O texto abaixo foi escrito em 2003, a respeito do livro Manual de redação jornalística, que eu havia enviado para análise por parte da editora Contexto. É um problema que enfrento até hoje. Meu livro sobre metodologia científica tem sido sistematicamente recusado pelas editoras com a alegação de que a linguagem é simples demais (e esquecem o princípio científico da simplicidade, também chamado de navalha de ockan). Como resultado dessa visão, a quase totalidade de livros acadêmicos que encontramos nas livrarias são incompreensíveis para os estudantes. Na área de metodologia científica, então... há livros que nem eu consigo entender...
MAIS DO MESMO
Recentemente enviei meu livro “Manual de Redação Jornalística” para avaliação por parte de uma editora do Sudeste. Esse livro foi escrito para superar uma falha em todos os livros sobre o assunto. Todos eles parecem ter sido escritos para quem já entende de redação jornalística, mas precisa se adequar à normas de uma determinada casa. É o caso, por exemplo, do mais famoso, o Manual de Redação da Folha de São Paulo.
Não há um livro que tenha sido escrito para estudantes que nunca tiveram contato com a redação jornalística, que não sabem o que é lide ou como se escreve uma manchete. Na época em que o escrevi, eu trabalhava com alunos de seqüencial e, embora alguns já fossem jornalistas, outros não tinham a menor idéia de como funcionava o texto jornalístico. Os livros existentes simplesmente não davam conta do recado.
Na edição que foi publicada por uma faculdade de Macapá, acrescentei ilustrações nas bordas e pequenos comentários que ajudavam a fixar o conteúdo do texto.
Alguns desses livros foram enviados para bibliotecas de universidades que têm o curso de jornalismo e qual foi minha surpresa ao encontrar, no congresso Intercom, com vários professores que estavam utilizando meu livro na sala de aula. Todos me diziam o que eu já havia percebido: os livros atualmente existentes no mercado são pesados demais, prolixos demais, técnicos demais e pareciam ter sido escritos para pessoas que já dominam a técnica jornalística.
Eu achava que esse poderia ser um diferencial interessante do livro, mas me enganei. A comissão editorial avaliou o livro e considerou que ele era muito pequeno. Pensei em acrescentar capítulos sobre redação jornalística em TV, rádio e internet, além de um capítulo sobre teoria do jornalismo. Sempre com uma linguagem simples e objetiva.
Mas o problema era justamente o oposto. Meu livro era objetivo demais. Segundo o editor, para ser avaliado, meu livro precisava ter algo entre 150 e 200 páginas em formato A4. Isso publicado em formato A5 dá algo em torno de 300 páginas, uma vez que a página de livro tem mais ou menos metade do texto de uma folha A4.
Em outras palavras: para publicar meu livro eu teria que transforma-lo em um tijolão prolixo e técnico, justamente o que os alunos não gostam em um livro desse tipo.
Além disso, segundo o editor, “Só valeria a pena investir em uma obra que inovasse e conseguisse sair do lugar comum dos livros sobre o assunto”.
Em outras palavras: faça diferente, mas faça como todo mundo já faz. Vai entender.
Recentemente enviei meu livro “Manual de Redação Jornalística” para avaliação por parte de uma editora do Sudeste. Esse livro foi escrito para superar uma falha em todos os livros sobre o assunto. Todos eles parecem ter sido escritos para quem já entende de redação jornalística, mas precisa se adequar à normas de uma determinada casa. É o caso, por exemplo, do mais famoso, o Manual de Redação da Folha de São Paulo.
Não há um livro que tenha sido escrito para estudantes que nunca tiveram contato com a redação jornalística, que não sabem o que é lide ou como se escreve uma manchete. Na época em que o escrevi, eu trabalhava com alunos de seqüencial e, embora alguns já fossem jornalistas, outros não tinham a menor idéia de como funcionava o texto jornalístico. Os livros existentes simplesmente não davam conta do recado.
Na edição que foi publicada por uma faculdade de Macapá, acrescentei ilustrações nas bordas e pequenos comentários que ajudavam a fixar o conteúdo do texto.
Alguns desses livros foram enviados para bibliotecas de universidades que têm o curso de jornalismo e qual foi minha surpresa ao encontrar, no congresso Intercom, com vários professores que estavam utilizando meu livro na sala de aula. Todos me diziam o que eu já havia percebido: os livros atualmente existentes no mercado são pesados demais, prolixos demais, técnicos demais e pareciam ter sido escritos para pessoas que já dominam a técnica jornalística.
Eu achava que esse poderia ser um diferencial interessante do livro, mas me enganei. A comissão editorial avaliou o livro e considerou que ele era muito pequeno. Pensei em acrescentar capítulos sobre redação jornalística em TV, rádio e internet, além de um capítulo sobre teoria do jornalismo. Sempre com uma linguagem simples e objetiva.
Mas o problema era justamente o oposto. Meu livro era objetivo demais. Segundo o editor, para ser avaliado, meu livro precisava ter algo entre 150 e 200 páginas em formato A4. Isso publicado em formato A5 dá algo em torno de 300 páginas, uma vez que a página de livro tem mais ou menos metade do texto de uma folha A4.
Em outras palavras: para publicar meu livro eu teria que transforma-lo em um tijolão prolixo e técnico, justamente o que os alunos não gostam em um livro desse tipo.
Além disso, segundo o editor, “Só valeria a pena investir em uma obra que inovasse e conseguisse sair do lugar comum dos livros sobre o assunto”.
Em outras palavras: faça diferente, mas faça como todo mundo já faz. Vai entender.
1 comentário:
É uma grande injustiça (pra não dizer falta de visão mercadológica) que as necessidades dos leitores fiquem em segundo plano. Mas o importante você já sabe, e nós não cansamos nunca de dizer: o talento transborda em tudo o que você faz.
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