sábado, outubro 31, 2009

Sul América cancela seguro saúde dos servidores do Estado

Os servidores do Estado do Amapá que têm seguro saúde da Sul América estão em pânico, pois receberam uma carta na qual são avisados que foram suspensos os serviços porque o estado não está repassando o dinheiro descontado em folha de pagamento.
A Sul América alega que não foram repassados os valores dos meses 7, 8 e 9 de 2009. Nesses mesmos meses foram descontados os valores no contracheque de minha mulher e de amigos dela que também são servidores estaduais. Ou seja: o Governo do Estado está embolsando o dinheiro e, enquanto isso, os servidores, que estão pagando, ficam sem plano de saúde.

Uma explicação da psicologia das massas para o caso Uniban

O século XIX viu aparecer um novo tipo de agrupamento humano. Antes a regra eram pequenas vilas, nas quais todo mundo se conhecia e se relacionava. O processo de industrialização forçou uma grande quantidade de pessoas a se deslocarem para grandes centros nos quais as pessoas não se conheciam e não tinham qualquer relacionamento mais íntimo. A aglomeração maciça de seres humanos forçou o contato pessoal com pessoas desconhecidas, muitas das quais permanecerão sempre desconhecidas. Não conhecemos o homem que nos vende alimentos e a moça do correio é apenas mais uma funcionária postal.
O homem moderno está rodeado de gente, mas é solitário. Essa nova realidade tornou patente um novo tipo de comportamento, que não era individual, mas coletivo. Para explicá-los surgiu a psicologia das massas.
Para essa área do conhecimento, existem três tipos de comportamento coletivo: o público, a massa a e multidão.
O que ocorreu na Uniban foi um exemplo de multidão, o mais primário tipo de comprotamento coletivo. Sua origem é biológica e remonta aos tempos em que o homem passou a viver em sociedade. Na multidão, os integrantes são comandados pela ação de ferormônios, hormônios expelidos pelo corpo, que fazem efeito ao serem percebidos olfativamente. Todos que estiverem no campo de ação dos ferormônios são contagiados e passam a agir como uma só pessoa, de forma irracional. É o caso de linchamentos, revoltas e tumultos em locais repletos de gente. É comum, por exemplo, que em casos de incêndio em casas de shows morram mais pessoas pisoteadas do que em decorrência do fogo.
A criação de uma multidão passa por quatro estágios, que podemos exemplificar no caso Uniban. No primeiro deles, há um acontecimento emocionante (um rapaz viu a garota com o vestido vermelho e a achou provocante. Uma aluna viu o mesmo vestido e se mordeu de inveja).
No segundo, há uma "moedura": os indivíduos se encontram, se chocam, começam a trocar ferormônios. Foi o que aconteceu enquanto a moça de vermelho assistia aula: do lado de fora, as pessoas trocavam ferormônios: raiva mistura-se com tesão e com desejos reprimidos e inconfessáveis (vestir-se como ela, violentar a moça, ser homossexual).
No terceiro momento surge uma imagem, uma idéia de ação, a exaltação coletiva é direcionada para um objetivo (lichar a moça).
Finalmente, no quarto estágio, a multidão, já totalmente dominada pelos ferormônios, age como se não tivesse cérebro. É apenas instintos, ID. Toda a repressão da sociedade (Superego), que nos permite viver em grupo, é desligada dando origem a pessoas que agem como animais anti-sociais. Os rapazes sobem nos ombros um do outro para ver pela janela alta do banheiro feminino, mulheres gritam pedindo a morte da moça e chamando-a de nomes inconfessáveis.
Não fosse a intervenção do professor (única figura representativa do Superego naquele momento), a moça teria sido violentada e morta naquele mesmo momento.
Uma multidão é como um estouro de boiada: é impossível pará-la com a força ou com a razão. Atirar adianta muito pouco, pois os que estão atrás empurram os que estão na frente, até chegar aos seus atacantes.
Só há duas maneiras de deter uma multidão: ou dando um segundo objetivo a ela, ou jogando gás lacrimogêneo.
Os gás impede que as pessoas continuem recebendo os ferormônios umas das outras. Por outro lado, a irritação nos olhos e a fumaça dão aos integrantes da multidão a impressão de que estão sozinhos. Um indivíduo só age como multidão se tiver certeza de que está incógnito. É a certeza de que seus atos individuais não serão percebidos que dá à multidão a liberdade de agir. É por isso que são comuns as desordem em períodos de blecaute. No caso, a polícia usou spray de pimenta nos mais exaltados, que tem efeito semelhante, pois faz a pessoa fechar os olhos e a impede de cheirar os ferormônios dos colegas. Sem o apoio dos ferormônios e sem enxergar os outros, a pessoa já não se sente mais parte de uma multidão e tende a se reprimir.
Dar um segundo objetivo também é eficiente, pois uma segunda proposta de ação leva a multidão a pensar, e uma multidão que pensa deixa de ser multidão.
Em uma perspectiva fisiológica, a multidão seria um comportamento coletivo governado pelo complexo R. Essa primeira e mais antiga camada de nosso cérebro é responsável pela auto-preservação. É aí que nascem nossos mecanismos de agressão e ações instintivas, como o sexo.
Se usássemos apenas o complexo R, a sociedade seria impossível, pois ninguém respeitaria regras sociais. Roubos e estupros seriam comuns. Os estupradores, por exemplo, costuma ter aquilo que é chamado de sequestro de amídala (outro nome do complexo R), significando que seu cérebro foi sequestrado por essa área mais instintiva.
São as outras camadas do cérebro, o complexo límbico e o neocórtex que reprimem o complexo R. No caso de multidões, como da Uniban, as pessoas simplesmente deixam de pensar racionalmente ou mesmo emocionalmente. Tornam-se monstros, governados por seus instintos numa atitude resumida por uma frase da estudante hostilizada: "Eles (os alunos) estavam descontrolados. Eu olhava os semblantes deles e achava que estavam possuídos. Chegaram a chutar a porta da sala onde eu estava".

sexta-feira, outubro 30, 2009

Bicho Papão é a língua portuguesa!

