terça-feira, fevereiro 28, 2017

Eugênio Colonnese: o gênio do terror nacional


Eugênio Colonnese foi um dos mais importantes desenhistas de quadrinhos do Brasil. Italiano radicado no país há mais de quatro décadas, ele faleceu na madrugada do dia 8 de agosto de 2008.
     Colonnese começou sua carreira na Argentina, em 1949. Passou vários anos naquele país, trabalhando em revistas de sucesso, mas em 1964 veio para o Brasil, onde ajudou a fundar o estúdio D´Arte em parceria com o argentino Rodolfo Zalla. Juntos, produziram histórias em quadrinhos dos mais diversos gêneros, indo dos quadrinhos de guerra aos de super-heróis. Mas foi o terror que tornou Colonnesse uma celebridade, especialmente por causa da criação de Mirza, provavelmente a primeira heroína vampira dos quadrinhos.
     Também criou o Morto do Pântano, um personagem de nome muito parecido com o Monstro do Pântano, que faria sucesso anos depois na DC Comics.
     Na década de 1970, ele abandonou os quadrinhos para se dedicar à ilustração de livros didáticos para editoras como Ática e FTD. Acabou se tornando um paradigma do gênero, trazendo a linguagem dos quadrinhos para os livros escolares. Seu traço elegante era facilmente reconhecível pelos fãs, muitos dos quais ainda guardam esses livros apenas por causa das ilustrações.
     Na década de 1980, quando o amigo Zalla transformou a D´arte em editora e começou a publicar as revistas Calafrio e Mestres do Terror, Colonnese voltou aos quadrinhos, fazendo antológicas histórias de terror.
Também ficaram célebres as histórias em quadrinhos institucionais que ele fez para o Instituto Universal Brasileiro, nos anos 1980.           
     Em todos os trabalhos, Colonnese sempre se revelou um exímio artista, com um traço detalhista, anatomicamente perfeito, e uma habilidade fora do comum para desenhar mulheres.
     Nos anos 1990 ele continuou na ativa, produzindo obras como A Arte exuberante de desenhar mulheres (Opera Graphica), Curso Completo de Desenho (Escala), ilustrou duas aventuras de Mister No, para  a editora italiana Bonelli e criou novas personagens, como Bruuna. Um de seus últimos trabalhos foi o álbum War – histórias de guerra (Opera Graphica), com roteiro de Gian Danton.

     Poucos meses antes de morrer, Colonnese finalizou a graphic novel A Vida de Chico Xavier, sobre o mais importante médium brasileiro.

Por que Hitler não foi contido logo no início?

Os políticos convencionais demoraram muito para perceber que Hitler era uma ameaça. Logo no início do partido nazista, em 1922, ele foi preso por liderar um ataque a um grupo político rival. Alguns membros do governo sugeriram sua deportação para Áustria, já que oficialmente ele ainda era austríaco. Mas muitos outros integrantes do governo achavam que seu discurso magnético e as milícias que controlava seriam úteis no confronto contra os comunistas. Eles acreditavam que alguém como ele, sem experiência política, seria facilmente contido se ameaçasse fugir do controle.
A ameaça dos comunistas também fez com que muitos industriais importantes, como o presidente da União dos Trabalhadores do Aço, Fritz Von Thyssen, fizessem doações vultosas para o partido nazista. Só Von Thyssen doou 25 mil dólares ao partido. Também grandes fazendeiros faziam suas doações, achando que investindo em Hitler estariam afastando de si o fantasma de um governo socialista.
Quando Hitler tomou o poder e começou a armar a Alemanha, as grandes potências da época, em especial a França e a Inglaterra, não interferiram por achar que um governo de extrema direita afastaria a possibilidade da Alemanha se tornar socialista.

Também achavam que a falta de experiência diplomática e militar de Hitler faria com que ele fosse facilmente neutralizado se tentasse sair dos trilhos. Estavam todos errados. 

segunda-feira, fevereiro 27, 2017

O que foi o Putsch da cervejaria?

Foi uma tentativa dos nazistas de tomarem o poder. Os nazistas já estavam organizando um golpe de estado para o dia 11 de novembro de 1923 quando souberam que os três principais nome do governo na Baviera estariam em Munique para uma manifestação patriótica. Acharam que aquele era o momento ideal, embora houvesse os riscos relacionados à antecipação da data. Hitler custou a tomar a decisão. Até chegou a beber alguns goles de cerveja, coisa de raramente fazia. Finalmente aprovou o putsch.
O golpe, que deveria ser sério, degenerou numa comédia de erros. Ninguém sabia o que estava acontecendo, ou quem estava de que lado. As mensagens não chegavam ao seu destino, figuras importantes perdiam a calma e ordens eram dadas e revogadas a cada minuto.
A reunião patriótica aconteceu em uma cervejaria e a maioria dos presentes já estava embriagada quando Hitler subiu em uma mesa e, após dar um tiro para o alto, anunciou o golpe. Disse que o governo de Berlin havia sido derrubado pelos nazistas e ameaçou fuzilar os representantes do governo da Baviera se eles não concordassem em apoiar o golpe. Os três, claro, concordaram rapidamente com a exigência. Mas tão logo puderam sair da cervejaria, mudaram de idéia.
Para piorar, os membros da SA haviam tomado todos os edifícios públicos da cidade, menos o centro de comunicações, o que permitiu que os governistas chamassem reforços.
Enquanto isso, Hitler marchava na direção dos escritórios governamentais. Achava que seria aclamado, mas foi recebido a tiros. Dezesseis nazistas foram mortos. Goring foi atingido por uma bala, mas conseguiu fugir. Hitler deslocou fortemente o ombro e o general Ludendorff foi preso.

O que começou como um golpe vitorioso terminou como uma ópera cômica, mas Hitler saberia transformar esse desastre numa oportunidade de divulgar suas idéias.  

domingo, fevereiro 26, 2017

Na Zombie Walk Curitiba


Ales de Lara uma das organizadoras da ZW.

Ao lado do Daniel Sarks, editor da nova versão da revista Calafrio.

Ao lado de Carlos Alberto Machado, um dos idealizadores da zombie walk, roteirista de quadrinhos, promotor de eventos nerds e, principalmente, detetive do impossível. 

O undigrudi


A paisagem no início da década de 70 era desoladora. As bancas de revistas que chegaram a ter dezenas revistas de terror nacional para oferecer, a seus leitores estavam sendo dominadas por revistas estrangeiras, especialmente da Marvel. O Brasil era uma ditadura que, em nome do patriotismo, censurava as edi­ções nacionais e abria cami­nho para um domínio estran­geiro na área de quadrinhos que vai muito bem, obrigado.
“Brasil. Ame-o, ou deixe-o”, o lema da ditadura, parece ter sido feito especial­mente para os quadrinhistas nacionais. Para quem queria ficar ou não tinha o dinheiro da passagem, a solução foi ape­lar para uma solução americana: o movimento under­ground, apelidado no Brasil de undigrudi. Esse movimen­to tinha sido inaugurado nos quadrinhos por Robert Crumb (Gato Fritz) que pro­duzia e publicava suas revis­tas, fugindo, assim, do esquema das grandes editoras. No Brasil surgiram revistas co­mo Grilo e Balão, que publi­cavam material altamente influenciado por Robert Crumb e tinham pequena tiragem.
O retorno financeiro era pequeno e essas revis­tas serviam muito mais para mostrar que o Brasil ainda ti­nha quadrinhos e talentos promissores, como Laerte, Luiz Gê, Angeli e Paulo Caru­zo. Esse último desenhou uma história que representa­va muito bem a luta desses heróis. Começava com um homem (o próprio Paulo) desenhando um “X” na calçada e subindo num prédio. A me­dida em que p elevador avan­çava na direção do topo, co­meçava a acumular gente ao redor do “X’, Quando o rapaz chegava ao telhado do prédio, já havia uma multidão lá em-baixo, esperando. De repente ele se joga, e grita “Viva o qua­drínho nacional!” e cai, fora do “X”. Desapontados, os populares vão embora, comen­tando entre si: “Esse pessoal’ do quadrinho nacional não dá mesmo uma dentro...”

