segunda-feira, setembro 30, 2019

Museu D´Orsay



Se o Louvre é o paraíso da arte antiga, barroca, romântica, o Museu D´Orsay é o ponto alto da arte moderna em Paris. Há muita coisa, por exemplo, dos impressionistas: Degás, Renoir, Monet.
Mas a grande atração é a sala dedicada a Van Gogh. Completamente ignorado em vida (ele só conseguia vender quadros para o próprio irmão), ele se tornou uma verdadeira sensação atualmente. Turistas correm para ver suas obras. Na mesma sala há quadros de Gaugan, com o qual o pintor holandês morou durante algum tempo.
Almoço na relva, o polêmico quadro de Manet. 

Há também vários quadros de arstitas realistas, como Millet e até mesmo o famoso e controverso Quadro A Origem do mundo, de Gustave Courbet (conhecimento pela maioria das pessoas por ter sido censurado pelo Facebook).
Falando em polêmica, nada causou mais polêmica na época do que os quadros de Manet, também presentes no Museu. Dois exemplos são Olímpia e Almoço na relva. Os conservadores da época acusaram o artista de indecência por colocar mulheres nuas em seus quadros. O nu era comum nas artes, mas era um nu idealizado, de deusas gregas. Manet colocou mulheres de verdade em suas obras e por isso provocou a ira dos consevadores. Olimpia se tornou tão famosa que ganhou releituras, como a de Gaugan, também presente no Museu.
O Museu também tem vários quadros de simbolistas e uma série de belíssimas estátuas.


Degas é mais conhecido pela pintura, mas também era escultor. 

Há várias versões do quadros Nifas, de Monet, cada uma pintada em uma condição de luz.


Os caçadores de crocodilos, de Ernest Barrias

Ernest Barrias 

Ernest Barrias 

Ernest Barrias 


A origem do mundo, de Coubert, causa polêmica até hoje. 

Monet, como outros impressionistas, se interessava pela forma como a luz interferia na cor. 


Pinturas de Monet com o tema mulher com sombrinha. 


Coubert colocou vários amigos no quadro O ateliê do artista. 


Susannah e os anciões, de Paul Cabet

Como escrever quadrinhos - ambientacão

Fundo do baú: Os Trapalhões


Os Trapalhões foi um grupo humorístico brasileiro que obteve sucesso na televisão e no cinema desde meados da década de 1960 até por volta de 1990. O grupo era composto por Didi Mocó (Renato Aragão), Dedé Santana, Mussum e Zacarias.
A formação mais conhecida ficou famosa em um programa que estreou na rede Globo em 1977 e durante anos foi a maior audiência do horário.
Os Trapalhões entrou para o Livro Guinness de Recordes Mundiais como o programa humorístico de maior duração da televisão, com trinta anos de exibição.
Curiosidades:
- O primeiro filme d'Os Trapalhões, Na Onda do Iê-Iê-Iê (1965), contava apenas com a dupla Didi e Dedé.
O primeiro filme do quarteto clássico foi Os Trapalhões na Guerra dos Planetas. Sete destes filmes estão na lista das dez maiores bilheterias do cinema brasileiro.
- Os trapalhões também saíram em gibi, publicado pela editora Bloch produzidas pelo estúdio Ely Barbosa cujos melhores momentos eram sátiras de filmes e de super-heróis.
Renato Aragão conta que temia levar o programa para a Globo. Afinal, na Tupi, ele tinha toda a liberdade para ser irreverente o quanto quisesse. A Globo era conhecida pelo seu padrão de qualidade, e o humorista não tinha certeza se os Trapalhões se encaixariam nele. Para não ter que recusar formalmente a proposta, ele chegou a fazer uma lista de exigências de três páginas na qual determinava quais seriam o diretor, redator e o horário do programa. Para sua surpresa, Boni aceitou sem questionamentos as exigências. Os Trapalhões mudaram, então, de emissora.
Bordões:
Mussum: Cacildis! Forevis!  “Criôlo é a tua véia!”, “Ui, ui, uuui!”, “Eu vou me pirulitar!”, “Glacinha (gracinha)!”, “Casa, comida, três milhão por mês, fora o bafo!”
Didi: Não fui eu! Eu nem sabia que ela era casada! É fria! Ô da poltrona!
Zacarias:  “Eu não sei falar tática, eu só sei falar tatica”; “Só brinco em serviço”.

