Maus – a história de um sobrevivente
Gian Danton e Matheus Moura
Maus - A história de um sobrevivente, é considerada a melhor história em quadrinhos já produzida sobre o holocausto. De autoria de Art Spielgman, o livro conta a história do pai do autor, um judeu polonês sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz.
Além disso, o livro trata da conturbada relação entre pai e filho e como os efeitos psicológicos da guerra repercutiram na vida de ambos por anos. Toda a história é contada de duas maneiras. A primeira é o que seria o presente, mostrando os últimos anos de vida do pai de Spielgman durante as entrevista dele com o filho e a realização do próprio livro. É nessa parte que o relacionamento dos dois ganha destaque. A segunda forma é construída como flashback, ou seja, mostrando o passado do pai durante a invasão nazista na Polônia.
O livro, além da sinceridade absoluta, se destaca pelo ótimo tratamento gráfico, com suásticas avançando como sombras sobre os personagens judeus. A representação dos povos, embora use o antropomorfismo (animais para representar seres humanos), um recurso já clássico nos quadrinhos e nos desenhos animados, o faz de forma a destacar a mensagem do autor e ressaltar o clima opressor do período nazista.
Assim, os alemães são representados como gatos e os judeus como ratos. Os americanos são cachorros, os suecos carneiros, os ciganos, traças e os poloneses como porcos. A representação evoca a propaganda nazista, que, de fato retratava os judeus como ratos e os poloneses como porcos. Era também comum que os nazistas se referissem aos povos indesejados como insetos.
Sem ser melodramática, Maus mostrou e analisou a realidade dos judeus perseguidos pelos alemães, elvando as histórias em quadrinhos ao patamar jornalístico. Tanto que, em 1992, a graphic novel ganhou o Prêmio Especial Pulitzer – premiação que homenageia jornalistas, músicos e escritores.
Grande parte do livro foi publicado em série na revista RAW, editada por Spiegelman entre 1980 e 1991. No Brasil, Maus (que quer dizer rato em alemão) foi publicado em duas partes pela editora Brasiliense. Recentemente ganhou uma versão integrada em volume único pela editora Companhia das Letras.
3 comentários:
Meus caros,
A publicação em um único volume não é tão recente assim (presentei meu sogro com um exemplar mais ou menos em 2004). O álbum é excelente, mas duas passagens me tocaram ptofundamente. A primeira, quando o velho pai vai descansar e chama o autor pelo nome do irmão morto (extremamente tocante). A segunda, uma das mais belas passagens românticas que já vi em uma obra de arte, o reencontro do pai e da mãe no pós-guerra. A narração do pai diz que, com o reencontro, eles viveram felizes para sempre. Pode parecer bobo, mas é necessário ler a obra, extremamente tocante e extremamente necessária. Não pode acontecer nunca mais.
A realidade é mais chocante que qualquer ficção
Na última capa de "Fracasso de Público", da Gal Editora, tem a seguinte resenha, assinada por um certo James Jobe, da Pop Thought (seja lá o que isso for): "Até ler esta história [Fracasso de Público], sempre achei que a graphic novel que todo leitor de quadrinhos deveria possuir era, provavelmente, alguma história de super-heróis. Agora sei que estava errado. É Fracasso de Público."
Confesso que me ofendi quando li isso. Deuses todos, cadê "Maus" na vida desse sujeito? "Maus" é linda, crua e verdadeira. Eu acho tão bonitas as passagens contemporâneas da obra, a coragem do própria Art de demonstrar quando foi rude, quando foi ingrato para com o pai, quando não se entendiam e nem podiam se entender. "Maus" é uma obra obrigatória. Sem exageros.
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