Também na onda do un­derground (ou undigrudi, como queiram) Oscar Hern publica, em janeiro de 1970, o fanzine Historieta, inaugu­rando a onda zine no pais. Fanzines são os filhos mais pobres do movimento under­ground. Produzidos geral­mente em xerox ou mimeó­grafo, essas revistas já reve­laram grandes talentos, como Mozart Couto, Jonas Schiaffi­no e Deodato Filho, muitos dos quais hoje trabalham para os EUA ou para a Europa. Praticamente não há quadrinhistas nacionais que nunca tenham publicado alguma coisa em fanzines. Existem fanzines dos mais variados tipos e qualidades, mas a maior parte são impregnados de um espí­rito de liberdade e experi­mentação que influencia até hoje a linguagem nacional de quadrinhos.

O que foi o Tratado de Versalhes?

O Tratado de Versales foi a rendição alemã, assinada após a I Guerra Mundial, em 1919. Os vitoriosos se dividiram quanto aos termos do tratado. A Inglaterra e os EUA queriam que a Alemanha continuasse um país capitalista para impedir o avanço do comunismo. Mas a França faz exigências que mergulhariam o país numa crise que desembocaria no nazismo.
O Tratado atribuía à Alemanha a responsabilidade pela guerra. Foram retirados oito partes de seu território, fazendo com que também sua população tivesse uma diminuição considerável. Todas as colônias alemãs ficaram com a Inglaterra e a França. Pelas clásulas do tratado, a Alemanha só poderia ter um exército de 100 mil homens, e apenas para auto-defesa.
O país não poderia construir tanques, submarinos ou aviões, e deveria desativar completamente sua indústria bélica. O comando militar foi destroçado com a proibição de existência de uma escola de guerra.
Mas os principais resultados negativos do Tratado se deram no campo econômico. As indenizações a ser pagas por esse país aos vencedores corroiam a economia nacional. O país mergulhou numa crise violenta, com inflação galopante.
O Tratado, embora fosse severo em regras, tinha a falha de não apresentar mecanismos para o cumprimento dessas regras. Isso deu margem ao ressurgimento do nacionalismo, que agora ressurgia radical e racista, pautado no ódio aos judeus e comunistas, vistos como responsáveis pela derrota na guerra.

sábado, fevereiro 25, 2017

Batman, La Bomba

Como o partido dos trabalhadores alemães virou partido nazista?

Com o tempo, a participação de Hitler no Partido dos Trabalhadores Alemães foi se tornando mais e mais forte e, em 1920 ele acrescentou as palavras “Nacional Social” à legenda. O objetivo era mostrar a amplitude de sua área de atuação. O partido passou a chamar-se Partido Nacional-social dos trabalhadores alemães, ou partido nazi, como ficou mais conhecido.
Com o sucesso do partido, Hitler abandonou o exército para se dedicar exclusivamente à sua vida política.
Ele logo descobriu que, além de bom orador, gostava de dirigir grandes espetáculos e passou a preparar marchas e demonstrações públicas que davam visibilidade ao partido. Além disso, ele desenhou cartazes dramáticos, adotou a suástica como símbolo e instituiu a saudação nazista, com o braço levantado e a mão esticada. O gesto era uma imitação da saudação dos soldados romanos.

Essa visibilidade fez com que o povo começasse a respeitar cada vez mais o partido nazi. 

Os problemas de Xuxulu


sexta-feira, fevereiro 24, 2017

O underground

        
 A década de 60 abalou o mundo. Foi a época dos Beatles, dos hippies, da chegada do homem à lua e do movimento underground. Subterrâneo, aquilo que está fora do sistema, esse movimento representou uma ruptura total com o que se fazia na mídia.
       Os artistas ­passaram a participar de todo o processo, desde a criação da obra até a sua distribuição. Nas histórias em quadrinhos isso foi uma verdadeira revolução. As revistas das grandes editoras estavam sob­ a censura do código de ética, que restringia completamente a liberdade do artista, mas nessas novas revistas, que não passavam pelo crivo das editoras, imperava a total liberdade. Falava-se sexo, drogas, rock e política. Isso chamou a atenção especialmente do público jovem, cansado dos quadrinhos pasteurizado das grandes editoras.
       O grande astro desse novo ti­po de HQ foi um rapaz baixinho, narigudo e extremamente tímido. Chamava-se Robert Crumb e escrevia, desenhava, publicava e vendia suas histórias. Influenciado pelos quadrinhos Disney, Crumb tinha um traço que oscilava entre o infantil e o burlesco, que serviu muito bem ao tipo de sátira social que ele pretendia fazer. Seu primeiro personagem foi Mr. Natural, uma sátira aos gurus que fizeram a cabeça da geração hippie.
       Muitos já tentaram, mas não conseguiram definir o personagem. Ele seria um charlatão que se aproveita da credulidade alheia ou um verdadeiro sábio, que atingiu uma compreensão profunda do mundo?
       A biografia inventada por Crumb para ele não esclarece muito. Ele teria se envolvido com o tráfico de bebidas durante a leia seca, passando um tempo na cadeia e reaparecendo com o mágico Mr. Natural, o Magnífico. Depois tornou-se músico e montou a big band Mr. Natural e seus libertinos líricos. Ficou rico com a vida artística, mas abandonou tudo para andar pela América como vagabundo. Foi encontrado depois na Califórnia, cercado de discípulos. Já na década de 1970, foi internado por ex-discípulos num manicômio, o que mostrava a decepção da geração anos hippie com seus gurus.
       Outro personagem de sucesso de Crumb foi Fritz, the cat, um gato sem vergonha, que adora transar, tomar drogas e curtir a vida. Em suas aventuras ele se envolvia com todo tipo de gente, incluindo terroristas. O sucesso do personagem foi tão grande que Crumb resolveu matá-lo, para evitar que ele se tornasse mais um produto, apropriado pela Indústria cultural. Como se vê, Crumb em si já era um personagem interessante. Quando a revista Village Voice o convidou para fazer tiras pagas, ele topou, mas depois fez uma história em que satirizava os editores e ainda pedia demissão ¨ao vivo¨, na história. Ele também se recusava a dar autógrafos e costumava fica nervoso quando encontrava com um fã.
       Por fim, Crumb percebeu que ele mesmo era o melhor personagem que já criara e passou a fazer histórias auto-biográficas. Numa série dessas histórias, intitulada ¨Minha Mulheres¨ ele conta que era desprezado pelas garotas e só beijou uma aos 19 anos. Quando se tornou famoso com os quadrinhos, dezenas de mulheres disputavam sua atenção e ele se vingava humilhando-as.