Os críticos



Nos últimos tempos tem surgindo um novo tipo de pessoa: a que nunca ajudou uma velhinha a atravessar a rua, mas é especialista em criticar.
A pessoa nunca deu um prato de comida para alguém, mas quando vê uma pessoa que tem um projeto de leitura para crianças, logo diz: "Lendo para crianças, enquanto tem tanta gente passando fome, que absurdo!".
A pessoa nunca adotou uma criança, mas quando vê alguém de um movimento de proteção dos animais, logo diz: "Preocupada com cachorro e gatinho enquanto tem tanta criança abandonada, que absurdo!".
A pessoa nunca fez absolutamente nada pelas crianças na África, mas quando vê alguém do movimento ecológico, logo diz: "Tantas crianças passando necessidade na África e a pessoa preocupada com planta, que absurdo!".
A pessoa nunca visitou a avó no asilo, mas quando vê um grupo que dá comida para mendigos, logo diz: "Dando comida para mendigos enquanto tem tanto velhinho precisando de remédio, que absurdo!".

Escola do Rock

Escola de rock é um filme de 2003 dirigido por Richard Linklater, escrito por Mick White, e estrelado por Jack Black. Na história, um roqueiro fracassado se disfarça de professor substituto em uma rígida escola tradicional. Ao perceber o talento das crianças para a música, ele as convence a participar da batalha de bandas argumentando que se trata de uma competição entre escolas. 
Curioso como a maioria dos filmes sobre educação tratam de professores criativos em conflito com a educação tradicional. As crianças desenvolvem seus talentos não só musicais, mas capacidade de organização, liderança e até mesmo matemática (como o garoto que fica responsável por organizar a iluminação do show), mas o professor é repreendido mesmo quando, após ser pego com uma guitarra, usa a música para ensinar matemática para as crianças. Mas, ao contrário de outro filme muito semelhante, Sociedade dos poetas mortos, neste não temos um final depressivo. Ao contrário: o final é realmente empolgante, quando as crianças, após todas as dificuldades, conseguem se apresentar na batalha de bandas. 
Jack Black é alma do filme, com uma atuação espetacular, mas o que chama atenção são as talentosas crianças cujo talento musical fica ainda mais explícito nas cenas de improvisação musical. 
Não por acaso, o filme se tornou um enorme sucesso (Se você tem Netflix, corra para assistir, pois ele irá sair do streaming até o final do ano). 

domingo, setembro 29, 2019

Amor assassino



A editora Gal vem se destacando por lançamentos de qualidade que fogem do mainstream. São quadrinhos pouco conhecidos por aqui, mas que valem a leitura. Exemplo disso é Amor Assassino, de James Robinson e Phil Elliott.
O roteirista inlgês Robinson é muito conhecido por seus trabalhos para a DC Comics, como Starman, A era de ouro e Feitiçaria. Phil Elliott é um quase desconhecido no Brasil.
Juntos, eles contam a história de um assassino serial especializado em seduzir, casar com e matar mulheres ricas, com a ajuda de um comparsa.
Com um domínio perfeito da narrativa, Robinson foca ora no detetive que investiga o caso, ora numa testemunha, ora em uma das mulheres, ora no comparsa e, finalmente, no próprio assassino. O resultado é um verdadeiro quebra-cabeças em que o desafio é decifrar a trama e, ao mesmo tempo, entender as motivações dos personagens. Vale destacar também como o roteirista consegue caracterizar perfeitamente cada uma das mulheres, diferenciado-as umas das outras.
A história ganha um forte elemento de suspense quando a narrativa foca em umas das mulheres e o leitor torce para que ela não seja a próxima vítima, ou quando o assassino se casa com uma garota jovem e pobre, o que parece contrariar seu modus operandi.
Em outras palavras: Robinson se revela um artífice da narrativa e joga o tempo todo com o interesse do leitor, prendendo-o à história.
O leitor médio brasileiro irá estranhar o traço de Phil Elliott, aparentemente primário. Mas não deve se enganar: a falta de um desenho mais chamativo não prejudica, ao contrário, centra a atenção na história. Além disso, Elliott tem um perfeito domínio do story telling. Destaque para o uso eficiente do close como elemento narrativo.
Em suma: Amor Assassino é quadrinho da melhor qualidade.  

