quarta-feira, janeiro 24, 2024

Ministério do espaço

 




A série Ministério do espaço surgiu no verão de 1999, quando o escritor Warren Ellis resolveu desencaixotar velhos livros para guardá-los no sótão da nova casa. Entre eles, achou um álbum em capa dura que havia ganhado de presente de natal do pai quando era criança: “Dan Dare – O homem de lugar nenhum”. Dan dare é um personagem clássico de ficção científica inglesa, um dos personagens mais populares dos quadrinhos britânicos da década de 1950.

Lendo aqueles quadrinhos, Warren se perguntou: Por que a Inglaterra, o império no qual o sol nunca se punha, não havia tomado a dianteira da corrida espacial? O seria necessário acontecer para que a Inglaterra se tornasse a grande potência espacial?

A junção entre o moderno e o vintage é o grande charme da história. 


Foi a partir dessa indagação que surgiu Ministério do Espaço. A história começa no ano de 2001, quando John Dashwood descobre que os americanos vão lançar um foguete para a Lua, desafiando a supremacia dos ingleses no espaço.

Essa pequena sequência nos mostra um mundo muito diferente do que conhecemos em 2001.  Vemos um avião que parece ser capaz de planar no espaço e pousar na vertical, pessoas que voam com foguetes nas costas, garotos que voam com hélices como helicópteros. A Inglaterra do quadrinho parece toda voltada para o céu.

A história parte de uma pergunta: O que aconteceria se a Inglaterra fosse pioneira das viagens espaciais? 


A trama então volta a 1945 e mostra como os ingleses conseguiram se apropriar dos cientistas nazistas e destruir todo o registro dos foguetes alemães.


A história segue assim, de maneira totalmente não-linear, alternando entre vários momentos da história da inglaterrra espacial. Não é apenas uma opção estética. O recurso é usado principalmente como elemento de suspense, deixando o leitor curioso para saber como a Inglaterra chegou a tal posto e, principalmente, de onde foi tirado o dinheiro para tal aventura espacial.

O detalhismo da arte de Weston impressiona. 


O roteiro de Warren Ellis é engenhoso, mas quem rouba a cena é o desenhista Chris Weston. Ele se sai bem desenhando pessoas, mas é quando mostra equipamentos, naves espaciais que realmente brilha. Suas naves são uma mistura de alta tecnologia com vintage, numa antecipação realmente interessante do que seria um mundo espacial britânico.

Essa minissérie em três partes foi publicada originalmente pela Image Comics e aqui reunida em álbum com capa dura da Devir. Para quem gosta de uma boa ficção científica, é uma ótima pedida, que passou praticamente despercebida pelos fãs de quadrinhos.

1 comentário:

ANTONIO CARLOS disse...

A Devir lança as coisas e a gente que gosta nem fica sabendo. Esse Ministério eu nunca tinha ouvido falar. E olha que assisto uns 3 canais de quadrinhos na Net. Que saudades de comprar as terças e quintas a Folha da Tarde e ler uma página inteirinha só sobre quadrinhos que o Franco da Rosa editava. Foi nessas páginas que me informei de muitos lançamentos e novidades. O livro "A rainha dos anjos" de Greg Bear por exemplo eu encontrei num sebo, por puro acaso, pois nem sabia que tinha sido lançado.