       Crumb abriu caminho para todo uma nova visão dos quadrinhos, mostrando que não havia limites de temas a serem trabalhados, inclusive os auto-biográficos. Muitos quadrinistas foram fortemente influenciados por ele. No Brasil, o quadrinista Angeli é o mais famoso seguidor do mestre underground. 

Qual é a origem da suástica?

A suástica, também chamada de cruz gamada é um símbolo místico encontrado em muitas culturas, em povos tão diferentes quanto os índios hopi, os astecas, os gregos e os hindus. Algumas, como a celta é bem diferente, mas a suástica budista e hopi são quase idênticas às nazistas, com a diferença de que essa última foi rodada de modo a um dos braços ficar no topo. No budismo a suástica tem significado de bons ventos. Outro significado possível é boa sorte.
Alguns autores acreditam que Hitler usou o símbolo por sua semelhança com uma engrenagem, para simbolizar a revolução industrial que este pretendia fazer na Alemanha.
A suástica reapareceu no ocidente graças ao trabalho do arqueólogo Heinrich Schliemann, que descobriu o símbolo num sítio arqueológico na cidade de Tróia. Ele fez uma conexão entre esses achados e antigos vasos germânicos e teorizou que o símbolo tinha um significado religioso que ligava os povos germânicos à cultura grega.
Os nazistas aproveitaram essa idéia e adotaram a suástica como símbolo da raça ariana e da supremacia da raça branca. Hitler chegou a afirmar que a suástica representava originalmente o fim do povo judeu.

Assim, de símbolo religioso de bons agouros, comum a muitos povos, a suástica passou a representar o fascismo e o racismo. Após a II Guerra, com a vitória dos Aliados, o símbolo mudou de significado e hoje está associado às atrocidades cometidas contra os judeus.  

quinta-feira, fevereiro 23, 2017

Como era a Alemanha na época do surgimento do partido nazista?

A Alemanha vivia na década de 1920 uma situação totalmente caótica. As reparações de guerra, exigidas do povo alemão, quebraram a economia. Em 1923 o valor do marco, moeda alemã, havia caído tanto que para as donas de casa valia mais a pena acender o fogão com dinheiro do que usá-lo para comprar lenha.
Há relatos de pessoas que entravam em uma fila para comprar pão e, quando finalmente chegavam ao caixa, o preço já havia aumentado.
Com medo de que a Alemanha pudesse se reeguer e tornar-se uma nova ameaça, os vencedores da I Guerra Mundial haviam  procurado privá-la de seus recursos naturais e dividida. O tratado que deu fim à guerra proibia aos alemães possuírem submarinos, aviões militares ou um exército permanente numeroso. A Alemanha e a Áustria não poderiam mais se unir. Além disso, o país perdeu alguns de seus melhores territórios. A Alsácia-Lorena voltou a pertencer à França, a Bélgica tomou posse de Malmédy. A Polônia tomou conta da Posnânia e parte da Prússia. A região de Tirol passou para a Itália e a área dos Sudetos foi entregue à Tchecoslováquia. Dantzig tornou-se um estado livre.
Além disso, os vencedores impuseram à Alemanha pesadas taxas. 38% do capital total do país era entregue aos vencedores da I Guerra, como reparação.   

Privada das regiões com melhores recursos naturais e que abrigavam o grosso das indústrias, obrigada a pagar reparações absurdas, a Alemanha parecia não encontrar saída. 

quarta-feira, fevereiro 22, 2017

O que fazia de Hitler um grande orador?

Assim que entrou para o Partido dos Trabalhadores Alemães, Hitler foi imediatamente eleito para o comitê executivo. Como o  partido não tinha dinheiro, nem visibilidade, Adolf resolveu arriscar tudo, colocando todo o caixa do partido (7 marcos) em um anúncio para a próxima reunião.
Compareceram 70 pessoas, um recorde absoluto para um partido pequeno. Hitler discursou por meia hora e foi aplaudido entusiasticamente. Foi o bastante para que o partido recebesse 300 marcos de doação.
Com o tempo seus discursos começaram a se tornar uma atração em Munique, fazendo com que os quadros do partido aumentasse substancialmente. Era possível cobrar até ingressos em reuniões em que ele discursasse.
O segredo do Hitler era usar um fervor e uma honestidade hipnótica. Na época a maioria dos oradores costumava ser grave e retórica. Hitler acabou com essa formalidade. Ele conseguia provocar uma explosão de risadas com suas zombarias sobre os inimigos para, logo em seguida, criar uma atmosfera pesada. Seus discursos podiam despertar piedade, terror, orgulho e indignação.
Ele falava com propriedade da humilhação de um povo derrotado, pois essa era uma emoção que ele conhecia.

Seus discursos, no entanto, não tinham muitos fatos ou lógica. Eles simplesmente provocavam um topor sobre a platéia, adormecendo a razão e acordando as emoções. 

terça-feira, fevereiro 21, 2017

Escrevendo quadrinhos: não mostre tudo

Eu costumo dizer que quadrinho é a arte da elipse. Elipse é uma figura de linguagem em que pulamos parte da frase, deixando restante subentendido. Por exemplo: Maria gosta de mação, João, de morango. O verbo gostar foi pulado, mas o sentido se manteve – é uma elipse.
O que na literatura é um recurso ocasional, nos quadrinhos ocorre o tempo todo. Há sempre um pulo entre um quadro e outro, que deve ser preenchido pelo leitor (aqueles que criticavam os quadrinhos por não estimularem a imaginação do leitor, dando tudo pronto, certamente nunca leram quadrinhos).
Observe o exemplo abaixo, de Will Eisner.

Entre o momento em que o malandro está falando e o momento em que ele está caído no chão, alvejado, houve uma série de ações. O gangster tirou o revólver do bolso (ou de uma gaveta na mesa) apontou, atirou, a bala fez o trajeto da arma até o corpo do rapaz, ele foi atingido e, finalmente caiu. Tudo isso ocorre dentro da cabeça do leitor.
Os melhores quadrinistas são aqueles que conseguem lidar com a elipse, mostrando apenas os necessário, deixando o leitor participar da história.
Observe, por exemplo, a tira abaixo, do Pelezinho. 

O humor está todo na elipse, a graça está em imaginar o que aconteceu entre o momento em que o Pelezinho faz o gol, pula para comemorar e o constrangedor momento em que ele está no chão, com um pássaro nas mãos.
 As elipses pode, inclusive, dar o ritmo da história. Elipses mais curtas, que mostram muito, podem demonstrar lentidão. Na história clássica do Demolidor A queda de Matt Murdock, há um ponto em que Murdock está acabado, derrotado, em um hotel barato, com poucos dólares no bolso. Deitado na cama, ele reflete sobre o que lhe aconteceu e concluí que tudo faz parte de um plano do Rei do Crime e decide se levantar para se vingar. A sequência parece uma câmera lenta: ele começa a se levantar da cama, ele se levanta, ele anda, ele pega na maçaneta da porta.... e no quadro seguinte ele está de volta à cama. A impressão que se tem é de que o levantar para sair foi feito com grande esforço, lentamente, enquanto que a volta para a cama foi rápida, o que mostra o quanto a personalidade do herói foi quebrada.