Decadence, a HQ manifesto da dupla Gian-Bené


Decadence foi produzida para ser uma espécie de manifesto do novo tipo de horror que a dupla Gian Danton - Joe Bennett estava introduzindo no Brasil. Depois de uma rejeição inicial de alguns editores, o sucesso das primeiras histórias da dupla fez com que surgissem pedidos de novas histórias - e aí surgiu a ideia de fazer uma HQ que confrontasse o horror antigo, datado e o novo (não é à toa que o título da história é Decadence). Os dois quebraram a cabeça durante dias para tentar transformar isso numa trama, mas no final, a ideia acabou vindo num sonho de Gian Danton, que acabou sonhando até mesmo com a diagramação da história, logo transformada num rafe, seguido à risca por Joe Bennett. Decadence foi publicada na revisa Mephisto, terror negro. 

Coleção DC 75 anos – a era de prata


Em 2010 a DC Comics completou 75 anos. Para comemorar, a Panini lançou no Brasil uma coleção em quatro volumes, cada um reunindo histórias de um período: Era de Ouro, Era de Prata, Era de Bronze, Era Moderna.
Há uma polêmica sobre como teria começado a Era de Prata, mas a maioria dos autores concorda que foi com o ressurgimento dos super-heróis devido ao sucesso da nova versão do Flash, em Showcase 4, de 1956. A partir daí a DC voltou a investir em heróis de malha e as revistas começaram a pipocar nas bancas, até culminar na reunião dos heróis na Liga da Justiça.
O volume pretende dar uma visão geral do período e, como não poderia deixar de ser, inicia com o ressurgimento do Flash, com roteiro de Robert Kanigher, desenhos de Carmine Infantino e arte-final de Joe Kubert. Dá para perceber porque se tornou um clássico que salvou os heróis do esquecimento: o roteiro é bem amarrado, com uma sacada genial  e irônica (um velocista enfrentando o Tartaruga, o homem mais lento da terra) e os desenhos são lindos, a começar pela splash page inicial com o Flash avançado pela página como se estivesse escapando dos quadrinhos. E, comparado com a versão do personagem da Era de Ouro, essa é muito mais consistente.
A história a seguir, do Superboy, é outro clássico típico da era de ouro. Escrita por Otto Binder e desenhada por Al Plastino, a HQ apresenta a Legião dos Super-heróis. Ainda na coleira do Comics Code, os quadrinhos não poderiam ter nada que parecesse ofensivo aos pais. Então esqueça violência ou conflitos familiares. Os roteiristas tinham se adequar a plots ingênuos e fazer com que eles parecessem interessantes. É o que fazem os autores dessa história. Na HQ, o Superboy tenta ser admitido na Legião, mas falha em todos os testes, pois sempre aparece algo mais urgente para ser resolvido. O plot twist final é ingênuo, mas eficaz dentro da lógica da época.
A origem do Aquaman (com roteiro de Robert Bernstein e desenhos de Ramona Fradon) deixa um ar de incômodo nos leitores mais costumazes. É parecida demais com a origem de Namor. Ambos são filhos de mulheres atlântidas com humanos, só para dar um exemplo. Mas como na época o Príncipe dos Mares não era publicado e a Marvel dependia da DC para a distribuição de suas revistas, isso acabou não dando origem a um óbvio processo judicial por plágio.
Segue-se a famosa história em que o Flash da era de prata encontra o da era de ouro. Famosa por que deu origem ao conceito de que existem vários universos DC em dimensões diferentes, e a história em que a Liga da Justiça encontra a Sociedade da Justiça, aproveitando esse mote.
Depois uma história dos parceiros mirins dos heróis em que Robin, Kid Flash e Aquakid precisam solucionar o mistério do desaparecimento dos jovens de uma cidade do interior dos EUA. É irritante o quanto a HQ consegue ser unidimensional em seu conflito. Adultos não conseguem entender os jovens na cidade e os jovens não conseguem entender os adultos. Entre os heróis, os heróis adultos não conseguem entender suas versões mirins e estes, por sua vez, não conseguem entender os heróis. Mas no final, a solução é simplista. Diante de toda a complexidade de relacionamento que teríamos nos Novos Titãs na fase de Marv Wolfman e George Peres, histórias como essa parecem terrivelmente simplistas.
O volume traz ainda “A montanha do julgamento”, de Jack Kirby – e, independente da qualidade desse material, fico na dúvida se poderia entrar em um volume sobre a era de prata.
Algumas faltas são nítidas na edição. Não há, por exemplo, nenhuma história do Super-homem desenhada por Curt Swan, o desenhista mais emblemático da Era de Prata na DC. Além disso, não há nenhuma HQ do Gavião Negro de Joe Kubert, um dos melhores quadrinhos do período na DC.