Foto tirada ontem, no centro de Macapá.


O talibã é aqui


No dia 22 de outubro uma estudante da Uniban foi agredida por ir à aula com roupas curtas. As imagens, postadas no Youtube, mostram centenas de pessoas forçando a porta da sala em que ela se abrigou, xingando e ameaçando fazer um linchamento. Foi necessário chamar a polícia militar para escoltar a garota até fora da faculdade. A gente acha que isso só acontece em paises como o Afeganistão, mas parece que o talibã também está no Brasil. Bom deixar bem claro: o movimento foi dos alunos, não da faculdade ou dos professores. Aliás, a faculdade diz que vai investigar e punir os baderneiros.
Ao ler sobre o assunto e ver as imagens eu não pude deixar de lembrar da HQ Persépolis, sobre a revolução islâmica no Irã. A autora conta que mulheres que era pegas dirigindo carros ou saindo na rua sem o véu, eram violentadas ali mesmo. Isso gerou até uma piada no filme Borat, quando o protagonista vê uma mulher dirigindo uma carro e pergunta se pode estuprá-la.
Infelizmente, parece que algumas pessoas no Brasil concordam com isso...

Resultado do concurso para logo do blog de design do CEAP


Saiu o resultado do concurso para escolha da logo do blog do curso de Design do CEAP. A ganhadora foi Elisama Jamilie Melo Gouveia. Clique aqui para conhecer o blog.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Falta de higiene na Expoeira

Duas coisas têm chamado a atenção das pessoas que foram na Expofeira com as quais eu falei: a poeira (que fez com que o evento ganhasse o apelido de Expoeira) e a falta de higiene dos vendedores de comida.
A falta de cuidados higiênicos é tão grande que aquilo já está virando um congresso de vírus e bactérias. Vi vendedores de sorvente pegando a casquinha com a mesma mão com que havia pegado dinheiro, um vendedor de maçã do amor colocando confete na maçã também com a mesma mão com a qual havia pegado o dinheiro. Um vendedor de batata frita cortava as mesmas sentado no chão...
Fomos jantar no restaurante que nos pareceu mais higiênico, mas fiquei decepcionado ao ver o garçom colocando a macaxeira no prato com as mãos!
Praticamente ninguém usava luvas, avental ou touca.
Quase todos os órgãos do governo e prefeitura estavam lá na Expoeira, mas parece que não havia ninguém da vigilância sanitária.
Dica: para a próxima Expoeira podiam fazer um curso de noções básicas de higiene com as pessoas que vão vender comida.

terça-feira, outubro 27, 2009

Dica de blog

Na década de 1970 a editora Abril lançou uma coleção chamada Os cientistas que incluia, além de biografias de grandes cientistas, um kit de experiências. Essa coleção foi a iniciação de muitos pesquisadores hoje famosos. Agora existe um blog só sobre o assunto, com detalhes da coleção e depoimentos. Para conhecer, clique aqui.

segunda-feira, outubro 26, 2009

O site Watchmen Brasil publicou meu artigo sobre as influências científicas e filosóficas em Watchmen. Para conferir, clique aqui.

Fahrenheit 451



Finalmente assisti ao filme Fahrenheit 451, de François Truffaut, baseado na obra de Ray Bradbury (comprei por 12 reais no Submarino). O livro é uma das minhas obras prediletas e tinha muita curiosidade de ver o filme, já que o texto de Bradbury é muito poético, difícil mesmo de transpor para as telas.
Para quem não sabe, Fahrenheit é sobre uma sociedade na qual é proibido ler. Como as casas agora são à prova de fogo, a função dos bombeiros é queimar os livros. O personagem principal é justamente um bombeiro, Montag, que, perigosamente, começa a se interessar pelos livros que queima.
Há toda uma contextualização para a obra. Bradbury viu o movimento marcathista nos EUA, em que livros de escritores tidos como de esquerda eram queimados em praça pública. Viu também a perseguição aos quadrinhos, em especial à editora EC Comics, com a qual ele colaborava, perseguição que começou com queima de gibis em praça pública e terminou com a criação de um código que engessou os comics americanos. Bradbury também odiava a televisão, um aparelho que, na sua opinião, deixava as pessoas ocas, incapazes de refletir, em um estado de felicidade vazia e conformista.
Farenheit é um resultado de tudo isso: da perseguição aos livros e quadrinhos e da emergência da TV como mídia de massa.
Para além do conteúdo, o livro prende pela narrativa extremanete poética. Bradbury é um daqueles escritores que prendem mesmo que não estejam contando nada, de tão gostoso é seu texto.
Truffaut conseguiu o que parecia impossível: fez uma bela adaptação de uma obra quase inadaptável. Fez muitas mudanças, mas todas necessárias e adequadas ao espírito da obra original. Por exemplo, no livro há um cachorro mecânico com o qual Mantag tem problemas quando começa a se interessar por livros. Sem contar com os efeitos necessários, Truffaut fez Montag ter problemas com a barra pela qual os bombeiros descem. Do ponto de vista metafórico ficou ainda melhor, já que a cena indica que ele já não é mais um bombeiro.
O cineasta também aproveita para fazer uma homenagem a grandes obras da literatura. Aparece até mesmo uma MAD sendo queimada, numa referência direta à perseguição aos quadrinhos da EC Comics. Em outro momento, ele faz uma homenagem a Crônicas Marcianas, outro grande livro de Bradbury.
Ou seja: um filme de cabeceira.
Uma questão interessante, levantada pelo filme é: se você pudesse ser um livro, se você pudesse decorar um livro para guardá-lo para a posteridade, que livro você seria?
Eu adoro muitos livros, mas provavelmente seria O nome da Rosa, uma obra que reúne o que há de melhor em muitas outras obras que aprecio.
E você? Que livro seria? Diga aí, na caixa de comentários...