Na história Pig Ficiton, com desenhos de Antonio Eder, eu usei a elipse para demonstrar rapidez dos acontecimentos. O pulo entre uma ação e outra é tão grande que parece que tudo aconteceu muito rápido, surpreendendo o porquinho que imaginava que iria escapar.
Ou seja: na hora de escrever seu roteiro, tenha em mente que nem tudo precisa ser mostrado. Às vezes o que não mostramos é mais importante do que é visto pelo leitor.

É verdade que Hitler entrou no partido nazista como espião?

Sim. Com o fim da guerra, o cabo Hitler foi colocado para vigiar as muitas agremiações que surgiam na época. Nesse período a Alemanha viu surgir muitos partidos e todos tinham espiões, que anotavam qualquer coisa que parecesse ameaçadora ou socialista.
O ódio de Hitler pelos socialistas fez com que os superiores o escolhessem como espião político em Munique.
Em 12 de setembro de 1912, Adolf foi enviado para investigar as reuniões de um grupo que se auto-denominava Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.
Apesar do nome, não se tratava de uma agremiação comunista. Ao contrário, eles achavam que os alemães eram uma raça destinada a dirigir o mundo, que os judeus e comunistas ameaçavam a pureza dessa raça e que alguém deveria fazer alguma coisa. O nome trabalhadores referia-se ao fato de que eles pretendiam libertar os trabalhadores da influência do comunismo.
Eles achavam que alguém deveria fazer alguma coisa com relação à situação da Alemanha, mas não sabiam quem, nem o que. O partido não tinha programa e ninguém os levava a sério.
Hitler acompanhou a reunião como ouvinte, mas quando um dos presentes defendeu a independência da Bavária, ele se levantou e fez um discurso emocionado sobre a unidade do povo ariano.
Falou tão bem que impressionou Drexler, membro do comitê do partido. Este cumprimentou-o e convidou-o a participar de outras reuniões. Ele percebera que um orador hipnótico como aquele poderia ser importante para um grupo pequeno como o que estava se formando.

Dessa forma, Hitler passou de espião a orador e, mais tarde, líder do partido. 

segunda-feira, fevereiro 20, 2017

Heróis politizados


No início da década de 1970 a juventude achava que podia mudar o mundo. Nos EUA, os jovens lutavam contra a guerra do Vietnã, contra o preconceito racional e a favor da natureza. Era uma geração politizada, que desprezava os velhotes que mandavam no país. Essa geração adorava os quadrinhos. A perseguição que os gibis haviam sofrido por parte dos setores mais conservadores da sociedade fizeram com que os jovens rebeldes simpatizassem com eles. Além disso, as histórias em quadrinhos da Marvel, com heróis realistas, ídolos com pés de barro, mostravam que os gibis não eram simplesmente uma questão da luta do bem contra o mal.
            Foi nesse contexto que surgiu um dos trabalhos mais revolucionários do gênero super-heróis: a série do Lanterna e do Arqueiro Verde.
            A idéia começou com um pedido do editor Julius Shwartz ao roteirista Dennis O´Neil para que ele reformulasse a revista do lanterna Verde. O gibi não estava vendendo bem, mas a DC Comics não queria cancelar o título. O´Neil era um desses jovens rebeldes do final dos anos 1960. Além escrever quadrinhos, ele trabalhava como jornalista e já havia publicado um livro sobre as eleições presidenciais. Ele admirava profundamente o novo jornalismo e se perguntava se seria possível fazer algo semelhante nos quadrinhos. Além disso, ele participava de passeatas contra a guerra, assinava abaixo assinados, era fã de Martin Luther King. O convite para reformular o Laterna pareceu-lhe uma oportunidade de colocar essa atuação política no gênero superheroiesco.
            Seu princípio básico foi: o que aconteceria se um super-herói fosse colocado num contexto real, para lidar com problemas reais? O Laterna era um policial, um militar, assim como aqueles que batiam em estudantes ou matavam pessoas no Vietnã. Tudo porque nunca haviam questionado as ordens que recebiam. E se o Lanterna começasse a questionar suas ações?
            Para ter um contraponto, O´Neil resgatou um personagem menor, que nunca tivera popularidade suficiente para estrelar uma revista: o Arqueiro Verde. Ninguém parecia estar muito preocupado com Arqueiro, do modo que o roteirista teve total liberdade para transformá-lo de Playboy em um anarquista vigoroso, de pavio curto. Era ele que colocaria o lanterna contra a parede, apresentando-o ao mundo real das pessoas que passavam fome, sofriam abusos e eram exploradas.
            Para desenhar a história foi chamado Neal Adams. Adams e O´Neil já tinham trabalhado juntos no Batman e feito um ótimo trabalho, tornando-o mais adulto e sombrio. Mas seria nessa série do Lanterna e do Arqueiro que eles fariam sua obra-prima. Os dois artistas não tinham nada em comum. Ao viajarem juntos para uma excursão promocional, descobriam que não conseguiam concordar nem mesmo sobre que canal assistir na televisão. Mas quando produziam quadrinhos, eram perfeitos. 
     Logo na primeira história, ¨O mal sucumbirá ante à minha presença¨, O Lanterna Verde é confrontado com o fato de que até então ele estivera defendendo capitalistas exploradores contra trabalhadores. Essa primeira história deu o tom da série, que iria abordar alguns dos maiores problemas do mundo, da fome à destruição da natureza.
     O gibi foi um sucesso de crítica, sendo mencionada em dezenas de jornais e revistas. Os autores eram convidados para falar em programas de TV e em universidades. Além disso, todo mês chegavam centenas de cartas elogiosas. Apesar disso, a revista foi cancelada no número 13. Os editores alegaram vendas baixas, mas, como essa série é republicada até hoje, sempre com sucesso, o mais provável é que a editora estivesse assustada com o tom crítico que o gibi estava tomando e temesse uma reação conservadora contra os seus quadrinhos.

     De certa forma, o fim da revista foi positiva, pois sua continuação levaria O´Neil a vasculhar os jornais, em busca de novas causas: ¨No fim, iríamos degenerar a série até a autoparódia, um gibi de ´causa do mês´¨.  

É verdade que Hitler se mostrou covarde na I Guerra Mundial?

Não é verdade. Quando ele começou a se tornar um líder político famoso, alguns de seus adversário tentaram usar isso contra ele, mas logo descobriram que ele foi um soldado exemplar durante a guerra.
Nos quatro primeiros anos do conflito ele foi condecorado duas vezes com a cruz de ferro por sua coragem e dedicação. Apesar disso, só conseguiu ser promovido a cabo por causa do elitismo do exército germânico.
Hitler foi designado para uma das tarefas mais perigosas: levar e trazer mensagens da frente de batalha. Por causa disso, ele sempre estava exposto na linha de fogo e, mais de uma vez, salvou a si mesmo e aos colegas com sua dedicação.
Ele lutava com fervor, pois acreditava piamente na causa alemã.
Em 1916, foi ferido na perna e enviado de volta para a Alemanha. Lá ele viu os grupos pacifistas, a maioria composta de marxistas, e essa experiência o faria, posteriormente, afirmar que a Alemanha havia perdido a guerra por causa dos traidores internos.

