Dos
heróis surgidos nos anos da Segunda
Guerra Mundial, um deles se
destacou não pelos poderes extraordinários ou por uniformes
espalhafatosos. Spirit, criado por Will
Eisner, era um herói, acima de tudo, humano. Policial dado como morto, Colt se
aproveita do anonimato para resolver casos além do alcance da polícia, apenas
com uma capa e um chapéu “noir”. A minúscula máscara, sugestão do editor,
procurou torná-lo mais comercial, mas não lhe diminuiu o prestígio.
O
Spirit era uma espécie de mestre de cerimônias de um show pelo qual desfilavam menores abandonados,
ladrões, suicidas... Gente que tem uma bela ou triste história para contar.
Uma
das histórias mais tocantes era sobre um garoto que sabia voar. Proibido de
sair do chão pela mãe, ele sobe, já adulto, num edifício onde o Spirit troca
tiros com bandidos e começa a fazer evoluções no ar, até que uma bala o acerta.
Eisner aconselha os leitores não chorarem por ele, mas pelas pessoas que não
perceberam seu vôo.
Apesar
dos textos impressionistas, o Spirit entrou para a história dos quadrinhos por um motivo
estético: foi o primeiro a tentar uma linguagem realmente quadrinística.
O
texto nunca dizia o que a imagem podia passar
e havia uma exploração muito grande das possibilidades narrativas do
desenho. Eisner foi o primeiro a usar a sequência com maestria nos quadrinhos
e é considerado o pai da nova geração de quadrinistas, como Alan Moore, Dave
McKean, Dave Gibbons e Neil Gaiman, entre outros.
O
Spirit durou de 1940 a 1952, quando a opinião pública voltou-se contra os
quadrinhos, depois que o livro ‘Sedução de inocentes”, do psicólogo Frederích
Werthan, os acusou de serem responsáveis pela delinqüência juvenil que
florescia nos EUA. Vendo a decadência do mercado de quadrinhos, Eisner foi
fazer desenhos para o exército.
Na
década de 1970, Eisner voltaria aos quadrinhos, criando as graphic novels com a
obra Um contrato com Deus.
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