domingo, julho 31, 2022

Fundo do baú - Túnel do tempo

 


The Time Tunnel (no Brasil, O Túnel do Tempo) foi um seriado de TV realizado por Irwin Allen nos anos 60, que mostrava as viagens no tempo de dois cientistas: (Robert Colbert, como Doug Phillips, e James Darren, como Tony Newman).
Eles eram monitorados por uma equipe que permanecia no laboratório e os acompanhavam em seus deslocamentos no tempo através de imagens que recebiam pelo Túnel do Tempo. A equipe estava sempre tentando encontrar um meio de trazê-los de volta, ou então tentavam ajudá-los por intermédio dos recursos de que dispunham, como precárias transmissões de voz ou envio de armas ou equipamentos, quando possível. Quando tudo falhava, tiravam-nos de uma época e os enviavam para alguma outra data incerta do passado ou do futuro, dando início a um novo episódio.
Os personagens viajavam pelos mais diferentes períodos históricos, indo parar até mesmo no Titanic pouco antes dele afundar.  
Nos episódios eram utilizados imagens de arquivo de filmes da Fox, como O Mundo perdido, Príncipe Valente e até do seriado viagem ao fundo do mar. A regra da televisão na época era: lavou, tá novo.
Devido ao elevado custo de produção, esse seriado durou apenas uma temporada, com 30 episódios.

Discutindo Filosofia - especial Karl Marx

 

A revista Discutindo Filosofia, da editora Escala, publicava diversos especiais temáticos. Um deles foi sobre Karl Marx, lançado provavelmente no ano de 2013 (a Escala nunca colocava data nas revistas, provavelmente como estratégias para colocá-las de novo nas bancas). Eu colaborei com dois artigos, um sobre a Escola de Frankfurt e outro sobre o livro Para ler o Pato Donald, ambos de grande impacto nos estudos da comunicação. 

Entenda por que os comentários estão sendo moderados


 - Gian, entrei no seu blog e tentei comentar numa matéria, mas não ele não foi publicado imediatamente 

- Infelizmente eu tive que acionar a moderação de comentários. 

- Mas por quê? 
- Olha o tipo de comentário que os bolsominions estavam postando. 



- Caramba, são dezenas de comentários iguais o cara já começa te chamando de stalinista! 

- Pois é, virei um "extremista de esquerda stalinista"! 
- Caramba! 
- É o culto à personalidade. Como eles consideram o Bolsonaro um semi-deus, qualquer um que não o idolatre é imediatamente chamado de comunsita, petista, stalinista, dentista, skatista, surfista, remista. E pode colocar na conta vários outros "comunistas": Jim Starlin vira marxismo cultural, Raul Seixas vira marxismo cultural, Alan Moore vira marxismo cultural. E, para eles, comunista precisa ser preso. Para eles a Globo é comunista, a Folha de São Paulo é comunista, o Estadão é comunista. Esse tipo de gente só se informa pelo zap zap e por canais bolsonaristas como o Terça-livre. Qualquer coisa fora disso é comunismo. 
- O cara está te chamando de lulo-petralha?!!!



- Pois é, eu que nunca votei no PT, que sempre critiquei o PT, que na época da faculdade vivia em pé de guerra com os petistas da turma, de repente virei petralha só porque me recuso a idolatrar o mito. 
- E você praticamente nem fala de política no seu blog. 
- Pois é. Mas a estratégia deles é Dart Vader: ou você idolatra o Capitão ou é comunista, stalinista, petista, skatista, surfista, dentista, remista. Teve um "amigo" bolsominions que ameaçou me dar um soco só porque eu disse que político é para ser cobrado não para ser idolatrado. Outro disse que o pior tipo de "comunistas" são os "isentões": isentão aí significa alguém que se recusa a idolatrar o mito deles, mas ao mesmo tempo não idolatra o Lula, que se recusa a tecer elogios à ditadura militar, mas também não elogia a Coréia do norte. Antigamente para ser comunista precisava ser fã do Karl Marx, precisava ler o Manifesto Comunista, precisava acreditar em ditadura do proletariado. Hoje em dia, para ser comunista, basta não idolatrar o mito.
- Ele te acusa de cometer um gesto lulo-petista. Que gesto lulo-petista é esse?
- Me recusar a idolatrar o mito. Para quem escreveu esse comentário, qualquer um que não idolatre o mito está cometendo um gesto lulo-petista. Ou seja, na cabeça dele, está cometendo um crime. São pessoas que só se informam pelo zap zap e por vídeos de teoria da conspiração.
- Caramba, estou lendo aqui. O cara está ameaçando te denuncia... Te denunciar para quem? 
- Para os militres, provavelmente. 