sábado, outubro 24, 2009

A nova mania: fechar a rua

Os moradores de Macapá têm uma mania: fechar a rua para ninguém passar. A Claudomiro de Moraes, principal via de acesso ao bairro do Congós foi fechada pelo governo por causa de uma obra e os moradores resolveram fechar a única via possível para o desvio. O resultado foi um inferno de carros na mão e na contramão. E a polícia não faz nada. O direito de ir e vir é básico. Ninguém pode fechar a sua rua. Pode, claro, reclamar com os governantes, mas não fechar. Se isso fosse legal, cada um fechava sua rua e ninguém passava pela rua do outro. Ou seja: a rua deixava de ter objetivo. Os carros parados e alguns fazendo a curva para voltar na contramão.
Muita madeira e até pneus sendo colocados na pista.
Duas pessoas colocando troncos de madeira no meio da pista. São troncos de árvores. Pergunta: eles tinha autorização para abater essas árvores?


sexta-feira, outubro 23, 2009

Curso de gestão cultural


O SENAC está abrindo uma turma de pós-graduação a distância em Gestão Cultural. O curso pretende formar produtores culturais com foco, entre outras coisas, na elaboração de projetos culturais. Ou seja: um curso extremamente necessário no Amapá. Atualmente temos poucas pessoas capacitadas para elaborar projetos culturais, uma das razões da baixa participação do estado em editais federais. Para se ter ideia, 2009 foi o primeiro ano que amapaenses apresentaram projetos nos editais do MinC. Então, é uma área em expansão. Para se inscrever, clieque aqui ou procure o SENAC na avenida Henrique Galúcio.

O reino dos iletrados



Começou, de novo, a caça às bruxas nas escolas públicas. Segundo o G1, uma mãe, na cidade de Vila Velha, Espírito Santo, reclamou do filho ter emprestado na biblioteca da escola o livro O Nome do Jogo, de Will Eisner. Segundo ela, o livro é pornográfico. Como resultado, a prefeitura de Vila Velha mandou recolher álbum de todas as escolas públicas.
Mais uma vitória dos iletrados. O nome do jogo está longe de ser pornográfico. É um livro importante sobre a vida dos judeus na América e fala sobre como o casamento foi usado por eles como um meio de subir socialmente.
A mãe, claro, não se deu ao trabalho de ler. Folheou, viu uma mulher com as costas aparecendo (cena abaixo) e achou um absurdo. Se fosse um livro, não teria problema nenhum já que a mãe, iletrada, não se daria ao trabalho de ler a obra.
Já li em bibliotecas públicas livros com teor muito mais pesado que O nome do jogo. Satiricon, de Petrônio, é um dos melhores relatos sobre a Roma Imperial, mas é também um livro repleto de orgias (quem história sabe que os romanos encaravam o sexo com muita naturalidade). Li Dalton Trevisan em biblioteca pública. Li Machado de Assis em biblioteca pública (quem acha que a obra de Machado é inocente é porque nunca leu seus livros). Li Menino de engenho, de José Lins do Rego em biblioteca pública (para quem não leu, tem uma famosa cena de zoofilia).
Li Nelson Rodrigues em biblioteca pública.
Ninguém nunca reclamou desses livros na biblioteca porque os iletrados não leem e esses livros não tinha figuras. Os que são leitores sabem que as cenas mais fortes estão, na maioria desses livros, contextualizadas e não são o foco das obras. Embora Dom Casmurro tenha traição e tentativa de infanticídio, o livro vale pela profunda análise do ser humano. Se fizessem uma adaptação para quadrinhos, só iam ver isso porque os iletrados, como disse, não se dão ao trabalho de ler. Basta "ver as figurinhas".
Hoje, quem decide o que entra e o que não entra nas bibliotecas públicas são os iletrados e analfabetos. Este é o mundo em que vivemos.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Isso é uma vergonha

Não tem como não lembrar da famosa frase do Boris Casoy ao falar do caso do coordenador do afroreggae, morto durante um assalto no último domingo. As câmeras de segurança de um prédio fimaram o assalto e o tiro. Enquanto Evandro João Silva agonizava na calçada, um carro da polícia se aproximou. O que se esperava era que eles prendessem os assaltantes e prestassem ajuda. Não fizeram nem uma coisa nem outra: simplesmente pegaram as coisas da vítima, liberaram os assassinos e não prestaram qualquer socorro. Na delegacia disseram que encontraram apenas um corpo na calçada. Só não sabiam que estavam sendo filmados.
Esse é o Rio de Janeiro que pretende sediar uma Olimpíada? Com níveis de violência altíssimos e uma polícia que está mais preocupada em roubar do que em ajudar a população?

quarta-feira, outubro 21, 2009

Que Deus é esse?

Recentemente, recebi um e-mail que falava sobre Deus. Reproduzo-o abaixo, resumido (mas deixei os erros):
Eis o que alguns homens falaram e tiveram as consequências de suas palavras:


JOHN LENNON: Lennon, depois de ter dito que os Beatles estavam mais famosos que Jesus Cristo, recebeu cinco tiros de seu próprio fã.






TANCREDO NEVES:Na ocasião da campanha presidencial, disse que se tivesse 500 votos do seu partido (PDS), nem Deus o tiraria da presidência da república. Os votos ele conseguiu, mas o trono lhe foi tirado um dia antes de tomar posse.








O CONSTRUTOR DO NAVIO TITANIC: Na ocasião em que foi construído, apontaram-no como o maior navio de passageiros da época. No dia de entrar em alto-mar, uma repórter fez a seguinte pergunta para o construtor: "O que o senhor tem a dizer para a imprensa, concernente à segurança do seu navio?" O homem, com um tom irônico, disse: "Minha filha, nem se Deus quiser, ele tomba o meu navio". O resultado foi o maior naufrágio de um navio de passageiros no mundo.