sábado, setembro 28, 2019

Castração química e estupradores



Um assunto que tem entrado na pauta do dia é castração química. Muitos defendem o procedimento como forma de “tratar” estupradores e impedir que eles cometam novos crimes.
Mas será que esse procedimento realmente funcionaria?
Um exemplo que pode nos dar um indicativo nesse sentido é o do russo Andrei Chikatilo. Chickatilo sofria de disfunção erétil. Ou seja, ele era incapaz de ter uma ereção. E era também estuprador.
Em 1978 ele sequestrou uma menina de 8 anos e tentou estuprá-la. Incapaz de conseguir uma ereção, ele, em um momento de fúria, esfaqueou a menina. Foi quando percebeu que podia conseguir prazer sexual de uma maneira muito mais satisfatória: matando. Gostou tanto do prazer que sentiu ao matar a vítima que se tornou um dos maiores assassinos em série de todos os tempos, com mais de 50 assassinatos.
A falta de ereção não impediu que ele cometesse os crimes, só direcionou para uma outra forma de satisfação sexual: o assassinato.
A maioria das pessoas parte do princípio de que o estuprador estupra para satisfazer o desejo sexual (ou ao menos no sentido mais convencional de satisfação sexual). Se essa fosse a questão, ele procuraria uma prostituta. O estuprador estupra porque o que mais o excita é a humilhação e sofrimento da vítima. A penetração é apenas um meio para isso, mas nem de longe o mais importante. Se não for capaz de ter uma ereção, o psicopata irá redirecionar isso para que realmente é a fonte de seu prazer: a humilhação, sofrimento e morte da vítima.
Para estupradores só existe uma solução: manter preso. 

09 - O Gosto Amargo da Derrota (1966)

A arte fantástica de Marc Simonetti


Marc Simonetti é um dos principais ilustradores da atualidade, em especial graças ao seu trabalho nas capas francesas e brasileiras da série Crônica de Gelo e Fogo. Simonetti ilustrou também livros de  H. P. Lovecraft. 











Fundo do baú - Homem-pássaro


Homem-pássaro foi um desenho animado criado pelo lendário Alex Toth para a Hanna-Barbera. Foi exibido entre 1967 e 1969 no canal NBC.
O personagem era um super-herói que combatia o crime a serviço de uma sociedade secreta, com ajuda de seu ajudante Birdboy e da ave Vingador.
O herói tinha os seguintes poderes:
Absorção solar espontânea: capacidade mágica de absorver energia solar e converter em vigor corporal, resistência física a danos físicos, gerar potentes raios de calor concentrado através das mãos e dedos, controlar a temperatura de um ambiente ou equipamento e produzir um “escudo” solar protetor de grande resistência contra ataques.
Voo: por possuir um par de asas é possível alçar grandes alturas e impulsionar-se através do ar em qualquer direção.
Regeneração ou fator de cura solar: capacidade de curar ferimentos e restaurar a própria saúde em alta velocidade desde que exposto à luz solar.
Capacidade de se comunicar com a ave Vingador.
No Brasil a série passou pela Band, pela Globo, e  pelo SBT. 