- Estou vendo aqui. Ele te acusa de doutrinar os alunos. Fui seu aluno e você nunca falou de política em sala de aula. 
- Deve ser porque uso camisas da Marvel em sala de aula. Dizem que estou doutrinando os alunos a gostarem da Marvel. Nisso, confesso, sou culpado. Mas em minha defesa posso dizer que gosto da DC quando ela é desenhada pelo Garcia-Lopez.... rsrs... 
- Nossa, o cara diz que vai fazer você perder o emprego! Chega até a te chamar de estelionatário! 
- Só faltou dizer que vai me prender e  torturar pessoalmente para que eu confesse todos os meues crimes...kkkk Tudo isso porque eu me recuso a idolatrar o Capitão. E é esse pessoal que diz que é a favor da liberdade. A liberdade que eles querem é a liberdade de poder denunciar e prender quem pensa diferente deles. E como você pode ver, postaram essas ameaças dezenas de vezes no blog antes que eu bloqueasse os comentários. É por isso que não é mais possível comentar no meu blog. Infelizmente, tive que bloquear essa possibilidade de contato com meus leitores por causa desse tipo de comentário ameaçador.   
- Assustador, melhor manter os comentários do blog moderados mesmo.  
- Pois é. Melhor do que dar voz a gente desse naipe, que só se informa pelo zap zap e acredita em todas as teorias da conspiração possíveis. 

Black Mirror – quinta temporada

 


Black Mirror é uma série curiosa. Gostar ou não gostar está diretamente relacionado ao que reverbera em cada expectador. O que é genial para uns, é decadência para outros. Episódios de outras temporadas que foram apontados como prova da decadência da série, hoje são apontados por muitos como pontos altos. Talvez o fato de falar de um fenômeno que está à nossa volta torne uma análise mais fria impossível – daí as críticas apaixonadas.
Nesta temporada temos apenas três episódios, todos escritos pelo criador da série, Charlie Brooker. Em pelo menos dois o tema principal é o mundo de simulacro hiper-real em que vivemos. Abaixo as análises episódio por episódio.

“Striking Vipers” mostra dois amigos unidos pelo vídeo-game. O episódio foi gravado em São Paulo, mas uma Sampa de FC no qual o protagonista faz um churrasco em seu aniversário com hamburgeres e salshicas e em determinado momento atende o celular em pleno viaduto de santa Ifigênia. Essa incoerência parece refletir, sem querer, o cerne de alguns dos melhores episódios de BK: o mundo irreal que nos chega através da mídia, mas que parece tão fascinante e interessante. Ou seja: black mirror acaba sendo aquilo que ela mesma denuncia. O roteiro mostra os protagonistas apaixonados por personagens de vídeo-game – quem joga diz que já viu algo assim. O final poderia ter sido mais interessante, mas a discussão levantada é realmente válida: quando o simulacro se torna tão importante que é capaz de provocar sentimentos de amor e paixão que o mundo real não consegue.

“Smithereens” mostra um homem que sequestra um funcionário da mais famosa rede social do mundo e exige falar com o dono. É um bom triller, muito bem construído, com atuações realmente de destaque, que seguram a atenção do expectador mesmo ocorrendo dentro de um carro e essencialmente com duas pessoas. Mas fica a impressão de: “afinal, por que ele está realmente fazendo isso?” - algo confirmado no momento em que o sequestrador diz, ao dono da rede social, que pouco importa como ele vai usar isso.

“Rachel, Jack e Ashley Too” é o mais interessante e mais controverso. Pode ir do pior episódio da temporada ao melhor, dependendo de como se encara. Na história, a identidade de uma cantora pop é transferida para uma boneca – com um bloqueador que deixa que ela diga apenas frases motivacionais. O episódio alterna entre narrativas paralelas: de um lado a garota que comprou a boneca, do outro a cantora pop, interpretada por Miley-Cyrus. A discussão é muito interessante: num mundo de simulacro até que ponto os ídolos são pessoas reais ou produtos fabricados pela mídia? E o que sobra da pessoa real por trás desse produto? Mas, como o episódio é protagonizado por Miley-Cyrus, ela mesma uma cantora pop (que provavelmente Charlie Brooker tentou agradar)  a crítica não vai muito longe e o roteiro passa a ter um tom de “vamos salvar o dia” e  acaba tendo um final otimista que destoa do tom distópico do restante da série. É possível que, retiradas essas limitações, com a abordagem, por exemplo, do drama de uma pessoa real aprisionada em uma boneca, fosse um dos melhores episódios de todas as temporadas. Aliás, bastava uma cena a mais para resignificar aquele final, deixando-o realmente com a cara de Black Mirror.  