CAMPINAS/SP EM 2005:Em Campinas, uma turma de amigos, já embriagados, foram buscar a última pessoa da turma para irem para balada. Ao pararem em frente da casa da jovem, chamou-a, e junto, veio a mãe. A mãe, com medo, vendo todos embriagados e sua filha entrando naquele carro lotado, pegou na mão da filha que já estava dentro do carro e disse: "FILHA, VÁ COM DEUS! QUE ELE LHE PROTEJA". A filha, pra tirar uma onda com a mãe, disse: "SÓ SE ELE FOR NO PORTA-MALAS, POIS AQUI JÁ ESTÁ LOTADO". Algumas horas depois, veio a noticia aos familiares dos jovens: sofreram um acidente e todos morreram. O carro ficou irreconhecível, mas o porta malas ficou intacto. A policia técnica disse que pela violência do acidente seria impossível o porta-malas ficar intacto. Quando o policial abriu o porta-malas, lá estava uma bandeja com 18 ovos sem nenhum arranhão e todos nos lugares corretos da bandeja.

Comentário: 
A mensagem é cheia de erros. Dá a entender, por exemplo, que John Lennon foi morto logo depois de dizer a famosa frase. A frase é de 1966, ele morreu em 1980. A frase sobre o Titanic não é irreal. Foi iventada para dar mais drama a um filme. Além disso, Tancredo Neves era do PMDB, não do PDS. Finalmente, não há qualquer referência à história dos ovos no porta-malas. Pesquisei no Google e encontrei apenas sites e blogs que reproduzem esse e-mail. Ou seja, provavelmente é uma história inventada, pois em 2005 já existia internet e, se o acidente realmente tivesse acontecido haveria alguma notícia sobre o fato.
Mas, tirando os inúmeros erros, vamos à lógica do e-mail. Eu fiquei me perguntando: que Deus é esse? Um Deus vingativo, mesquinho, egocêntrico, ciumento, sempre pronto a punir e que não aceita ser menos famoso do que John Lennon. E meio cego também, claro. No caso do Titanic, esse Deus do e-mail matou mais de 1.500 pessoas por causa de uma declaração do seu construtor. No caso de Campinas, Deus teria matado todas as pessoas do carro apenas para provar que o porta-malas ficaria intacto no acidente. No caso de John Lennon, Deus teria matado um homem que lutava pela paz no mundo apenas para provar seu ponto de vista.
Não consigo concordar com essa concepção de Deus, assim como não concordo que se deva temer a Deus. Afinal, o maior atributo de Deus é o amor. Um Deus de amor não combina com um Deus vingativo e egocêntrico. Um Deus de amor não provoca temor.
Se  formos usar a lógica do e-mail, todas as pessoas que morreram assassinadas, afogadas e em acidentes de trânsito morreram assim porque zombaram de Deus. 
Aliás, a minha filha me lembrou que a lógica do e-mail é a mesma lógica dos nazistas: os cinco milhões de judeus que foram mortos nos campos de concentração mereciam isso porque não acreditavam em Jesus. Será que Deus também é nazista? Para o autor do e-mail, provavelmente. 

Edgar Franco ganha o troféu Bigorna

O quadrinista Edgar Franco ganhou o Troféu Bigorna 2009 com a revista Artlectos e Pós-Humanos. Parabéns, Edgar!

8 clichês infalíveis em programas de auditório

Programa de auditório é tudo igual: você precisa de um apresentador – e ele pode ser de qualquer jeito, gordo ou magro ou mãe de um filho do Mick Jagger – um cenário – que contém um logotipo do programa, quase sempre em powerpoint – e uma platéia – que o Silvio Santos, por exemplo, chama de “colegas de trabalho”, embora eu não ache que nenhuma moça ali também seja uma multimilionário da comunicação. Depois de arranjar tudo isso, você já pode começar a rodar seu programa ao vivo e buscar aquele toque que irá ganhar o telespectador, o que nunca vira nada, porque entra ano e sai ano, sai a moça que cantava músicas dos dedinhos e entra a que tem as pernas compridas, e os programas de auditório continuam com os 8 clichês infalíveis abaixo. Leia mais

terça-feira, outubro 20, 2009

AS AVENTURAS DO BARÃO DE MUNCHAUSEN


De como meu atraso ao pegar o trem em Londres provocou a independência do Brasil

Um conto Barão, ouvido e transcrito pelo senhor Duque Gian Danton, que jura serem todos os fatos aqui transcritos verdadeiros e desafia para um duelo qualquer um que venha a dizer o contrário.