Faltam 14 dias para o Aspas Norte

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sexta-feira, setembro 27, 2019

A era de ouro da DC


Em 2010 a DC Comics completou 75 anos. Para comemorar, a Panini lançou no Brasil uma coleção em quatro volumes, cada um reunindo histórias de um período: Era de Ouro, Era de Prata, Era de Bronze, Era Moderna.
O volume Era de Ouro reunia as primeiras histórias de alguns dos personagens mais populares da editora, a começar, claro, pelo Super-homem, o personagem que não só criou a DC como fundou todo um novo gênero nos quadrinhos.
A história que abre o volume é a primeira do Homem de aço, cuja capa se tornou célebre com o herói batendo um carro contra uma pedra enquanto malfeitores fogem apavorados. Essa história havia sido recusada por vários editores – e dá para perceber facilmente as razões. A trama é mal-engendrada, com pulos narrativos estranhos.
Depois de uma pequena introdução, na qual Jerry Siegel, o roteirista, estabelece a verossimilhança da história comparando o personagem às formigas que carregam várias vezes seu peso ou o gafanhoto capaz de dar saltos enormes, a história começa no meio. O Super-homem salta no ar com uma moça nos braços. Ela é a verdadeira culpada de um crime e o herói precisa convencer o governador a perdoar uma moça que será executada em seu lugar. Depois a história pula para outra trama e para outra, sem muita conexão.
A sequência do carro, apesar de famosa, é bizarra. Bandidos sequestram Lois Lane. O Super-homem pega o carro em que estão e o sacode, fazendo os bandidos caírem – o problema é que pela lógica, também a jornalista cairia do carro. Siegel, um garoto na época, estava nos seus primeiros passos como roteiristas e o que acaba se destacando é a arte de Joe Shuster. Seu desenho elegante certamente foi fundamental para o sucesso do personagem.
O volume traz também a origem do Flash, escrita por Gardner Fox e desenhada por Harry Lampert. Fox também escreve a história da Sociedade da Justiça. Seu texto estava muito longe do que viria a ser na era de prata, quando ele ajudaria a revolucionar os heróis DC. O roteirista parecia estar convencido de que escrevia exclusivamente para crianças – o que fica óbvio na história da Sociedade da Justiça, mas também pode ser percebida na origem do Flash.
Lendo essas histórias há coisas que parecem estranhas. Flash, por exemplo, se transforma no herói graças a um acidente provocado pelo fato dele estar fumando no laboratório de química! O interesse romântico do personagem, Joan, parece uma patricinha convencida, que se interessa pelo herói apenas quando ele usa suas habilidades recém-adquiridas para ganhar o campeonato de futebol americano. Além disso, o uniforme do Flash surge do nada, no meio da HQ.
As duas melhores HQs do volume são as dedicadas ao Capitão Marvel e à Mulher Maravilha.
O desenho de CC Beck no Capitão Marvel é simplesmente lindo. Com poucos traços, mas eficiente e com sequências que remetem diretamente à art decó, como no quadro em que aparece o metrô. O uniforme do personagem é igualmente bonito. Além disso, o roteiro de Bill Parker já nos apresenta um personagem acabado, e não em construção. Sua origem é bem estabelecida, assim como o clima das histórias, voltado para a magia – em oposição ao Super-homem, que era calcado na pseudo-ciência.
A melhor história do volume é a origem da Mulher Maravilha, escrita por Charles Moulton com desenhos de H. G. Peter.
Peter já era um desenhista de experiência quando embarcou no mundo dos quadrinhos e isso é facilmente perceptível pela forma competente como ele cria visualmente a Ilha Paraíso. Seu desenho tem um apelo vintage que o faz interessante até os dias atuais.
Mas o destaque vai mesmo para o texto de Moulton (pseudônimo do psicólogo William Marston). Marston tem pleno domínio da narrativa e cria sua própria versão da mitologia grega, atualizando-a e adequando à personagem.  Até mesmo quando os quadrinhos são substituídos por texto corrido acompanhado de ilustrações, a história não perde o encanto, tal a qualidade do texto.

O que é Maus?

Maus, a história de um sobrevivente é a melhor história em quadrinhos já produzida sobre o holocausto. De autoria de Art Spielgman, o livro conta a história do pai do autor, um judeu polonês sobrevivente do campo de Auschwitz.

O livro fala da relação complicada entre pai e filho e como os efeitos psicológicos da guerra repercutiram por anos.

O livro, além da sinceridade absoluta, se destaca pelo ótimo tratamento gráfico, com suásticas avançando como sombras sobre os personagens judeus. A representação dos povos, embora use o antopormofismo (animais para representar seres humanos), um recurso já clássico nos quadrinhos e nos desenhos animados, o faz de forma a destacar a mensagem do autor e ressaltar o clima opressor do período nazista.