Conan em Nova York

 


A edição 43 da revista Heróis da TV troux como principal atração uma história de Conan publicada na revista What if (aqui traduzida como O que aconteceria se...) em 1979. Na história, Conan surge na Nova York da década de 1970 em pleno apagão. O desenho de John Buscema como arte final de Ernie Chan dispensa apresentações. O visual rico da história enche os olhos do leitor desde a capa. O desafio ficou mesmo por conta do roteirista Roy Thomas: como trazer o cimério para nossos dias e manter a verossimilhança da história? Afinal, Conan é um personagem de fantasia capa e espada. Como adequar isso a um ambiente urbano contemporâneo. Thomas resolve isso através de um truque esperto: Conan veio para nosso tempo através de magia.
Conan vai para o futuro e se apaixona por uma taxista. 


A HQ é tão repleta de ação que o leitor facilmente esquece a descrença e embarca na história, apesar de algumas incoerências (Conan se apaixona por uma taxista e parece cavaleiro demais - em determinado o texto diz que ele está esganando um homem com a mão direita, quando o desenho o mostra fazendo isso com a mão esquerda, que havia levado um tiro).
No final, é, acima de tudo uma história divertida. Destaque para o humor de Roy Thomas, que brinca o tempo todo com o fato de que os personagens não falam a mesma língua, o que provoca diversos equívocos. 

Registro histórico

 

Na foto, tirada provavelmente no ano de 1996, Álvaro de Moya ministrando palestra na Gibiteca de Curitiba. Na primeira fila eu, Antonio Eder, Luciano Lagares e José Aguiar (co-criadores do Gralha e da graphic Manticore). Moya foi um dos mais importantes pesquisadores de quadrinhos do Brasil. Seu livro Shazan! é até hoje uma das principais obras sobre o assunto já publicadas no Brasil. Foi nesse dia que eu comprei meu exemplar autografado.

Monstro do Pântano – Estranhos frutos

 


Em gótico americano, Alan Moore revisitou os principais monstros do terror. Nos números 41 e 42 ele abordou os zumbis, como sempre de maneira revolucionária.

Na trama, uma equipe de TV está gravando uma soap opera em um velho casarão sulista. Mas o local está impregnado de tragédia e maldição, um horror que virá à tona quando os atores encarnarem as pessoas reais que moraram ali.

A história começa com uma sequência em visão subjetiva. O leitor entra no casarão e parece ouvir os fantasmas. 


A história inicia como se o leitor estivesse entrando na casa e descendo ao porão até parar numa coluna manchada de sangue. O diálogo é colocado na forma de legendas, como se reverberasse pela estrutura da casa assombrada: a esposa do senhor envolveu-se com um negro. Quando descobriu, o senhor de escravos levou o escravo até o porão e esfolou-o.

A trama pula para os dias atuais e temos novamente um trio, mas agora com papéis trocados: a mulher é racista e tem nojo do ator negro, enquanto o ator que faz papel de seu marido faz de tudo para ser aceito pelo ator negro. Essa situação vai se invertendo quando os fantasmas do passado encarnam nos atores e eles passam a representar o drama real. Ao mesmo tempo, os mortos levantam da tumba e vão até o casarão, exigindo sua liberdade.

A sequência do morto que não consegue descansar é uma das melhroes. 


Curiosamente, as melhores sequências são focadas nos zumbis. É também quando o texto de Moore encontra seu ápice: “Mas uma coisa todos queriam sem exceção: liberdade. Liberdade desse solo ruim, onde ressentimentos enterrados envenenam as raízes do mundo e de todas as culturas. Liberdade dessas terras contaminadas que deitam frutos tão amargos”.