Já é por demais conhecido o fascínio que minha presença exerce sobre as mulheres de qualquer espécie, uma paixão desenfreada que quase me custou a vida quando passava férias na África Meridional. Mas essa é uma história que contarei em outra oportunidade. No momento, vou diverti-los um pouco, aproveitando para dar-lhes algumas lições sobre nobreza e cavalheirismo, contando a história de como a paixão de uma dama inglesa e meu atraso ao tomar o trem em Londres provocou a Independência de um simpático país do Novo Mundo chamado Brasil.
Talvez não seja de conhecimento de todos que a corte portuguesa precisou ausentar-se momentaneamente de Lisboa, premida que estava pela necessidade de ver e apreciar novos ares e, também, porque Napoleão Bonaparte lhes estava nos calcanhares.
Uma vez no Novo Mundo, o bom D. João VI percebeu que precisaria deixar um governante nas novas terras quando os homens de Napoleão se cansassem dos fados portugueses. E, fiel ao preceito de que o melhor pirão é o de casa, deixou seu filho, que, no entanto, já se enfadava com as mulheres nativas. Assim, o bom pai prometeu ao filho que lhe enviaria algumas damas européias e, como a Inglaterra era aliada de Portugal, não poderiam vir de outro local esses novos regalos para o jovem príncipe.
Como nessa época eu estava em visita a Portugal e como era o oficial mais eficiente e mais garboso disponível, fui escolhido para a importante missão de negociar com uma respeitável dama de Londres uma remessa para o príncipe.
Ocorre que tal dama não só era respeitável, como era também de bom gosto e não se furtou a se apaixonar por mim, de modo que nos enfurnamos em uma casa aos arredores da capital inglesa e quando saí de lá, descobri que o trem já havia partido.
Como o trem me levaria ao navio, perder o trem era o mesmo que perder o navio, e perder o navio era fracassar na missão. Assim, não tendo o que fazer, voltei para os braços da formosa Dama e nos divertimos mais um pouco.
Foi quando me lembrei de um expediente que utilizei quando do cerco a um castelo no qual estava entrincheirado e procurei o responsável pelos canhões da Rainha. Ele só me pediu uma bola de canhão em troca do que eu lhe solicitava e consegui uma no mercado negro por meras 2 libras. Assim, coloquei-me à frente do canhão e esperei que ele fosse acionado. Assim que ouvi o estrondo, agarrei-me à bola que saía dele e assim fui parar na França.
Usando esse método, fui viajando de lugar em lugar até chegar à África a uma rapidez absurda. Infelizmente os canhões africanos mal alcançavam até o meio do oceano Atlântico e tive de nadar o restante para chegar ao Rio de Janeiro. Todos sabem que sou um ótimo nadador e a verdade é que eu teria chegado antes do barco, não fosse a idéia que me ocorreu de levar comigo a bola de canhão como lembrança dessa fantástica viagem, o que, confesso, me atrasou algum tanto.
O fato é que quando o príncipe viu o navio chegando e não me encontrou a bordo, concluiu que seu pai falhara com ele e decidiu proclamar a independência do país, garantindo assim, para si, um estoque mais constante de moçoilas européias e nativas.
Quando cheguei à praia, descobriram o que havia acontecido, mas já era tarde demais. Assim, os entusiastas da Independência me proclamaram bem-feitor e pude comemorar por 10 dias naquelas terras abençoadas pelo sol. Do dia para noite virei herói nacional e até hoje o dia 31 de março é dedicado à minha memória, dia esse em que os militares brincalhões saem às ruas para comemorar de modo saudável dando tiros para o alto, dançando rumba e derrubando presidentes.
Senhores, essa é a minha história, na qual asseguro de que todas as palavras são verdade. E, se algum falastrão duvidar, fá-lo-ei engolir uma garrafa de conhaque com vidro e tudo. Agora, se me dão licença, preciso me recolher aos meus aposentos. Há uma dama lá necessitando urgente de meus atributos... e não é lícito deixar uma dama em sozinha em tal estado...

domingo, outubro 18, 2009

Coletânea de poesias


Está tudo pronto. No próximo dia 4, às 19h no Teatro das Bacabeiras, será lançada a coletânea de poesias do grupo Uni-verso, que reúne 16 poetas do meio do mundo.
A organização é de Manoel Bispo e a coordenação de Alcinéa Cavalcante, Ricardo Pontes, José Pastana, Rostan Martins e Manoel Bispo – que fazem parte da diretoria do Uni-verso e também do Clube dos Poetas.

Apresentação de Artes Visuais

Ontem aconteceu a apresentação dos trabalhos práticos do curso de pós-graduação em Artes Visuais do SENAC. Foi ótimo. Os alunos realmente se superaram na criatividade. Abaixo, algumas das obras expostas. Alexandre Smith fez o oposto de Duchamp: levou uma obra de arte (Monalisa) para uma banca de camelô na forma de um relógio muito estraho a um preço de ocasião.
Gabriela e seu catavento e caderno. Movimento, abstração e ready made.

André apresentou uma pizza para demonstrar a geometria. Pena que não deu para comer.


Cristiane fez uma crítica da devastação da natureza numa obra que exigia o envolvimento do receptor.


O Raimundo Afonso apresentou fotografias e uma pintura. O que parece um quadro azul é, na verdade, uma fotografia de uma gota d´água. Resultado de muita paciência.

A Alessandra apresentou um cubo com espelhos. Poesia, geometria, fragmentação e reflexão em uma mesma obra.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Capas de discos

A gente reclama do Photoshop, mas antes dele já se fazia muita bobagem em design gráfico. Olhem essas capas de discos! Não tinha uma foto pior não? Talvez uma em que todos estivessem olhando para o mesmo lugar...
Reparem na expressão da menina à direita. Essa aí deve ser vilã de novela das 8.

Em ocasiões felizes você ouve esse tipo de música e faz papel de idiota?

Sem comentários.
Borat fez escola.

Podia ser um pouco menos sutil. Ningem deve ter entendido a mensagem. E a produção, a meu Deus, a produção! Gastaram tudo mandando fazer um sapato gigante e colocaram de cenário uma esteira...

Partilha do “baguepão” - sanduíche de nove metros -, encerra programação em homenagem ao Dia Mundial do Pão


O evento de encerramento será na Praça Floriano Peixoto, a partir das 17h, com uma vasta programação para comemorar o dia Mundial do Pão, festejado mundialmente no dia 16/10.
A partilha do baguepão, sorteio de brindes, atrações culturais e atividades lúdicas e recreativas, irão rechear o ultimo dia da primeira Semana do Pão no Amapá.
Fonte: release SEBRAE

Bate-papo sobre Rumo à fantasia


A Devir fará um bate-papo para marcar o lançamento da antologia *Rumo à Fantasia*, no dia 5 de novembro na Biblioteca Viriato Corrêa, em São Paulo. A conversa, que deverá contar com a presença de Braulio Tavares, Cesar Silva, Rosana Rios, Vagner Vargas e Roberto de Sousa Causo, acontece às 19h00. A Biblioteca Viriato Correa fica na Rua Sena Madureira, 298, Vila Mariana, São Paulo (F.: 11-5573-4017)

quinta-feira, outubro 15, 2009

Exposição no SENAC


Sábado, dia 17, os alunos do curso de pós-graduação em Artes Visuais do SENAC vão apresentar seus trabalhos práticos numa exposição. Todos estão convidados para ir lá ver. A exposição acontecerá no auditório do SENAC, das 9 às 12 horas.

