Quando eu trabalhava como jornalista em Curitiba, havia um certo acordo implícito entre todos os meios de comunicação de divulgar qualquer iniciativa de educação ambiental, especialmente no que diz respeito a não jogar lixo nas ruas. Então, qualquer grupo que queria divulgação na mídia, bolava uma campanha ambiental. O pessoal que descia a serra de bicileta, por exemplo, reservava um domingo para retirar lixo da estrada e com isso ganhava a atenção de todos os meios de comunicação... esportistas radicais distribuam saquinhos de lixo para colocar no carro e assim por diante. Parecia um esforço conjunto, de todos os segmentos da sociedade.
O resultado disso eu observei uma vez enquanto estava em uma praça. Via uma menina chupando um picolé. Quando acabou o doce, ela olhou o lado e descobriu que só havia lixeira do outro lado da praça. A garota não pensou duas vezes: atravessou a praça e foi depositar a embalagem na lixeira.
Como consequência de toda essa campanha, Curitiba deixou de ter enchentes provocadas por lixo acumulado nas bocas de lobo. Hoje ninguém fala em enchente em Curitiba. Da mesma forma, ninguém fala de dengue em Curitiba.
Em oposição à história da menina na praça em Curitiba, lembro de outra, em um navio no trajeto Macapá-Belém, também protagonizada por uma menina. Ela estava comendo um biscoito e, quando acabou, foi jogar fora. Como havia uma enorme lixeira na sua frente, ela teve que se esticar toda, mas fez questão de jogar o lixo no rio.
Agora a Assembléia Legislativa do Amapá está liderando uma campanha contra a dengue e vi hoje, no jornal da tarde da TV Gazeta, uma extensa matéria sobre a questão do lixo jogado nas ruas e sua relação com a dengue. Um ótimo exemplo para todos os jornais.
Creio que todos os veículos de comunicação, de oposição e situação, devem se unir nesse momento nessa campanha. Chegamos a uma situação limite: ou o amapaense muda sua mentalidade com relação ao lixo, ou a dengue sai do controle e aí só Deus sabe...
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