É um zumbi que protagoniza a impressionante sequência final, repleta de humor ácido e critica social. Um dos mortos vivos apresenta-se como candidato à vaga como bilheteiro em um cinema. O próprio dono do cinema afirma que é um trabalho lamentável, em que as pessoas são obrigadas a passar horas sem comer ou ir ao banheiro, por isso poucos ficam muito tempo. “Tudo bem, quando eu começo?”, responde o zumbi. “Olha, gostei da sua atitude. Você não resmunga sobre condições de trabalho nem vem com papo de sindicato. Não se fazem mais trabalhadores assim”. A metáfora é óbvia: algumas vagas de trabalhos são tão entediantes e deploráveis que só poderiam ser ocupadas por zumbis.

A parte final da história é cheia de homenagens a filmes de zumbis. 


Uma curiosidade é que, nessa sequência final, os filmes que estão passando no cinema são todos de zumbis, como A noite dos mortos vivos, o famoso filme de George Romero que redefiniu o gênero.

Providence: Alan Moore explora do universo de Lovecraft

 


Providence é um dos trabalhos mais recentes de Alan Moore e a terceira investida do autor inglês na obra de H.P. Lovecraft (a primeira foi no Monstro do Pântano, a segunda em Neonomicon).

O plano de Moore é ousado: não só costurar todo o universo lovecraftiando em uma única história, mas interliga-lo com quase toda a literatura do século XX, tendo como pano de fundo de que a arte é um tipo de magia: quando, por exemplo, escrevemos sobre algo, estamos tornando aquilo real. Moore tem dissertado bastante sobre sua ideia de que ficção e realidade são instâncias que se tocam e influenciam, de modo que a linha entre elas é tênue e nebulosa. Esse é o mote de Providence.
Moore transforma Lovecraft em personagem de sua série. 


A história, lançada aqui em três volumes encadernados pela Panini, acompanha um jornalista gay nova-iorquino e sua saga pela nova Inglaterra em busca de tradições locais. Com isso ele se depara com um estranho culto. A narrativa é lenta e se torna necessário conhecer a obra de Lovecraft para entende-la em plenitude: os personagens de diversas histórias de Lovecraft vão surgindo.

sábado, julho 30, 2022

A arte extraordinária de Mark Schultz

 

Mark Schultz é um quadrinista norte-americano de fantasia conhecido por sua série autoral  Xenozoic Tales sobre um mundo pós-apocalíptico em que dinossauros e outras criaturas pré-históricas convivem com humanos. O desenhista também teve passagens pela DC Comics, onde desenhou o Super-homem. Confira sua arte espetacular. 






Pororoca Hotel, em Ferreira Gomes

 


 Uma ótima dica para quem visitar Ferreira Gomes é o hotel Pororoca. Situado à beira do rio Araguari, é um ambiente agradável, longe da muvuca e do som alto. Um local para relaxar ao som dos passarinhos e da água do rio. Alguns apartamentos têm sacada de frente para o rio, o que é uma atração a mais. O hotel também conta com uma trilha e um parque temático sobre as lendas da amazônia. A garotada com certeza vai adorar mergulhar nesse universo mitológico. Os contatos para reserva são o e-mail pororocahotel@bol.com.br e os telefones (96) 33261436 e (96) 999717424. Confira abaixo algumas imagens do parque temático. 










Homem-aranha: ameaça ou calamidade pública?

 


Frank Miller costuma dizer que aprendeu boa parte do que sabe com Denny O´Neil, roteirista veterano que foi seu editor no Demolidor e a primeira pessoa dentro da Marvel a lhe dar liberdade para criar histórias.
Eles funcionavam também muito bem como dupla criativa, como podemos ver na história “Homem-aranha: ameaça ou calamidade pública?”, publicada em Spiderman annual 15.
A história tem muitas sacadas genias, a primeira delas o fato de ser totalmente focada na edição de 15 de julho do Clarin Diário. JJ Jameson está tentando definir qual será a capa da edição e, claro, opta por uma manchete chamando o aracnídeo de ameaça. Mas Joe Robertson lembra que toda vez que o Clarin tem esse tipo de capa, as vendas despencam.
O eixo narrativo da história é a capa do Clarin...


Enquanto isso, Bem Urich e Peter Parker cobrem um evento que tem tudo para se tornar a manchete do dia: um mágico coloca uma garota em coma com um processo de hipnose e é morto pelo Justiceiro. Ao investigar a história, Parker descobre que a hipnose era, na verdade, um potente veneno. E o Dr Octopus quer se apropriar do veneno e matar cinco milhões de pessoas misturando-o às tintas que irão imprimir o jornal O Clarin.
... cuja manchete vai mudando ao longo do dia. 


