Grafipar
No final dos anos 1970, surgiu em Curitiba uma editora especializada em quadrinhos que tirou o foco do eixo Rio-São Paulo e conseguiu agregar alguns dos melhores artistas nacionais. Seu nome era Grafipar.

Um dos atrativos eram os salários, bons para a época, muito maiores, por exemplo, que o salário de um jornalista. O time de roteiristas da casa tinha nomes como Carlos Chagas, Nelson Padrella, Ataíde Brás, Júlio Emílio Brás e até o poeta Paulo Leminski.

Vários desenhistas começaram suas carreiras ou se tornaram conhecidos dos fãs na Grafipar, entre eles Rodval Matias, Mozart Couto e Watson. Os dois primeiros tinham nítida influência de Frank Frazzetta, desenhista americano famoso por suas histórias de ficção fantástica.
Mozart Couto vinha de uma família conservadora do interior de Minas Gerais. Por isso, não desenhava erotismo, que era a principal fonte de renda da editora. Os outros desenhistas reclamavam, já que ele era único que fazia exclusivamente história de terror e fantasia. Posteriormente, quando a editora começou a entrar em decadência e os títulos se tornaram mais explícitos, ele começou a desenhar erotismo e não parou mais.

A Grafipar lançou uma quantidade e uma variedade enorme de títulos. Começou com uma revista chamada Eros, mas como outra editora tinha direito sobre o nome, a publicação mudou para Quadrinhos Eróticos. Com a mudança de nome, as vendas dispararam e o dono da Grafipar se empolgou.

Outra revista curiosa era a Super-gay, um descarado plágio do Capitão Gay, do humorista Jô Soares. Na revista, boa parte das personagens da DC e da Marvel ganhavam sua versão rosa-choque e tínhamos heróis como o Aquagay, o Thorvelhinho, o Húlia e o Flashhomo. As poucas mulheres que apareciam era... sapatões! O desenho era de Watson, que dava um verdadeiro show, botando no chinelo muitos desenhistas gringos. Mas Jô Soares, que sempre leu quadrinhos, descobriu a artimanha e reclamou à editora. O Super-gay foi vencido pelo Capitão Gay.
Outro grande momento da Grafipar foi a revista Fêmeas. Fêmeas apresentava histórias de aventura no melhor estilo Frank Frazzetta. Fêmeas eram as heroínas bárbaras, como Ulla, Maíra, Ssara e Hyania, que, entre uma aventura e outra transavam com vilões, heróis e qualquer um que aparecesse pela frente.

O sonho havia acabado, mas a semente plantada ainda dá frutos. Atualmente Curitiba é um foco de quadrinhos de ótima qualidade, com revistas sucesso de público e crítica, como O Gralha e Manticore.
Saiba mais sobre a editora no Baú da Grafipar.
Saiba mais sobre a editora no Baú da Grafipar.
3 comentários:
Legal sua informação, eu, p.e., não conheço nada além de Mônica e Mickey. Bjs
Gian:
Há algumas informações equivocadas no texto. O Watson, por exemplo, foi revelado na Vecchi.
Ataíde,
pode me indicar as informações equivocadas do texto?
Enviar um comentário