Senhora da Conceição. Entre as histórias, uma minha com arte do mestre Walmir Amaral.

PMM inicia processo de tapa- buracos em Macapá com nova tecnologia

Por intermédio do senador Randolfe Rodrigues, técnicos da Petrobrás vem a Macapá para discutir outras soluções para a pavimentação de qualidade.

Após uma conversa no Rio de Janeiro, na sede da BR Distribuidora, entre o Senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Deputado Federal Evando Milhomen (PCdoB) e o presidente da empresa, José Lima, foi designada uma equipe de técnicos da Petrobrás para vir a Macapá e buscar soluções para o problema dos buracos nas vias da cidade. A equipe chega hoje, segunda-feira (18) e vai reunir com o prefeito Clécio Luís e o secretário de Obras (Semob), Elder Fábio do Carmo.

Os serviços devem ser iniciados no próximo dia 21. A ideia é fazer o serviço emergencial para amenizar o problema, no primeiro momento. Após o inverno será realizado um trabalho mais efetivo e com maior durabilidade, realizado pela Semob.

A nova tecnologia as ser usada será é a chamada “asfalto-frio”. Fabricado em alta temperatura com tecnologia de aplicação à frio, o que garante melhor compactação do material. O asfalto pode ser aplicado mesmo após fortes chuvas, resiste á umidade e de fácil aplicação, o que promove a redução de custo de mão de obra e garante mais economia. 

De acordo com o prefeito de Macapá, a péssima qualidade do asfalto usado nos últimos anos na capital é um dos principais motivos da proliferação de buracos. “Com a chegada o inverno eles só pioraram”, explicou Clécio. “Queremos alternativas mais eficientes que apenas usar a chamada ‘borra’, já que sabemos que esse problema é antigo”, completou. 

Fonte: Assessoria do Senador Randolfe Rodrigues