Todos que me conhecem sabem que sou um nacionalista assumido, mas sabem também que sou um crítico do nacionalismo ou mesmo regionalismo bitolado.
Para contrapor a idéia de que tudo que vem de fora é melhor, muitos simplesmente afastam a possibilidade de qualquer influência exterior e esquecem que nossa cultura é uma miríade de influências.
Lembro de uma vez, quando morava em Belém. Eu fazia teatro e nosso grupo, os Argonautas, montou uma peça sobre lendas amazônicas para um festival cultural de uma escola. Quando os organizadores do festival descobriram que uma das cenas da peça tinha uma música dos Beatles como trilha sonora, ameaçaram: ou cortávamos a música, ou nossa apresentação seria proibida.
Uma pessoa inclusive foi designada para ficar ao lado do técnico de som para assegurar que não iríamos tocar a canção.
Nós aceitamos, mas preparamos um protesto. Na cena, que era muda, simplesmente fizemos sem nenhuma trilha sonora, o que tirou todo o sentido. No final, colocamos um diálogo sobre pudim. Ao final do diálogo, atores entravam com cartazes de protesto, gritando palavras de ordem contra o pudim e dizendo que o pudim não poderia estar na peça, pois não era regional. De fato, o pudim nem mesmo é uma comida de origem brasileira. Com isso nós queríamos mostrar que na sociedade brasileira é muito difícil definir exatamente o que é realmente nacional e o que não é. Assim, a defesa da cultura regional não pode se tranformar numa miopia.
Um ótimo exemplo dessa discussão é a música Para não dizer que não falei de Açaí, do meu amigo Sandro Gaia. Ele fez um video-clipe da música, que pode ser curtido abaixo. Além da ótima discussão sobre o tema regionalização-globalização, é gostoso de ouvir.
3 comentários:
Legal!!
O modo de cantar me lembrou Raul Seixas!
Valeu!!
Parabéns pra você
nessa data querida!!
E um maxi mega ultra super hiper feliz aniversário!!!!!!!
E, acima de tudo, rock, com guitarras gritantes e tudo o mais. Muitíssimo bom!
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