O blog do jornaleiro publicou uma nota criticando uma repórter da TV Gazeta que, em uma material sobre o pessoal do interior, disse que eles só tinham conhecimento folclórico, quando na verdade deveria ter dito conhecimento empírico. Alguém deixou um comentário dizendo que o jornaleiro não era jornalista. Se seria, soubesse que no jornalismo deve-se procurar a compreensão geral e pouca gente compreende a expressão empírico. Aí a coisa virou um bafafá e até eu meti a colher.
Na verdade, o caso revela o grande dilema do jornalismo científico: como fazer matérias sobre assuntos que têm uma linguagem técnica, que poucos dominam?
Minha sugestão, no caso, era simplesmente não tocar não assunto, até porque mesmo empírico seria incorreto, pois ninguém tem só um tipo de conhecimento. O conhecimento empírico, por exemplo, é compartilhado por todos nós. Não uma única pessoa na face da terra que não tenha conhecimento empírico.
Mas se, pela própria característica da matéria fosse impossível não tocar no assunto? Nesse caso, ao invés de criar uma nomeclatura que não existe e é preconceituosa (dizer que os caboclos só têm conhecimento folclórico é o mesmo que dizer que o conhecimento deles não tem aplicação prática), talvez o melhor fosse simplesmente explicar o que se quer dizer. Por exemplo, a repórter poderia afirmar que o conhecimento do caboclo surge da observação da natureza.
Espero que a jornalista que fez a matéria não veja isso como uma crítica, mas como uma sugestão...
1 comentário:
Caro professor, só para lhe esclarecer. Na matéria da TV Gazeta a expressão "conhecimento folclorico" foi atribuida a produção de fitoterapicos. A origem desses medicamentos, não quanto ao conhecimento dos nossos cablocos.
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