Conforme a história vai evoluindo, Jameson vai mudando a capa: o assassinato do guru, a intervenção do Justiceiro, a ameaça de Octopus. E cada um desses “subtítulos” é marcado pela nova capa do jornal. Aí Miller revela sua outra influência: Will Eisner, que na década de 1940 fazia experiências semelhantes em The Spirit.
A história tem o ritmo perfeito, misturando ação e humor na medida certa. É nítido que tanto O´Neil quanto Miller estavam se divertindo muito fazendo essa HQ.
Essa história foi publicada duas vezes pela Abril (em Homem-aranha 1 e Marvel especial 6) e pela Panini (no volume Os Maiores Clássicos do Homem-Aranha n° 4).

Homem-Aranha – Surge o Duende Verde


O Duende Verde, o mais perigoso e mortal vilão já enfrentado pelo aracnídeo, surgiu na revista The Amazing Spiderman 14, de 1963.

Hoje em dia parece muito estranho o texto da chamada de capa, que apresentava o personagem: “O Duende verde parece fofinho para você? Ele te faz sorrir? Bem, pode esquecer! Ele é o vilão mais sinistro e perigoso que o aranha já enfrentou!”. Quem hoje em dia poderia pensar no Duede como alguém fofinho, que faz sorrir?

O Duende convence um diretor de cinema a fazer um filme com o aracnídeo. 


A história é surreal: para abater o Homem-aranha, o Duende convence um diretor de Hollywood a fazer um filme com o Homem-aranha contratando também ele e os Executores. Afinal de contas, por que ele simplesmente não atacou o herói, ao invés de criar toda essa trama sem sentido?

Uma curiosidade são os diálogos. Quando aparecem os executores pela primeira vez, as falas são pensadas para apresentar cada um dos personagens para o leitor: “Pare de jogar essa porcaria de laço em mim, Montana, ou não vai estar aqui quando o Duende chegar!”; “Relaxa e não enche, Danny Pomposo! Se for algum truque, o Duende vai se arrepender de tapear o Touro!”. Com o tempo os diálogos de Stan Lee iriam melhorar muito.

Os diálogos eram expositivos a ponto dos personagens se apresentarem. 


Falando em diálogos, à certa o Homem-Aranha entra numa caverna para escapar dos vilões e dá de cara com o Hulk, que solta essa pérola: “Você me xinga! Pensa que eu sou um energúmeno acéfalo! Ah, se soubesse a verdade...”. Sim, naquela época o Hulk dizia expressões como “energúmeno acéfalo”.

Claro, que no final, embora consiga derrotar os vilões, o Homem-aranha se dá muito mal. Tudo que recebe do produtor é dinheiro para voltar para casa. Enquanto isso... o Duende Verde chega em seu esconderijo e tira a máscara, mas não vemos seu rosto. Ou ele está de costas, ou há algo na frente. Era uma maneira inteligente de, desde aquele primeiro número, manter o suspense e fisgar o leitor, fazendo-o se interessar por ler outras histórias do personagem.

Os autores fizeram um grande suspense sobre a identidade do Duende. 


Muito tempo depois seria revelado que se tratava Norman Osborn, pai do amigo de Peter Parker. Essa solução era de Stan Lee, o que provocou a fúria de Steve Ditko e o levou a sair da série e abandonar a Marvel. Ditko achava que o correto seria colocá-lo como alguém totalmente desconhecido. Mas Lee estava certo: por que fazer todo esse suspense desde o início se o Duende era alguém totalmente aleatório?

Guia dos Mochileiros das galáxias

 

