domingo, maio 22, 2011

Pasteur e a indução


Recentemente estava lendo a biografia do cientista francês Louis Pasteur e achei curioso como a discussão metodológica da época vai ter um forte impacto sobre sua obra.
No século 19 e parte do século 20, o método considerado científico era a indução. Nela, o cientista estuda vários casos para depois chegar a uma conclusão. A dedução era considerada não-científica, pois nela o cientista cria uma hipótese antes de começar os experimentos ou observações, e isso era considerado um pré-conceito. Ou seja: a deducação não podia ser usada porque fazia com que a pesquisa já começasse viciada (e o cientísta poderia se sentir tentado a escolher apenas os casos que lhe interessavam).  No século 20, Karl Popper demonstrou que o correto era a dedução, desde que a hipótese passasse pelo teste do falseamento: ou seja, que o cientista tentasse provar que a hipótese estava errada.
Essa questão da indução pode ser bem observada no caso do cólera das galinhas. Pasteur estava tentando descobrir o vírus que provocava essa doença. Assim, ele criou várias culturas de micróbios em caldo de galinha. Para ver se era esse micróbio que provocava mesmo o cólera, ele inoculava galinhas saudáveis com ele, que logo morriam.
Terminada a pesquisa, ele e os discípulos saíram de férias. Quando voltaram, descobriram que uma das culturas não havia sido usada. Pasteur já ia jogar fora quando mudou de ideia e resolveu aplicar a mistura numa galinha para ver o que acontecia e surpreendeu-se ao descobrir que ela havia se tornado imune ao vírus. O tempo das férias haviam feito com que o micróbio se enfraquecesse a ponto de não provocar a doença, mas estava vivo o suficiente a ponto de provocar uma reação no organismo da galinha, tornando-a imune. Estava criada a vacina.
Como se vê, o método indutivo depende muito da sorte, já que não há algo que oriente a pesquisa, como ocorre com o método dedutivo, que tem a hipótese. A hipótese dá um norte para a pesquisa e faz com que o cientista dependa menos do acaso.
Leia mais sobre Indução e dedução e sobre Karl Popper.

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