Assim, os alemães são representados como gatos e os judeus como ratos. Os americanos são cachorros, os suecos carneiros, os ciganos traças. A representação evoca a propaganda nazista, que, de fato retratava os judeus como ratos e os poloneses como porcos. Era também comum que os nazistas se referissem aos povos indesejados como insetos.

Sem ser melodramática, Maus mostrou e analisou a realidade dos judeus perseguidos pelos alemães, elevando as histórias em quadrinhos a um patamar jornalístico. Tanto que, em 1992, a graphic novel ganhou o Prêmio Especial Pulitzer. 

Grande parte do livro foi publicado em série na revista RAW, editada por Spiegelman. Foi publicado no Brasil em duas partes pela editora Brasiliense. Recentemente ganhou uma versão integrada pela editora Companhia das Letras

Fake news matam

Na década de 1920 os nazistas usaram o livro falso Os protocolos dos sábios de sião para convencer a população alemã de que havia um grande plano por parte dos grandes banqueiros internacionais - aliados aos bolcheviches - para destruir a civilização ocidental. Os nazistas sabiam que o livro era falso, mas mesmo assim continuaram divulgando-o e dizendo que eram os únicos que podiam impedir que isso acontecesse. E as pessoas acreditaram. O resultado foram cinco milhões de mortos em campos de concentração.

quinta-feira, setembro 26, 2019

Professor Marston e as Mulheres Maravilhas


A primeira cena do filme Professor Marston e as Mulheres Maravilhas é sintomático: crianças, orientadas por seus pais, levam seus gibis para uma praça e fazem uma fogueira na qual trepidam exemplares da revista estrelada da Mulher Maravilha, sob o olhar assustado de seu criador.
Embora provavelmente seja uma invenção, uma vez que a perseguição aos quadrinhos se tornou forte na década de 1950 e Marston morreu em 1947, a cena se torna uma síntese dos aspectos mais pungentes do filme dirigido por Angela Robinson e lançado em 2017.
A película conta a história de Wiliam Marston, psicólogo criador do detector de mentiras e da Mulher Maravilha e de sua família pouco convencional, formada por ele, sua esposa Elizabeth, uma ex-aluna, Olive Byrne em uma época extremamente conservadora e machista. Sua esposa, embora seja altamente qualificada (segundo alguns teria sido dela a ideia de usar a pressão sanguínea no detector de mentiras), só consegue emprego de secretária. E o próprio Marston tem dificuldades de arranjar emprego quando começam as fofocas sobre o relacionamento dos três. Uma época em que até mesmo o movimento feminista era conservador – a tia de Byrne, uma das decanas do feminismo norte-americano, mantém distância do trio com medo de comprometer o movimento.
O filme explora com sensibilidade a vida de Marston e de suas duas esposas e de como todas as experiências do trio contribuíram para a construção da personagem – da teoria DISC criada por Marston e ingorada pela academia, que servirá de base para as histórias, ao fascínio por aviões e a experiência com bondage e o detector de mentiras (que na personagem se transformará numa corda).
Uma das cenas mais emblemáticas e lindas é quando Byrne veste uma roupa “burlesca” em um clube fetichista e segura uma corda. A cena remete diretamente à personagem Mulher Maravilha.
Destaque para a direção inspirada, que torna belas e idílicas até mesmo cenas que poderiam se tornar pesadas sob mãos enos hábeis e para a atuação espetacular do trio de protagonistas. Aliás, a construção dos três personagens segue a teoria DISC criada por Marston: Elizabeth é a dominância, Marston a influência e Olive a submissão – há um plot twist no final, em que esses papéis se invertem.
Esse é um filme sobre preconceito contra o que é diferente e como esse preconceito muitas vezes eclode de maneira violenta. Mas é também um filme singelo e emocionante sobre amor: o amor entre o trio, o amor deles pela psicologia, o amor pelos quadrinhos...
A título de curiosidade, a Mulher Maravilha, após ser resgatada pelo feminismo na década de 1970 se tornou um símbolo do movimento – e o filme lançado recentemente foi a ponta de lança contra o assédio em Hollywood. E a teoria DISC, desprezada na época, hoje foi reabilitada e é moda, sendo muito usada em análise de padrões de comportamento e até em processos seletivos de empresas.

