história dos quadrinhos 30
A primeira exposição
Em 1951, o mundo parecia odiar os quadrinhos. As denúncias do psicólogo Fredric Werthan (segundo o qual os gibis eram os responsáveis pela delinqüência juvenil) haviam provocado a instalação de um inquérito no senado norte-americano. No Brasil, os professores tiravam cinco minutos em todas as aulas para falar dos perigos desse novo meio de comunicação. E as crianças que se aventuravam a levar gibis para a escola acabavam vendo suas revistas queimadas nos pátios na hora do recreio.
Nesse ambiente extremamente negativo, surgiu a primeira exposição internacional de quadrinhos e o primeiro evento a destacar o caráter artístico da nona arte. E essa exposição aconteceu no Brasil, por fãs, que depois se tornaram alguns dos mais importantes quadrinistas brasileiros.
O grupo era composto por Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira, Miguel Penteado e Álvaro de Moya. Para montar a exposição, eles enviaram cartas para alguns dos principais quadrinistas americanos, pedindo originais. Surpreendentemente, foram atendidos. De repente eles se viram com originais de Ferdinando, de Al Capp, Flash Gordon e Nick Holmes, de Alex Raymond, Buzz Sawyer, de Roy Crane, Steve Canyon, de Milton Caniff, Big Bem Bolt, de Johnny Hazard e até mesmo uma página do raro Karzy Kat. Como os quadrinhos não eram considerados arte na época, ninguém se preocupava em guardar originais. Entre jogar no lixo e enviar para uma exposição no Brasil, ficaram com segunda opção, daí a facilidade de conseguir material.
Além dos originais, havia um painel com desenhos de Spirit, de Will Eisner, com um texto explicando como o autor explorara a linguagem dos quadrinhos.
Outro painel mostrava os escritores ligados de alguma forma aos gibis, como John Steinbeck, Thomas Mann, Thorton Wilder e Dorothy Parker.
Outro painel mostrava ilustrações de livros infantis que haviam sido calcadas de histórias em quadrinhos (um exemplo era o trabalho de André Le Blanc, que ilustrava os livros de Monteiro Lobato e, posteriormente foi para os EUA, onde se tornou assistente de Will Eisner).
O objetivo da exposição era mostrar que, por trás dos gibis ou das tiras, havia toda uma linguagem artística sendo criada, que deveria ser considerada. Entretanto, os resultados não foram os esperados. Os editores de quadrinhos, ao invés de incentivar os organizadores da exposição, passaram a persegui-los, achando que eles queriam banir os comics importados, trocando-os por material nacional. Muitos perderam seus empregos e foram para a publicidade. Miguel Penteado e Jaime Cortez fundaram uma editora, a Outubro, que publicava só quadrinhos nacionais.
Anos depois, num encontro em Nova York, os intelectuais franceses se vangloriavam de terem sido os primeiros a perceber a importância dos quadrinhos, ao que Milton Cannif respondeu: ¨Muito antes de vocês, europeus, os brasileiros fizeram uma exposição, falando as mesmas coisas que vocês falam agora¨.
A primeira exposição
Em 1951, o mundo parecia odiar os quadrinhos. As denúncias do psicólogo Fredric Werthan (segundo o qual os gibis eram os responsáveis pela delinqüência juvenil) haviam provocado a instalação de um inquérito no senado norte-americano. No Brasil, os professores tiravam cinco minutos em todas as aulas para falar dos perigos desse novo meio de comunicação. E as crianças que se aventuravam a levar gibis para a escola acabavam vendo suas revistas queimadas nos pátios na hora do recreio.
Nesse ambiente extremamente negativo, surgiu a primeira exposição internacional de quadrinhos e o primeiro evento a destacar o caráter artístico da nona arte. E essa exposição aconteceu no Brasil, por fãs, que depois se tornaram alguns dos mais importantes quadrinistas brasileiros.
O grupo era composto por Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira, Miguel Penteado e Álvaro de Moya. Para montar a exposição, eles enviaram cartas para alguns dos principais quadrinistas americanos, pedindo originais. Surpreendentemente, foram atendidos. De repente eles se viram com originais de Ferdinando, de Al Capp, Flash Gordon e Nick Holmes, de Alex Raymond, Buzz Sawyer, de Roy Crane, Steve Canyon, de Milton Caniff, Big Bem Bolt, de Johnny Hazard e até mesmo uma página do raro Karzy Kat. Como os quadrinhos não eram considerados arte na época, ninguém se preocupava em guardar originais. Entre jogar no lixo e enviar para uma exposição no Brasil, ficaram com segunda opção, daí a facilidade de conseguir material.
Além dos originais, havia um painel com desenhos de Spirit, de Will Eisner, com um texto explicando como o autor explorara a linguagem dos quadrinhos.
Outro painel mostrava os escritores ligados de alguma forma aos gibis, como John Steinbeck, Thomas Mann, Thorton Wilder e Dorothy Parker.
Outro painel mostrava ilustrações de livros infantis que haviam sido calcadas de histórias em quadrinhos (um exemplo era o trabalho de André Le Blanc, que ilustrava os livros de Monteiro Lobato e, posteriormente foi para os EUA, onde se tornou assistente de Will Eisner).
O objetivo da exposição era mostrar que, por trás dos gibis ou das tiras, havia toda uma linguagem artística sendo criada, que deveria ser considerada. Entretanto, os resultados não foram os esperados. Os editores de quadrinhos, ao invés de incentivar os organizadores da exposição, passaram a persegui-los, achando que eles queriam banir os comics importados, trocando-os por material nacional. Muitos perderam seus empregos e foram para a publicidade. Miguel Penteado e Jaime Cortez fundaram uma editora, a Outubro, que publicava só quadrinhos nacionais.
Anos depois, num encontro em Nova York, os intelectuais franceses se vangloriavam de terem sido os primeiros a perceber a importância dos quadrinhos, ao que Milton Cannif respondeu: ¨Muito antes de vocês, europeus, os brasileiros fizeram uma exposição, falando as mesmas coisas que vocês falam agora¨.
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