Em 1918 ele foi intoxicado por gás e ficou temporariamente cego. Só recuperou a visão no dia 9 de novembro, dois dias antes do fim da guerra.  

domingo, fevereiro 19, 2017

Oliver Twist


Clássico do escritor inglês é uma aula de roteiro  
Já vi gente dizendo que queria ser roteirista de quadrinhos, mas não lia, ou lia apenas quadrinhos e, pior, só lia quadrinhos de super-heróis, ou só manga. Não é possível escrever, o que quer que seja, com o mínimo de competência, sem ser um leitor voraz, inclusive de livros.
E, entre todos os livros, existem aqueles que são leitura obrigatória por terem definido formas de narrativa. Entre eles, Oliver Twist, de Charles Dickens. O livro foi publicado em capítulos em jornais no ano de 1837, quando o autor tinha apenas 25 anos reflete a vida do próprio Dickens, cuja família passou necessidades na época em que seu pai foi preso por dívidas e os filhos tiveram que trabalhar.
O livro se passa em plena era vitoriana, quando o império britânico era o maior e mais poderoso do mundo. Mas todo esse poder e riqueza não se refletia sobre a população, que, em grande parte vivia na miséria. As péssimas condições de vida da época da são demonstradas na figura de um pequeno órfão, Oliver Twist, cuja mãe morreu de seu parto e passou a ser criado em um orfanato onde passava fome e era submetido a maus-tratos. Seguindo a ideologia científica da época, muitos dizem que Oliver, por ser filho de uma mulher sem virtudes, se tornará um ladrão e acabará na forca.
Uma das cenas mais antológicas do livro e certamente a de imagem mais forte, é a do refeitório, no qual as crianças, ao perceberem que vão morrer de fome, sorteiam um deles para pedir mais sopa (uma papa rala de cereais com cebola duas vezes por semana). O pequeno órfão é encarcerado e a reclamação é vista como mais um exemplo de que sua inclinação ao crime o levará à forca.
Depois disso, Oliver é quase colocado como limpador de chaminés (um dos trabalhos mais cruéis executados por crianças na época, já que elas eram descidas de cabeça para baixo e muitas vezes morriam por causa da fumaça ou do fogo) e acaba como aprendiz de um agente funerário, de onde acaba fugindo depois de ser vítima de uma armação.
Em sua fuga, o pequeno Oliver acaba indo parar em Londres e mas garras de um receptador especializado em adestrar crianças na arte do roubo, Fagin, o judeu (um personagem tão forte que posteriormente Dickens teve que escrever um texto tentando desfazer o anti-semitismo que o seu romance involuntariamente provocara).
E, mesmo em meio às desgraças, Oliver mantém-se sempre honesto e bom.
O livro vale tanto pela denúncia das condições sociais da época da Inglaterra à época da revolução industrial quanto pela genialidade do autor em sua narrativa repleta de ironia. Dickens é o mestre absoluto do recurso, como se observa no trecho a seguir: “Nos primeiros seis meses, após a mudança de Oliver Twist, o sistema esteve em pleno funcionamento. Foi um pouco dispendioso, a princípio, em consequência do aumento na conta do agente funerário e da necessidade de apertar as roupas de todos os indigentes, que flutuavam soltas nas suas formas encolhidas, mirradas, depois de uma semana ou duas de papas. Mas o número de inquilinos do asilo tornou-se dessa maneira reduzido; e o conselho muito se alegrou com esse resultado”.
O esquema de folhetins, precursores das atuais telenovelas, e dos quadrinhos, já existia, mas Dickens transformou-o em verdadeira literatura numa trama repleta de reviravoltas e suspense, com um protagonista ingênuo, mas bom, que se vê envolto por um destino cruel, mas triunfa no final graças à sua pureza de caráter. Lembra muito a estrutura das telenovelas clássicas, que lhe devem muito, mas nenhuma telenovela igualou-se a Dickens na crueza das descrições, nos perfis detalhados dos personagens, na crítica social e até mesmo no poder narrativo.
A sequência em que um ladrão assassina sua consorte está entre as páginas mais poderosas já escritas em todos os tempos. Os pequenos gestos, executados instintivamente, desvelam o conflito interno do personagem de forma muito mais efetiva que vários tratados de psicologia.

Existem várias versões reduzidas do livro à venda, inclusive uma da coleção O prazer da leitura, da editora Abril, que foi vendida em bancas e pode ser facilmente encontrada em sebos. Mas se puder, leia a versão integral (é possível conseguir em sebos). A necessidade de reduzir o texto faz com que a maioria das versões condensadas deixe de lado exatamente o que Dickens tem de melhor: sua fina ironia e as descrições detalhadas de personagens e ações. Mas, se não encontrar uma versão integral, leia a versão condensada: o livro é uma aula de como prender o leitor com uma narrativa folhetinesca. 

É verdade que Hitler foi considerado inapto para servir o exército?

Sim. Em 1914 ele tentou se alistar no exército alemão, mas o médico considerou-o inapto para qualquer tipo de atividade militar. No seu relatório, o examinador dizia que Hitler era muito fraco e incapaz para carregar armas.
Quando estourou a I Guerra Mundial, Hitler alistou-se como voluntário. Como em época de guerra os registros médicos não eram conferidos e os exames físicos eram quase inexistentes, Hitler acabou sendo aceito no exército sem comentários. Em uma semana era mais um dos soldados do 16º. Regimento de infantaria da reserva da Baviera.

Quando recebeu seu primeiro fuzil, ele o olhou com o prazer de uma mulher olhando para um jóia, segundo o depoimento de um colega de regimento. 

sexta-feira, fevereiro 17, 2017

Aniversário do Fantasma


Hoje o personagem criado por Lee Falk completa 81 anos de publicação.

O que é o anti-semitismo?

O anti-semitismo é o ódio ou aversão aos judeus, sua religião ou costumes. Embora o termo tenha surgido na alemanha, em 1879, em um livro escrito por  de Wilhelm Marr, o anti-semitismo é muito antigo. Os cristãos inicialmente acusaram os judeus de deicidio, pela morte de Jesus. Quando essa acusação caiu em desuso, foi substituída por outra: a de que os judeus sabiam que Jesus era o Messias, mas se recusavam a reconhecê-lo. Na época mais cruel da Inquisição, os judeus que se negavam a repudiar sua religião eram presos, torturados e muitas vezes mortos. O simples fato de alguém tomar banho todos os sábados podia ser considerado judaismo e, portanto, levar aos horrores da Inquisição.
Escritores como o russo Nicolai Gógol e o inglês Charles Dickens retrataram o judeu como um ser mesquinho e repelente, o que mostava bem como o anti-semitismo estava difundido na sociedade européia muito antes do nazismo.
Até mesmo filósofos como Hegel contribuiram para a idéia de que os judeus eram responsáveis pelos males da Alemanha.
Outro pensador, Arthur Joseph de Golineau teorizou que os judeus seriam inferiores aos arianos, moral e fisicamente. Esse pensamento seria a base da ideologia nazista, uma ideologia centrada no ódio a uma raça.
No livro Minha Luta, Hitler escreveu: “ O Judeu, este nunca foi nômade e sim um parasita, incorporado ao organismo de outros povos. Sua mudança de domicilio, uma vez por outra, não corresponde a suas intenções, sendo resultado da expulsão sofrida por ele (...) O fato dele se espalhar pelo mundo é um fenômeno próprio a todo o parasita (...) o povo que o hospeda vai se exterminando”. Para Hitler, o judeu vivia de parasitar outros povos até exterminá-los completamente.
O livro analisa a ação do judeu. Este chega em uma comunidade com poucas mercadorias. Logo começa a emprestar dinheiro a juros altos, depois monopoliza o comércio. Logo está rico. Mas em nenhum momento vai trabalhar a terra ou produzir algo que seja benéfico para a sociedade.
A análise de Hitler desconsidera completamente os séculos durante os quais a Igreja Católica proibiu os judeus de trabalharem da terra e os isolou em guetos.