Brasil tem um dos piores índices de leitura do mundo

Rumo à fantasia


Finalmente comecei a ler Rumo à fantasia (Devir), coletânea internacional organizada por Roberto Causo na qual participo com o conto Mapinguari.
Rumo à fantasia é o tipo de livro que vale pela qualidade literária dos textos escolhidos, independente do gênero. Fiquei particuparmente impressionado com "História de Maldun, o mensageiro", de Bráulio Tavares. Bráulio é uma espécie de lenda viva da ficção-científica brasileira. É autor, inclusive do volume sobre o assunto na coleção Primeiros Passos. Mas domina com perfeição também a fantasia. Sua narrativa ambientada na penísula ibérica dominada no final da Idade Média é rica em detalhes e lembra O nome da Rosa. Confesso que não entendi tudo, mas é culpa mais do leitor do que do escritor. Preciso reler, com mais atenção. Até agora é o melhor do livro.
"Um habitante de Carcosa" entra no volume mais como registro histórico. Ambrose Bierce é figura-chave do gênero nos EUA. Mas o conto, hoje, é previsível, apesar de ser muito bem narrado.
"O lugar do mundo" é uma surpresa. Um francês escrevendo sobre os repentistas do nordeste. Um conto leve, gostoso de ler.
"Mensagem na garrafa", de Cesar T. Silva lembra muito os trabalhos de Neil Gaiman, que se notabilizou por trazer a fantasia para o ambiente urbano. Boa trama.
"Uma praga de borboletas", de Orson Scott Card lembra o trabalho de Bráulio Tavares. Muito bem narrado, mas uma história difícil. Exige atenção por parte do leitor. Mas, na briga dos dois, o brasileiro ganha. Até agora, Bráulio Tavares escreveu o melhor texto da coletânea. Claro que ainda não li tudo. Depois posto a opinião sobre os outros contos.

Dia do professor


Hoje, dia do professor, gostaria de indicar aos meus colegas um ótimo filme sobre educação: O Clube do Imperador. É a história de um professor de história de uma escola tradicional absolutamente apaixonado pelo trabalho. A grande discussão do filme é sobre ética (não dá para contar muito, sem entregar a surpresa, então). Mas uma parte do filme me marcou muito. O professor decepciona-se com um aluno e entra em depressão, só para descobrir que todos os outros haviam se tornado pessoas éticas e corretas. A narrativa diz algo como: "Muitas vezes nos prendemos a um único fracasso e esquecemos todos os sucessos".
Apesar de todas as dificuldades, sei que fiz a diferença na vida de muitos alunos que se tornaram grandes profissionais, éticos e competentes. Isso por si só já vale a pena. Tenho muito orgulho de ver ex-alunos se transformarem, por exemplo, em colegas de trabalho.
Gostaria também e lembrar de todos os professores que fizeram a diferença para mim. Entre eles: a professora Maria Ângela, durante muito tempo coordendadora pedagógica do CEAP; Isaac Epstein, meu orientador no mestrado na UMESP e a pessoa que me mostrou a mágica da metodologia científica; Luzia Alvares, crítica de cinema e professora da UFPA (que, além de ter sido uma ótima professora, foi quem primeiro me deu oportunidade de publicar em jornal); Regina Alves, do núcleo de rede da TV Globo e professora da UFPA; Lúcio Flávio Pinto, grande jornalista e uma uma das maiores autoridades quando o assunto é a Amazônia. A todos eles, meu muito obrigado.

quarta-feira, outubro 14, 2009

Amapaense é homenageado no Senado

No dia dos professores, o Senador Cristóvão Buarque vai homenagear várias personalidades que se destacaram no incentivo à cultura. Entre elas, o amapaense Jonas Banhos ,coordenador do projeto Barca das Letras, que incentiva a leitura de populações ribeirinhas do Amapá. Veja mais detalhes no blog do Jonas.