Fundo do baú - Jornada nas Estrelas



Jornada nas Estrelas é uma série de ficção científica criada em 1966 por Gene Rondemberry. O piloto, chamado de A jaula, mostrava a tripulação da Enterprise lidando com uma raça alienígena com o poder de provocar ilusões. Os executivos da Desilu, produtora da série, recusaram esse episódio por achá-lo cerebral demais. Eles queriam heróis lutando com monstros. O seriado foi repensado até tomar o formato que o consagrou, com o Capitão Kirk, o vulcano Spock e Cia. A série ganhou fama entre os estudantes e fãs de ficção científica, que pressionaram a produtora para uma nova temporada. No final, Jornada nas estrelas foi cancelada na terceira temporada, por baixas audiências.
Aí aconteceu a grande virada: a Paramount, que havia comprado a Desilu, começou a vender o seriado para televisões locais e o seriado estourou, virando um campeão de audiência. Surgiu então, um desenho animado, o filme de cinema (para concorrer com Guerra nas estrelas) e outros seriados, como A nova geração.
Uma curiosidade é que o personagem Checkov (homem ao escritor russo Anton Chechov) foi introduzido no seriado porque os produtores queriam um tripulante com apelo adolescente, ao estilo dos Moonkes. Ele entrou para substituir a ordenança Rand e liberar o Capitão Kirk para um interesse romântico por episódio. Este, aliás, constantemente tinha ereções, facilmente visíveis na calça apertada, enquanto contracenava com as beldades com pouca roupa e feições alienígenas.
A franquia, depois de vários filmes e séries, ficou desgastada, mas voltou nos cinemas com direção JJ Abrams, criador de Lost. Recentemente ganhou também uma elogiada série, Discovery, pela Netlflix.

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Spirit



Dos heróis surgidos nos anos da Segunda  Guerra Mundial, um  deles se destacou não pelos po­deres extraordinários ou por uniformes espalhafatosos.  Spirit, criado por Will Eisner, era um herói, acima de tudo, humano. Policial dado como morto, Colt se aproveita do anonima­to para resolver casos além do alcan­ce da polícia, apenas com uma capa e um chapéu “noir”. A minúscula máscara, sugestão do editor, procurou torná-lo mais comercial, mas não lhe diminuiu o prestígio.
O Spirit era uma espécie de mes­tre de cerimônias de um show  pelo qual desfilavam menores abandonados, ladrões, suicidas... Gente que tem uma bela ou triste história para con­tar.
Uma das histórias mais tocantes era sobre um garoto que sabia voar. Proibido de sair do chão pela mãe, ele sobe, já adulto, num edifício onde o Spirit troca tiros com bandidos e começa a fazer evoluções no ar, até que uma bala o acer­ta. Eisner aconselha os leitores não chorarem por ele, mas pelas pessoas que não perceberam seu vôo.
Apesar dos textos impressionis­tas, o Spirit entrou para a  história dos quadrinhos por um motivo estético: foi o primeiro a tentar uma linguagem realmente quadrinística.
O texto nun­ca dizia o que a imagem podia passar  e havia uma exploração muito grande das possibilidades narrativas do desenho. Eisner foi o primeiro a usar a sequên­cia com maestria nos quadrinhos e é considerado o pai da nova geração de quadrinistas, como Alan Moore, Da­ve McKean, Dave Gibbons e Neil Gai­man, entre outros.
O Spirit durou de 1940 a 1952, quando a opinião pública voltou-se contra os quadrinhos, depois que o livro ‘Sedução de inocentes”, do psicólogo Frederích Werthan, os acusou de serem responsáveis pela delinqüência juvenil que florescia nos EUA. Vendo a decadência do mercado de quadrinhos, Eisner foi fazer desenhos para o exército.
Na década de 1970, Eisner voltaria aos quadrinhos, criando as graphic novels com a obra Um contrato com Deus.

Open House de Magic The Gathering no II Aspas Norte

Em parceria com a loja 4 Fun TCG Store e o Aspas Norte, a Ápice realizará uma Open House de Magic The Gathering dentro do 2º Aspas Norte, no dia 12 de outubro, das 15 h até as 18 h, na Biblioteca Pública Elcy Lacerda.

- O que é uma Open House?