Para Hitler, junto com o poder econômico vinha o poder político, pois o objetivo dos judeus era dominar o mundo. Para isso a propaganda nazista sempre se apoio no Protocolo dos Sabios de Sião, um documento falso, forjado na época dos Czares russos. 

quinta-feira, fevereiro 16, 2017

Os heróis brasileiros


Na década de 1960, o sucesso do terror nacional fez com que as editoras incentivassem seus colaboradores a investirem em novos gêneros. Desses, um dos de que tiveram mais sucesso foram os super-heróis. O estudioso Worney Almeida de Souza lista 34 super-heróis brasileiros surgidos antes dos anos 1970, sem contar os super-vilões e heróis não-mascarados.
Nosso primeiro grande super-herói foi o Capitão 7, no início dos anos 1960, baseado num seriado homônimo exibido pela TV Record, de autoria de Ayres Campos. O Capitão 7 é um menino do interior de São Paulo levado a um planeta distante, de onde volta com super-força, super-inteligência, capacidade de voar e um uniforme atômico. O personagem, cujo visual foi criado por Jayme Cortez, foi desenhado por Júlio Shimamoto, Juarez Odilon, Sérgio Lima e Getúlio Delfim e fez muito sucesso, durando muitos números, até por estar ancorado em uma atração televisiva. Chegou a existir até mesmo fantasias do personagem para a época de carnaval.
O sucesso do capitão 7 fez com que a Estrela, maior fábrica de brinquedos da época, encomendasse a criação do capitão estrela, em uma revista lançada pela continental (a mesma do concorrente), que acabou não fazendo sucesso.
O caminho aberto pelo capitão 7 foi explorado por outros artistas, que se aproveitaram do fato de muitos heróis ainda não serem conhecidos no Brasil. Exemplo disso é o Raio Negro, criado por Gedeone Malagola para a editora GEP. Gedeone tinha apresentado o Homem-lua (que depois seria aproveitado), mas como ele não parecia tão super-herói, os editores pediram que ele desse uma olhada no novo Lanterna Verde. Misturando os poderes do Lanterna com o uniforme do Ciclope dos X-men, surgiu o Raio Negro, um dos personagens de maior sucesso da época.
Um dos heróis mais interessantes surgidos no período foi o Golden Guitar, um herói criado para aproveitar o sucesso da jovem guarda. Os donos da editora Graúna queriam licenciar os personagens da série Archie para tentar captar o interesse do público jovem. Como não conseguiram, encomendaram para Macedo A. Torres um herói juvenil inspirado no movimento musical Jovem guarda. O resultado foi um herói psicodélico, que usava como arma uma guitarra, através da qual disparava dardos tranqüilizantes e outras maluquices. Além dos quadrinhos, o gibi trazia letras das músicas de Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléa. Essa é atualmente uma das revistas mais raras do período e também uma das mais procuradas pelos fãs.
A estréia dos chamados heróis Shell (os personagens da Marvel foram lançados no Brasil numa campanha dessa rede de postos de gasolina) criou um grande interesse pelo gênero e fez com que surgissem vários gibis nacionais. Eugenio Colonnese criou Mylar, o homem mistério, para a editora Taika.
Outro herói de sucesso foi O Escorpião. Tratava-se de uma cópia descarada do fantasma, feita por Wilson Fernandes a pedido da editora Taika, em 1966. Como a revista começou a vender muito (os dois primeiros números esgotaram a tiragem de 50 mil exemplares), a editora ficou com medo da King features Syndicate, e pediu ao desenhista Rodolfo Zalla e ao roteirista Francisco de Assis que reformulassem o personagem. Assim, o escorpião tornou-se um defensor das selvas amazônicas e continuou sua carreira de sucesso.
Mas nenhum herói do período fez tanto sucesso quanto o Judoka, lançado pela Ebal com roteiros de Pedro Anísio e desenho de vários artistas. O personagem usava um collant com um quimono verde e branco, além de uma máscara. Seu mestre no judô era o sábio Minamoto. Além disso, ele contava com a ajuda de sua namorada Lúcia. A revista pegava a onda ufanista do período militar e exaltava as belezas do Brasil. Para isso, o personagem percorria diferentes pontos do país.

Os heróis brasileiros não resistiram aos anos 1970. uma das razões disso era a censura prévia. As revistas tinham de ser enviadas a Brasília, sendo analisadas por censores, que muitas vezes cortavam cenas, páginas, ou mandavam reformular histórias inteiras. Era mais fácil para as editoras importar quadrinhos americanos, até porque esses não costumavam despertar a atenção dos censores. Além disso, o endurecimento da ditadura e crise econômica foram acabando com o sentimento patriótico e ufanista dos leitores. A moda passou a ser achar bom o que vinha de fora, especialmente dos EUA. Com isso os super-heróis foram desaparecendo. Pior: começou a se achar que esse era um gênero que não podia ser trabalhado por brasileiros, pois tinha pouco a ver com a realidade nacional. De um lado os quadrinhos nacionais de super-heróis eram perseguidos pelos censores da ditadura. Por outro lado, eram perseguidos pelos intelectuais de esquerda, que achavam que eles eram colonialismo imperial norte-americano.  

É verdade que Hitler chegou a ser mendigo?

Ele não se tornou propriamente um mendigo, mas chegou muito perto disso. Em 1907, ele sacou toda a herança deixada pelo pai e partiu para Viena, na Áustria, onde pretendia entrar na famosa Academia de Belas-artes de Viena. Ele fez os exames sem conseguir êxito, mas ficou por lá mesmo, para fazer novas tentativas. Com o tempo, o dinheiro da herança foi acabando e em 1910 ele deixou de receber a pensão a que tinha direito como órfão.
Ele foi ficando cada vez mais isolado e excêntrico. Ele perambulava pela cidade como um vagabundo, dormindo em quartos baratos ou abrigos municipais, alimentando-se de pão, leite e da sopa distribuídas nas igrejas. O pouco dinheiro que tinha vinha de pinturas que ele fazia de edifícios famosos da capital austríaca e que vendia como cartões postais.
Segundo o historiador Sebastian Haffner, os mendigos o chamavam de Ohm Kruger.
Era conhecido pelos desocupados como indolente e mau-humorado, mas muito austero, pois nunca bebia, não fumava e nunca era visto com mulheres.
Suas únicas paixões eram a ópera e a política. Ele falava sobre a superioridade da raça ariana a qualquer hora, a qualquer um que tivesse disponibilidade para ouvi-lo e ficava particularmente histérico quando discursava sobre o perigo que os judeus representavam para o glorioso povo alemão.

Ele gostava também de ler jornais, especialmente os de conteúdo anti-semita. 

O uivo da górgona - Gian Danton - Livro

quarta-feira, fevereiro 15, 2017

Quem eram os pais de Hitler?