Códigos

Segundo a enciclopédia Larousse Cultural, “o código é um sistema de probabilidades que, aplicado a um sistema desordenado (entrópico ou caótico), reduz as possibilidades de ocorrência caótica de eventos, facilitando a comunicação”.
A citação pode parecer complicada, mas não é. Para começar, vamos nos ater ao objetivo. O código tem como objetivo facilitar a comunicação. Ou seja, sempre que emitimos algum tipo de comunicação, utilizamos um código, ou nossa mensagem não seria compreendida.
Mesmo quando fazemos um gesto (de adeus, por exemplo) estamos usando um código.
As diferenças de código gestual já provocaram até um incidente diplomático. Um presidente norte-americano, em visita ao Brasil, fez, para os jornalistas, um sinal com a mão que consistia em juntar o polegar e o indicador em círculo, deixando estendidos os outros dedos.
No código gestual norte-americano, esse gesto representa OK, mas no Brasil o sinal tem forte conotação obscena.
O corpo humano tem a possibilidade de realizar os mais variados tipos de movimentos. Se todos eles fossem portadores de mensagens, estaríamos diante de um estado entrópico, ou caótico, em que tudo é válido.
Assim, poderíamos um dia dar tchau balançando a mão aberta e, no outro, rodopiando o pé, ou abanando as orelhas. E, na semana seguinte, esses mesmos sinais poderiam ter outros significados.
Não é necessário ser um expert em cibernética ou semiótica para compreender que um tal estado de coisas, em que pode tudo, não seria favorável a uma comunicação eficaz.
Se encontro alguém na rua e ele me abana as orelhas, como poderei saber qual é a mensagem que ele quer, de fato, transmitir? (ele poderia estar abanando as orelhas sem qualquer objetivo de estabelecer uma comunicação).
É necessário haver um conjunto de regras que organize as várias possibilidades de sinais, nos dizendo o que pode e o que não pode, quais sinais têm significado e quais não têm.
No código gestual brasileiro, por exemplo, abanar as orelhas não tem significado nenhum.
O código diminui consideravelmente as possibilidades de transmissão de mensagens de um canal. Um macaco datilografando é um exemplo de entropia. Ele utiliza todas as possibilidades combinatórias dos sinais que estão à sua disposição.
O primata pode, por exemplo, escrever uma mensagem do tipo:
RZHPOITQAAJ
O texto é muito informativo, mas não comunica nada, pois não respeita as regras de combinação (sistema de probabilidades) da língua portuguesa.
Em português, quando temos a letra Q, há uma probabilidade enorme de que a letra seguinte seja um U acompanhado de uma das seguintes vogais: A, E, O, I.
Assim, a combinação QA não é possível.
Também de acordo com o código língua portuguesa, as consoantes são geralmente acompanhadas de uma vogal. Dessa forma, ao vermos um R, intuímos que a seguinte será uma vogal, como em RATO.
O encontro RZ não é aceito pelo código e a probabilidade dele ocorrer é mínima.
Diante das letras S, C, A e A, algumas combinações se revelam possíveis, outras não.
CASA é um agrupamento possível, assim como SACA, mas SCAA é uma mensagem completamente entrópica, a não ser que seja a sigla de uma entidade, por exemplo.
O código diminui consideravelmente a possibilidade informativa do canal, introduzindo redundância nela como uma forma de protegê-la contra o ruído e a entropia.
Para visualizar a noção de código, vamos imaginar um canal simples: quatro lâmpadas.
Imaginemos que essas quatro lâmpadas sejam usadas para transmitir ao piloto de um avião as seguintes mensagens: TREM DE POUSO FUNCIONANDO e TREM DE POUSO COM DEFEITO.
O leitor implicante irá me perguntar: por que usar quatro lâmpadas se eu posso transmitir a mesma mensagem com apenas uma?
De fato, esse é o sistema utilizado em um carro, por exemplo. Algumas funções internas do veículos são transmitidas ao condutor através de uma única lâmpada. É o que ocorre, por exemplo, com o fluído de freio. Se o fluído de freio está normal, a lâmpada permanece apagada. Se ela acende, é porque há algum problema.
Acontece que há uma diferença brutal entre o resultado de uma falha de comunicação em um carro e um avião.
Se a lâmpada do fluído de freio estiver queimada, o motorista, ainda assim, tem condições de descobrir que há algo errado (o freio começa a falhar, por exemplo) e parar o carro no acostamento.
No avião, não há tal possibilidade. Uma única falha de comunicação pode provocar um acidente no qual morrerão dezenas de pessoas.
Como vimos no capítulo sobre redundância, quanto maior a importância da mensagem e quanto mais grave a conseqüência de um possível ruído, maior deve ser a redundância empregada.
Para isso, usa-se quatro lâmpadas em nosso exemplo: a falha em uma delas não irá prejudicar a transmissão da mensagem.
Diante das quatro lâmpadas, temos de estabelecer um código, um conjunto de regras para a transmissão da mensagem.
O canal quatro lâmpadas permite 16 combinações possíveis. Usá-las todas seria equivalente a um estado entrópico/caótico. O mesmo que um macaco brincando com uma máquina de escrever.
Para evitar isso, reduzimos para apenas duas as combinações possíveis. Assim: as duas primeiras lâmpadas acesas e as outras apagadas significa TREM DE POUSO FUNCIONANDO e as duas primeiras apagas e as outras acesas significa TREM DE POUSO COM DEFEITO.
Caso ocorra um ruído (uma lâmpada queimada, por exemplo), ainda assim o receptor terá capacidade de receber a mensagem e perceberá que a lâmpada queimada é um ruído, não uma parte da mensagem.

terça-feira, outubro 13, 2009

As calçadas, sempre as calçadas!

Os camelôs foram retirados das calçadas do centro de Macapá, mas não adiantou muito. Algumas lojas já estão ocupando esse espaço. Uma loja de som de carros, em plena Padre Júlio, no centro da cidade, resolveu ocupar a calçada com os carros dos clientes, como se ali fosse uma oficina. Dia desses, não satisfeitos em ocupar a calçada, eles resolveram ocupar também a rua, colocando cones e impedindo carros que não sejam seus clientes de estacionar nas proximidades.

Homenagem à Família Titã

O quadrinista Lancelot fez uma homenagem à Família Titã, famosa história em quadrinhos minha e do Bené Nascimento (Joe Bennett), que, para muitos, foi um marco dos super-heróis brasileiros. Abaixo, um dos desenhos. Para ver a matéria completa, clique aqui.

domingo, outubro 11, 2009

História dos quadrinhos

Ken Parker

Em 1974 o gênero faroeste já havia sido tão explorado que parecia praticamente impossível surgir alguma abordagem diferenciada. Foi quando surgiu, na Itália, Ken Parker, criação do roteirista Giancarlo Berardi e do desenhista Ivo Milazzo.
Uma primeira diferença estava no traço de Milazzo, que destoava do desenho realista que se usava até então no gênero. Seu estilo era simples, estilizado, mas altamente dinâmico e expressivo. O fato do personagem ser baseado no ator Robert Redford também era uma novidade na época (posteriormente, outros personagens dos fumetti emprestaram rostos de atores e atrizes famosos: Dylan Dog era Rupert Everett e a criminóloga Júlia era Audrey Hepburn. Mas o grande diferencial de Ken Parker estava mesmo nos roteiros. Ken Parker é o mais humano dos cowboys. Berardi inovou logo nos primeiros números fazendo com que o herói perdesse a memória e fosse morar com os índios, sendo chamado de Chemako (aquele que não se lembra).
Durante décadas os índios foram retratados nos quadrinhos como animais ferozes e bárbaros. Algumas histórias em quadrinhos, como Tex e Blueberry já haviam começado a mostrar uma visão mais positiva dos índios, mas seria apenas com Ken Parker que os nativos norte-americanos seriam retratados de forma realista e como o que de fato eram: vítimas dos massacres dos homens brancos que invadiam suas terras.
O episódio demonstrou bem alguns dos principais méritos da série: o de mostrar o outro lado do velho Oeste. Ken Parker convive não só com índios, mas com baleeiros e esquimós.
Os episódios Terras Brancas e a Nação dos Homens, em que o personagem convive com os esquimós, é praticamente uma aula de roteiro de como o roteirista deve pesquisar sobre o ambiente em que se passa a história para escrevê-la. Os costumes e forma de vida dos esquimós são retratados com um realismo impressionante para a época, elevando a série muito além do que era feito com o gênero faroeste.
Não bastassem essas inovações, Ken Parker ainda brincava com outros gêneros, experimentando outras possibilidades. No episódio 4, Homicídio em Washington, Berardi introduziu uma trama policial, o que ocorreria em vários outros volumes. Na história Boston, por exemplo, Ken Parker contracena com grandes detetives literários, como Sherlock Holmes e Poirot e acaba sendo o responsável pela solução de um crime em uma locomotiva.
Em outro episódio, Ken Parker delira e se vê como um cavaleiro andante.
Outro grande diferencial de Ken Parker será a construção detalhada dos personagens secundários, que muitas vezes parecem roubar a cena, tornando-se a grande atração do gibi. É o caso da menina Pat O´Shane, uma personagem tão carismática que, embora tenha aparecido em poucos números, é lembrada com carinho por todos os fãs da série.
A única limitação do gibi parecia ser mesmo a imaginação do roteirista. O público de faroeste, normalmente muito conservador, reagiu bem a essas inovações e a revista Ken Parker se estabeleceu no gosto do público, ganhando fãs fieis especialmente entre as pessoas com maior nível intelectual. A revista durou dezenas de números e teve até mesmo álbuns de luxo.
Em uma das últimas histórias, Berardi e Millazzo voltaram a inovar apelando para a metalinguagem. Na história A terra dos heróis, desenhista e roteirista contracenam com o personagem numa história que inclui uma verdadeira multidão de convidados especiais: de Pinóquio ao Zorro, passando pelo ator Orson Welles.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Construção, de Chico Buarque, na versão de um publicitário