Uma "casa aberta" é um evento em que o objetivo é apresentar e ensinar o jogo Magic The Gathering para novas pessoas.
Nele, o novato ganha um deck (baralho) inteiramente grátis para chamar de seu; aprende as regras do jogo; é cadastrado como jogador, recebendo o seu o "RG" como tal (o chamado "DCI"); e poderá jogar contra outros novatos para praticar, tirando dúvidas com os responsáveis.
Você não pagará nada para jogar, nem para ter acesso ao material disponibilizado para a Open House.

- O que é Magic The Gathering?

Considerado o jogo mais complexo do mundo, Magic é um jogo de cartas colecionáveis (Collectible Card Game - CCG), trocáveis (Trading Card Game - TCG) e de batalha (Battle Card Game - BCG) desenvolvido por Richard Garfield no começo dos anos 90 para a empresa Wizards of The Coast.

- O que é o Aspas Norte?

Versão regional do congresso de pesquisa científica sobre histórias em quadrinhos e cultura pop em geral, sendo coordenado pelo professor, jornalista, roteirista e escritor Ivan Carlo, também conhecido como Gian Danton.

Para mais informações sobre o Aspas Norte, visite: https://aspasnorte.wordpress.com/

Redes sociais da loja 4 Fun TCG Store:

Facebook: /4funtcgtstoreap/

Instagram: @4fun_ap

Visite também o principal perfil amapaense dedicado ao jogo: @capitaodabonsventos

Desespero, de Stephen King

Acabei de ler Desespero, de Stephen King. Não é o melhor do mestre, mas King, mesmo que quando é ruim, é muito melhor que a maioria dos escritores comerciais.
A trajetória desse autor é interessante: na década de 1970 ele escreveu alguns romances bons, como O IluminadoZona Morta e Carrie. Essa fase terror teve seu auge no livro Cemitério, que provavelmente é o livro mais apavorante já escrito. Mas o auge mesmo foi no início dos anos 1990, com o livro Corredor da Morte, hoje chamado de À espera de um milagre por causa do filme, um belo livro cujos elementos fantásticos só servem para destacar a humanidade dos personagens.
Dali em diante, ele parece estar pendendo mais e mais para a fantasia e perdeu muito do charme que tinha antes. Seu enredos se tornaram fantasiosos demais, no meu entender. O que poderia ser uma história de violência doméstica com toques de terror, em Insônia, vira uma batalha campal entre o bem e o mau.
Desespero segue essa linha mais fantasiosa, em que o fantástico toma mais espaço que a caracterização dos personagens (o que dificulta ao leitor criar empatia com os mesmos). Mas ainda assim é um livro gostoso de ler. Impossível de parar de ler parece ser um adjetivo que foi grudado na testa de King e esse livro não foge à regra.
Desespero é uma pequena cidade mineira nos EUA. Quando um casal passa por um placa onde há um gato morto pregado, esse é apenas o prenúncio que virá. Eles são em seguida parados por um policial imenso, que mata o homem e prende a mulher. Para quem começa a ler, parece apenas uma história de psicopata, mas depois se percebe que há muito mais coisas em jogo, com entidades ancestrais e malignas envolvidas. A narrativa vai retornando no tempo e contando a história de todas as outras pessoas que estão presas com Mary. Entres eles a família Carver, cujo garoto David é o personagem mais consistente de todo o livro, embora seja também o mais fantástico. David encontrou Deus ao rezar para um colega que sofreu um acidente, e esse encontro vai ser fundamental na trama.

Desespero não é só um livro de terror, é também uma obra sobre crença e descrença, sobre como as pessoas deixaram de acreditar em algo maior e o vazio que isso deixou em suas vidas.

Mesmo quando escreve algo puramente comercial, King ainda tem algo a dizer.

quarta-feira, setembro 25, 2019

O RETORNO DO CAPITÃO AMÉRICA, DESENHO ANTIGO EM PORTUGUES, CAPITÃO AMÉRI...

A arte fantástica de Pauline Baynes


A artista britância Pauline Baynes foi descoberta por J.R.R Tolkien, que ficou fascinado com seus desenhos de mundos medievais. Tolkien apresentou a ilustradora para C. S. Lewis, que a escolheu para ser a desenhista oficial da série As crônicas de Nárnia. Seu estilo, que misturava fantasia, ambientação medieval e um toque infantil, casou perfeitamente coma  série.