Hitler era filho de um inspetor de alfândega, Alois Hitler. Alois era filho ilegítimo de Anna Schicklgruber, que mais tarde casou-se com um moleiro desempregado chamado Hiedler. Por um erro do escrivão, Hiedler virou Hitler.
Alois era um homem severo e despótico. Um campeão da lei e da ordem, como o descreve a noticia de sua morte. Conta que o pai era agressivo e Adolf provavelmente nutria grande ressentimento por ele.
Se o sentimento com relação ao pai era de ódio, com a mãe a relação era de carinho. Klara Hitler era uma mulher gentil e afetuosa. Era adorada pelo filho, que recebeu um forte golpe com sua morte, quando ele tinha 18 anos.
Alguns pesquisadores acham que a relação com os pais, especialmente com o violento e autoritário pai, foi fundamental na formação do futuro ditador.  

terça-feira, fevereiro 14, 2017

Alfa - A Primeira Ordem começa captação de recursos no Catarse

Álbum que trará equipe de super-heróis nacionais começa dia 15 de fevereiro processo para captar fundos e se tornar realidade.


O álbum Alfa - A Primeira Ordem vem causando furor nas redes sociais desde que foi anunciado, em meados de 2016. Finalmente, o projeto começa a tomar forma e inicia a captação de recursos para se tornar realidade no site Catarse. A estratégia do roteirista Elenildo Lopes era despertar a curiosidade dos leitores para só então solicitar o apoio.

Os interessados podem acessar www.catarse.me/ALFA e escolher a melhor opção de apoio, com uma série de brindes diferenciados, tais como revista autografada, pôsteres e artes exclusivas, revistas impressas e digitais dos heróis da liga. A meta é de R$ 20 mil (vinte mil reais) e o prazo vai até o dia 21 de abril. Caso consiga o montante desejado, a previsão de lançamento do álbum é em agosto de 2017.

Lopes destaca que houve uma pequena mudança com relação à sua ideia original: "O plano era fazer apenas uma edição, mas como isso exigiria um valor maior, decidimos dividir o projeto em duas partes, para não onerar demais os colaboradores. Assim, todo mundo pode colaborar com um valor menor", explica. "Mas claro que, se atingirmos um valor superior à meta, a ideia é aumentar as páginas da revista ou, quem sabe, já nem lançar a campanha para o segundo volume".

O roteirista, que também é criador do herói brasileiro Capitão R.E.D. em 2012, acaba de ser premiado pelo álbum Protocolo: A Ordem, lançado em 2016. A HQ recebeu o troféu Ângelo Agostini - prêmio dado anualmente aos destaques dos quadrinhos brasileiros, em comemoração ao Dia do Quadrinho Nacional, celebrado em 30 de janeiro - na categoria "Melhor Lançamento Independente". "Este prêmio é de vocês, que colaboraram para que este sonho se tornasse realidade", declarou Lopes, em sua página no Facebook, oferecendo o troféu aos colaboradores do Catarse.


Alfa - A Primeira Ordem - Parte 1 terá 48 páginas, totalmente em cores, e retoma os eventos de onde a história anterior parou. Um enorme caos se instalou no País após a invasão alienígena e os heróis como Capitão R.E.D., Lagarto Negro, Jaguara, Jou Ventania e Velta procuram soluções e respostas para apresentar à população. Ao mesmo tempo, o vilão Aéris, um antigo inimigo de heróis como Capitão 7, Capitão Gralha, Flama, Raio Negro e Homem-Lua, ameaça ressurgir em nossos dias, obrigando a união dos clássicos personagens com a equipe atual, formando a liga ALFA - A Primeira Ordem.

Além de trazer a união de mais de 20 super-heróis 100% nacionais, Alfa - A Primeira Ordem resgata a memória de super-heróis clássicos que estão sumidos do mercado há vários anos, como Capitão 7 (o primeiro super-herói brasileiro, criado em 1954) e Raio Negro, entre outros. É uma forma de regatar esses personagens, que são patrimônio de nossa cultura e apresentá-los às novas gerações. 


O projeto contará com roteiros do experiente Gian Danton - autor de A Família Titã e Como Escrever Quadrinhos, entre outras obras - e arte de Márcio Abreu, profissional que trabalha com editoras como Dynamite Entertainment e Zenescope Entertainment. As cores ficam a cargo de Vinícius Townsend, que também já trabalhou para a Dynamite Entertainment. 

Linguagem científica

Uma das grandes dificuldades de quem vai produzir uma monografia é confundir texto científico com texto de divulgação científica. Ao pedir para alunos textos científicos, a maioria me traz revista como a Galileu, a Superinteressante ou a Revista dos Curiosos. Essas revistas são exemplos do que é chamado de comunicação científica secundária.
Na comunicação científica primária, o cientista fala para outro cientista. Exemplos de comunicação científica primária são as monografias, teses, dissertações de mestrado e papers. Na comunicação científica secundária, o cientista, ou um repórter, divulga conhecimentos científicos a um público leigo, formado na sua maioria por não cientistas.
Embora revistas como a Superinteressante tenham características de textos científicos (é importante lembrar que o texto jornalístico tem muitas semelhanças com o científico), elas não seguem normas de apresentação de trabalho exigidas em comunicações científicas.
Entre as características dos textos científicos, podemos citar os seguintes:
1.Linguagem unívoca;
2.linguagem impessoal;
3.uso de citações (argumento da autoridade – paradigma);
4.referências;
5.clareza.

5.1.1 - Linguagem unívoca
         Em um texto científico, cada palavra-chave deve ter um sentido único e indistinto e, deve ser usada com esse sentido durante todo o trabalho. É por essa razão que quase todos os trabalhos na área de ciências sociais sempre iniciam com definição de termos. Se a sua monografia é sobre o uso da teoria das inteligências múltiplas na escola, na parte inicial do trabalho você deverá explicar o que significa “inteligências múltiplas”.
         O contrário da linguagem unívoca é a linguagem plurívoca, típica da poesia, que permite várias interpretações. Às vezes, a linguagem plurívoca pode aparecer em uma frase mal construída. Veja o exemplo:
         Os tetos que não são pintados freqüentemente oxidam. (FEITOSA, 1991, p. 135)
         O que o autor quer dizer? Que os tetos que não são freqüentemente pintados oxidam ou que os tetos que não são pintados oxidam freqüentemente? 
         Embora pareça só um jogo de palavras, o significado muda, pois a primeira interpretação diz que os tetos devem ser pintados freqüentemente para não oxidarem. A segunda interpretação dá conta que basta pintar uma vez para que não haja oxidação.

5.1.2 - Linguagem impessoal
Em textos científicos evita-se expressões pessoais. Ao invés de dizer “Os resultados do trabalho realizado por mim”, diz-se: “Os resultados deste trabalho”.
         Em monografias evita-se expressões como acho, penso, creio.
         A linguagem impessoal também se expressa em oposição à linguagem subjetiva. Assim, ao invés de dizer “A sala estava suja”, o cientista dirá: “O entrevistado, enquanto falava, deixou cair cinzas de seu cigarro no chão. Viam-se restos de cigarros apagados e fragmentos de papel no chão”. Ao invés de dizer “A sala era grande e espaçosa, dirá “A sala media 12 m de comprimento por 8 m de largura”. (CERVO ; BERVIAN, 1983, p. 136)

5.1.3 - Uso de citações  e referências
A citação ocorre quando se utiliza uma frase, uma idéia ou informação coletada por outro autor. Ela é a base do argumento da autoridade, em que o autor usa uma autoridade para reforçar seu pensamento.
Embora Karl Popper duvide da validade do argumento da autoridade, Kuhn demonstrou que os cientistas se baseiam no paradigma, que é uma autoridade. Assim, um autor marxista irá certamente citar Marx em seus trabalhos. Um físico não pode ignorar os trabalhos de Einstein, e, se puder, vai citá-lo para reforçar seu raciocínio.
         Em todo caso, mesmo autores influenciados por Popper admitem que em algumas áreas, como o direito, o argumento da autoridade é inevitável. É impossível, por exemplo, escrever um texto jurídico sem citar leis.
         Mas é bom ter cuidado com as citações. É necessário antes verificar se o autor citado é realmente uma autoridade na sua área. Além disso, deve-se verificar se a citação tem relação com seu argumento.
         O direito de citação é garantido pela lei 9610, de 19.02.98:
Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:
®III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra.