Desconstrução.
Criou daquela vez como se fosse a última.

Fez cada job seu como se fosse o único.

Pensou o dia inteiro e ficou o máximo.

Mandou pro atendimento num e-mail tímido.

Teve que refazer como se fosse máquina.

A campanha reprovada com argumentos sórdidos.

Criou mais uma vez outros roteiros mágicos.

Esperou aprovação como se fosse lógico. Leia mais

quarta-feira, outubro 07, 2009

Conto sobre vampiros na Cinemix


A revista Cinemix Extra Crepúsculo publicou um conto meu sobre vampiros. Chama-se Elizabeth e segue a linha terror-romantismo do filme Crepúsculo, mas foi escrito muito antes: no início dos anos 1990. Sim, eu fui um dos primeiros brasileiros a escrever sobre vampiros em uma abordagem moderna. Infelizmente, na época as editoras não se interessavam pelo assunto e o texto foi publicado apenas em fanzines. Hoje, como sucesso do filme Crepúsculo, tornou-se possível resgatar esse trabalho.
A revista Cinemix é publicada pela editora Sampa e custa R$ 5,90.

terça-feira, outubro 06, 2009

História dos quadrinhos

Dylan Dog

Em 1986, a Itália viu surgir um personagem de quadrinhos que viraria uma verdadeira febre, chegando a vender um milhão de exemplares mensais e sendo republicado duas vezes, ao mesmo tempo que a edição normal. Era Dylan Dog, o detetive do pesadelo.
Dylan foi criação de Tiziano Sclavi, um jornalista e escritor italiano, fã de terror. Sclavi dotou sua série de uma bem elaborada mitologia que conquistou os fãs. Assim, Dylan é um ex-agente da Scotland Yard, ex-alcoólatra, que vive de solucionar casos misteriosos envolvendo vampiros, lobisomens, múmias e mais todo tipo de monstros e pesadelos. Ele usa sempre calça jeans, camisa vermelha e blazer preto, mora em uma casa que tem uma campainha que grita, toca clarinete quando precisa refletir sobre algum caso e faz muito sucesso com as mulheres.
Dylan tem como assistente o piadista Grouxo, baseado no comediante Grouxo Marx, que dá o alívio cômico para a série. Mesmo nos piores momentos, Grouxo tem uma piada na manga. Algumas delas:
“Ontem salvei uma mulher que estava para ser violentada. Bastou eu me controlar.”
“As mulheres são loucas por mim! Ontem à noite uma garota ficou batendo na minha porta durante horas, mas eu não a deixei sair”.
“Sei ficar em silêncio em quinze idiomas”.
“Este papagaio é estraordinário, senhora! Bota ovos quadrados. E sabe falar? Bem, sabe dizer ai”. Quando o desenhista perguntou a Sclavi como deveriam ser as feições do personagem, este respondeu: “Como Rupert Everett”. Fazer personagens como feições de gente famosa não é novidade nos comics italianos. Ken Parker, por exemplo, é a cara de Robert Redford. Esse expediente parece aumentar ainda mais a aura pop dos personagens.
Sclavi juntou tudo num mesmo caldeirão: referências pop, romantismo, humor, terror e até surrealismo. Sim, alguns das melhores histórias do personagem são aquelas em que se perde a referência do real e parece que o leitor entrou num mundo onírico em que qualquer coisa pode acontecer.
O sucesso extraordinário de detetive do pesadelo fez com que a editora Sérgio Bonelli, que publica o personagem, criasse o Dylan Dog Horror Festival, uma exibição de filmes à qual comparecem milhares de pessoas vestidas de monstros ou como personagens da série. Além do festival, Dylan serviu de inspiração para agendas, adesivos, embalagens, jogos, vide-games, campanhas contra as drogas, simpósios e teses acadêmicas. Nas palavras do jornalista Sidney Gusman, Sclavi conseguiu criar uma história em quadrinhos de autor que, ao mesmo tempo, é imensamente popular. No Brasil, Dylan Dog foi publicado primeiramente pela Record, no início dos anos 1990. Mas o personagem que sobrevivera a tantos monstros não conseguiu resistir à crise e acabou sendo cancelado depois de poucos números. Em 2001, a editora Conrad resolveu publicar o fumetti numa série de 6 números com um formato mais alongado, papel de melhor qualidade e capas de Mike Mignola. As vendas não foram as esperadas, e o personagem acabou passando para a Mythos, que já publicava diversos outros quadrinhos da Bonelli, como Tex, Zagor, Ken Parker e Júlia, durando até o número 40.