O Guia dos Mochileiros das galáxias surgiu inicialmente como um programa de rádio idealizado por Douglas Adams e transmitido pela BBC em 1978. Pouco tempo depois se tornou uma coleção de cinco livros, publicados entre 1979 e 1992.
A história trata das andanças estelares de um herói atrapalhado e seu amigo extraterrestre após a destruição da terra para a construção de uma via espacial (os responsáveis, os Vogons, seres tão burocráticos que não se importam com o fato da terra ser habitada).
O título refere-se a uma espécie de enciclopédia multi-uso que traz todas as informações necessárias para um mochileiro interestelar. A ideia surgiu ao escritor em sonho quando ele dormia bêbado em um campo na Áustria e é uma referência a um guia de viagem pela Europa famosa na época.
Pela descrição do autor, o livro é uma espécie de tablet no qual é possível acessar as mais diversas informações relevantes, como a importância da toalha – Sim, a toalha é um dos itens mais importantes na mochila de qualquer aventureiro. Com ela você pode usar a toalha como agasalho quando atravessar as frias luas de Beta de Jagla; pode deitar-se sobre ela nas reluzentes praias de areia marmórea de Santragino V, respirando os inebriantes vapores marítimos; você pode dormir debaixo dela sob as estrelas que brilham avermelhadas no mundo desértico de Kabrafoon; pode usá-la como vela para descer numa minijangada as águas lentas e pesadas do rio Moth; pode umedecê-la e utilizá-la para lutar em um combate corpo a corpo; enrolá-la em torno da cabeça para proteger-se de emanações tóxicas ou para evitar o olhar da Terrível Besta Voraz de Traal (um animal estonteantemente burro, que acha que, se você não pode vê-lo, ele também não pode ver você - estúpido feito uma anta, mas muito, muito voraz); você pode agitar a toalha em situações de emergência para pedir socorro; e naturalmente pode usá-la para enxugar-se com ela se ainda estiver razoavelmente limpa.
A importância da toalha na trama é tal que o dia do orgulho nerd é chamado de dia da toalha justamente em homenagem à obra de Adams.
E, antes que eu me esqueça, sempre vale seguir o grande conselho do Guia, impresso em letras garrafais na capa do livro: NÃO ENTRE EM PÂNICO!

sexta-feira, julho 29, 2022

Fundo do baú - Manda-chuva

 


Manda-chuva é uma série de animação da Hanna-Barbera exibida originalmente entre 1961 e 1962, num total de 30 episódios.

A série tem como personagens um grupo de gatos no beco Hoagie, em Nova York (no Brasil, os tradutores colocaram as histórias se passando em Brasília).

Manda-chuva é um típico malandro, que só pensa em tirar vantagens das situações. Abertura dava o tom da série ao mostrá-lo andando numa limusine (na verdade, ele estava no para-lamas do carro), entrando num restaurante chique e se servindo da marmita de um trabalhador. A letra dizia: “Chegou O Manda-Chuva o tal, é O chefe, o maioral, malandro como ninguém Mas com pinta de ‘gente-bem”".

Manda-chuva usa frequentemente um telefone num poste que deveria ser de uso exclusivo da polícia, serve-se do leite deixado na frente das casas e lê os jornais que os jornaleiros jogam nos quintais.

Além de Manda-chuva, o grupo tinha batatinha, um simpático gordinho, Gênio, um gato tristonho pouco inteligente, Bacana, o galã do grupo, com seu cachecol francês, sempre tentando conquistar as gatinhas que encontra, Xuxu, um gato oriental que está sempre com as mãos nas costas e Espeto, que na versão brasileira virou nordestino e tem como bordão o famoso “Ó xente, Manda-chuva”.

Os episódios geralmente giravam em torno de algum plano mirabolante de Manda-chuva e as tentativas do Guarda Belo de deter os malandros.

Dylan Dog – o coração dos homens

 


O que faz de Dylan Dog um gibi tão especial é o fato de, embora muitas vezes usar monstros clássicos, não trazer histórias convencionais de terror. Desde a primeira história, Dylan surpreendia pela narrativa, muitas vezes flertando com o surreal ou o psicodélico.
O coração dos homens, publicado no número cinco dessa nova versão da Mythos, é um ótimo exemplo disso, a começar pela belíssima capa, que remete aos dois temas do volume: amor e morte. O herói aparece beijando uma de suas namoradas, Dora Caldwell, numa moldura de coração com fundo preto enquanto dois anjinhos flutuam acima do casal com uma furadeira e uma motosserra.
A HQ reflete sobre os relacionamentos do detetive do pesadelo. 


A HQ reflete sobre os relacionamentos de Dylan e sobre como eles são passageiros. Na história, Dora e seu pai sequestram o detetive e o torturam. O objetivo do pai é provar que Dylan não ama Dora. Já Dora pretende provar o amor de Dylan. Enquanto é torturado, o personagem tem delírios inicialmente românticos, que logo se transmutam para o mais puro horror. A lição aí, talvez, é de que o maior terror está no coração dos humanos.
O traço muda quando começam as alucinações. 


A história é escrita por Roberto Recchione e ilustrada por Piero Dall´Agnol. Há algo de curioso no desenho: o traço é jogado, quase um esboço, mas no momento em que começam as alucinações torna-se mais definido e realista, como se as alucinações fossem a verdadeira realidade.