         As citações podem ser diretas ou indiretas.
         Na citação indireta, usa-se a idéia do autor, mas não exatamente suas palavras. A citação não vem entre aspas, mas deve ser referenciada.
         Exemplo de citação indireta:
         Para Aristóteles (1996), a comédia é a imitação das pessoas inferiores. O filósofo ressalta, no entanto, que o cômico se refere a um tipo de feio específico, no qual não cabe a dor. Um exemplo disso é a máscara cômica usada no teatro grego que, apesar de feia, não expressa dor.
         Na citação direta, a idéia é expressa exatamente como o autor citado a escreveu.
         Exemplo de citação direta:
         Para Aristóteles (1996, p. 35), a comédia é a imitação das pessoas inferiores e refere-se à feiúra. Entretanto, para ele, a comicidade “(...) é um defeito e uma feiúra sem dor nem destruição; um exemplo óbvio é a máscara cômica, feia e distorcida, mas sem expressão de dor.”.
         As citações curtas (de até três linhas) devem vir dentro do texto, entre aspas. As citações longas devem vir em parágrafo próprio com um recuo de quatro centímetros.
         Um detalhe importante sobre as citações é que elas não podem ser muito extensas. Citações maiores devem ter autorização por escrito do autor. Assim, pegar um capítulo inteiro de outro autor não é citação, é plágio.
         Toda informação ou idéia colocada no texto que tenha sido criada ou coletada por outra pessoa, deve ser referenciada. Como vimos, as citações são um procedimento científico normal, mas citar sem dizer quem é o autor original é plágio.
         A boa citação deve vir, obrigatoriamente, acompanhada de referência bibliográfica que indique o autor, a obra e a página da qual foi tirada a citação.
         Há dois sistemas de referência: o autor-data e de notas de rodapé. Atualmente, em decorrência da internet, a maioria das instituições tem aconselhado o usa do sistema autor-data.
         No sistema autor, data, coloca-se o sobrenome do autor, virgula, ano de publicação, vírgula, a abreviatura de página e o número da página. 
Exemplo: (RUIZ, 1979, p. 86)
         No caso de dois autores, coloca-se o sobrenome dos dois, separados por ponto e vírgula.
Exemplo: (CERVO; BERVIAN, 1983, p. 136).
         Quando o nome do autor já aparece no texto, apenas o ano e a página aparecem entre parênteses e o nome do autor é grafado em caixa baixa.
Exemplo: Para Ruiz  (1979, p. 86), “o conhecimento científico...”.
         Quando se trata de uma citação que foi retirada de um livro de outro autor que não o autor original , deve-se colocar o sobrenome do autor da frase, seguida pela expressão apud e pelo sobrenome do autor do livro consultado. Quando o nome do autor vier fora do parênteses, admite-se a expressão “citado por”.
Exemplo: (POPPER apud HEGENBERG,1979, p.86).
Ou: Popper citado por Hegenberg (1979, p.86).
         Quando a citação se refere a uma idéia do autor e não a uma informação ou frase específica, a página não é obrigatória na referência.
         Exemplo: Num estudo recente (BARBOSA, 1980) demonstrou-se que...
         Quando houver dois autores com o mesmo sobrenome, coloca-se o prenome abreviado.
         Exemplo:
         (BARBOSA, C., 1956)
         (BARBOSA, O., 1956)
         Quando forem citados vários documentos do mesmo autor publicados no mesmo ano, acrescenta-se, após a data, letras minúsculas, sem espacejamento (essas letras também devem aparecer na bibliográfica, sempre após o ano).
         Exemplo:
         (OLIVEIRA, 1999a)
         (OLIVEIRA, 1999b)
         Quando se tratar de informação oral (palestras, debates, comunicações pessoais), utiliza-se, entre parênteses, a expressão informação verbal.
         Exemplo:
         Franco de Rosa afirma que a Grafipar começou a contratar desenhistas de outros estados no ano de 1980 (informação verbal).
         Quando o texto não tiver autor, a entrada é feita pelo título ou pela instituição.  Quando o título for extenso, pode-se abreviá-lo, colocando a primeira palavra seguida de reticências.
         Exemplos:
         (UNESCO, 2001)
         (CROSSGEN..., 2003)
         Quando a citação direta tiver até três linhas, deve vir entre aspas, no corpo do próprio texto.
Exemplo:
Mais recentemente, os estudos sobre buracos negros terminaram de enterrar o demônio laplaciano. Stephen Hawking descobriu que os buracos negros não são completamente negros: “O que pensamos como espaço vazio não é realmente vazio, mas é preenchido com pares de partículas e antipartículas. Estas aparecem juntas em algum ponto do espaço e tempo, movem-se separadamente e então, juntam-se e aniquilam-se” (HAWKING, 2004).
Quando a citação direta tiver mais de três linhas, deve vir em parágrafo à parte, com recuo de quatro centímetros, fonte em tamanho menor, espaçamento simples e sem aspas, itálico ou negrito.
Exemplo:
A noção do universo como relógio deu origem à idéia ao determinismo científico, expresso publicamente pela primeira vez pelo cientista francês Laplace. Acreditava-se que a natureza seguia regras fixas que podiam ser descobertas com o uso da razão, como no caso de um relógio. Para Laplace,

4 cm.
 
Uma inteligência que conhecesse em determinado momento todas as forças da natureza e posição de todos os seres que a compõem, que fosse suficientemente vasta para submeter estes dados à análise matemática, poderia exprimir numa só fórmula os movimentos dos maiores astros e dos menores átomos. Nada seria incerto para ela, e tanto o futuro como o passado estariam diante de seu olhar. (LAPLACE apud EPSTEIN, 1986, p. 30)

5.1.4 - Clareza
         Um texto científico deve ser claro. Ao contrário do que muitos acham, escrever cientificamente não é escrever de maneira difícil. Claro que há um certo grau de dificuldade para o público, mas essa dificuldade está na linguagem técnica, não na formatação das frases.
         Para garantir a clareza do texto, deve-se evitar o excesso de períodos compostos, que dificultam a compreensão e podem dar margem a  dupla interpretação, como no exemplo abaixo:
Carlos, que foi preso pelo policial, que é pessoa violenta, que roubou a casa de uma pessoa que mora no bairro do Congós e é caixa em um supermercado muito conhecido nesta cidade.
         As mesmas informações ficam muito mais claras com a melhor organização da frase:

Carlos, pessoa violenta, foi preso pelo policial. Ele é acusado de roubar a casa de uma pessoa no bairro do Congós. A vítima trabalha em um supermercado muito conhecido na cidade.