A palestra de ontem no Centro Espírita foi sobre Fé Raciocinada. Pesquisando na net, descobri um ótimo artigo sobre o assunto. Trecho:
"o codificador publicou em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" um axioma que se tornou famoso nos meios doutrinários espíritas: "Fé inabalável só é a que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade". Nessa proposição, Allan Kardec nos remete a uma percepção histórica, processual, do fenômeno da crença, delimitando, com o rigor que lhe era próprio, a característica especial e profundamente inovadora da fé espírita."
De fato, admito que não poderia encarar uma fé que não raciocina, não dialoga com a ciência e a filosofia, pois essa seria uma fé cega, que nega as evidências lógicas ou empíricas. A Igreja Católica, por exemplo, só muito recentemente admitiu que a Terra gira ao redor do Sol. Até então, a fé se contrapunha a todas as evidências.
Para o autor, "a crença espírita é basicamente uma fé que admite dúvida e com ela convive, durante todo o tempo. Trata-se, pois, de uma fé aberta, dialogal, disposta a modificar as próprias opiniões ou o objeto de sua manifestação como crença, desde que satisfeitas as condições do livre exercício da razão".
Kardec foi um homem da época iluminista, em que se procurava fugir das trevas da ignorância e da superstição. Óbvio que sua doutrina deveria seguir o mesmo espírito, de livre expressão de pensamento e de diálogo. Nesse espírito, a dúvida tem fator fundamental, talvez único conceito da filosofia cartesiana que permanece íntegro e atual. Descartes dizia que deviamos duvidar sempre de tudo que não conhecessemos evidentemente como tal. Nesse sentido, a fé cega é a negação da lógica e da condição humana.
Claro que o conhecimento científico e o religioso são diferentes e cada um tem sua característica, mas o mundo só tem a ganhar com o diálogo entre esses dois tipos de conhecimentos.
1 comentário:
Um excelente artigo que você nos indicou! Muito obrigado.
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