A Kiara escreveu um belo texto sobre Monteiro Lobato em seu blog Neste Instante. Para quem não sabe, hoje, 18 de abril, é aniversário de Monteiro Lobato.
O texto dela ficou tão bom que resolvi fazer uma blogagem coletiva (ou, como diz a Kiara, uma bobagem - dá na mesma).
Ao contrário da maioria das pessoas, eu não conheci Monteiro Lobato quando criança. Na verdade, eu já devia ter uns 14 anos. Tinha um colega de escola chamado Afonso que tinha a coleção completa de Monteiro Lobato e ficava me falando dos livros. Quando criança, o Afonso tinha ganhado de um padrinho a coleção completa de Lobato, Freud, Jung e mais uma de clássicos da literatura universal (o padrinho era de esquerda e estava fugindo da ditadura - nunca mais foi visto). Então, o Afonso tinha uma base cultural bem sólida quando eu o conheci. Eu, que não tinha um livro em casa porque livros eram considerados um luxo desnecessário, fiquei logo fascinado por esse autor de quem o Afonso falava tão bem. Mas quando eu ia na casa dele, ele nem me deixava pegar nos livros, de tanto ciúmes que tinha deles.
Então, os livros de Lobato ficaram na minha cabeça como uma espécie de tesouro distante, algo meio que inalcançável. Aí eu descobri os sebos e a biblioteca pública e comecei a devorar os livros de Lobato, tanto para adultos quanto para crianças. Tudo que caia nas minhas mãos eu lia, mas o meu predileto era o História do Mundo para Crianças, que eu comprara num sebo. Andava com esse livro para cima e para baixo. Um caso de amor à primeira vista.
Com Monteiro Lobato eu descobri que quem não consegue ensinar algo, é porque não entendeu. Aprendi que não há necessidade de complicar o que é fácil. Mais tarde, quando conheci o conceito de Navalha de Ockhan (segundo o qual, diante de duas explicações, a mais simples é a mais correta) e vi a polêmica de Alan Sockal (um físico americano que escreveu um artigo sem pé nem cabeça e foi publicado por uma importante revista social - depois escreveu um outro artigo dizendo que o artigo só tinha sido publicado porque nenhum dos editores entendeu), eu me lembrei de Monteiro Lobato.
Lobato é uma espécie de pai, um mentor intelectual que nos acompanha sempre. Se Edgar Alan Poe era meu avô, Lobato era meu pai. Ah, para quem quiser conhecer um pouco melhor a vida desse ótimo escritor paulista, há uma biografia dele escrita por mim no site da Virtual Books. E, para quem não sabe, o título deste blog é uma homenagem ao Lobato.
2 comentários:
Ah obrigada por dividir a biografia com a gente! Ja comecei a ler e achei o maximo vc usar "das gentes grandes" tbm no resumo.. rsrrs. Sincronicidade no ultimo volume!
Obrigada pelo "tão bom", e adorei a bobagem que ficou agora mais que antes, coltiva! Uma idéia ou ideia sempre serão boas quando a dividimos.
Bjs meus.
Bem, ainda que com 1 ano e 6 meses de atraso, adorei a lembrança de um de nossos maiores (e mais esquecidos) autores nacionais.
Não fosse Monteiro Lobato quem sabe se eu desenvolveria o gosto pela leitura, pelos estudos e mesmo ser quem eu sou hoje?
Parabéns pela lembrança
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