terça-feira, fevereiro 28, 2012
Gian Danton e JJ Marreiro em nova série
Eu e o desenhista cearense JJ Marreiro estamos envolvidos em um novo projeto. Ainda estamos definindo vários detalhes dessa série, então não é o momento de dar mais detalhes. Só o que posso adiantar é que essa HQ terá um ar retrô e trabalhará, entre outras coisas, com a mitologia nacional. Para dar um gostinho, reproduzo abaixo alguns estudos feitos pelo JJ para a série.
domingo, fevereiro 26, 2012
A hora do crepúsculo
A hora do Crepúsculo foi uma edição especial lançada pela editora Nova Sampa no início dos anos 1990 só com histórias que com roteiro meu e arte do compadre Bené Nascimento (Joe Bennett). A edição juntava histórias de três séries diferentes: Refrão de Bolero, Histórias Bizarras e Zona do Crepúsculo. Mesmo assim, fez sucesso e deixou frutos. Já encontrei muita gente que diz que começou a gostar de quadrinho nacional por causa dessa revista. O quadrinista Miguel Rude, que conheci em Natal, é um exemplo. Quando estive lá, ele me contou que decidiu que ia fazer quadrinhos depois de ler A hora do Crepúsculo. Agora ele publicou no seu blog um relato sobre a importância da publicação e o scan de uma das histórias. Para ler, clique aqui.
sábado, fevereiro 25, 2012
Resenha do livro Mundo Monstro
Sabe aqueles dias em que você se sente tão saturado de leituras mais “pesadas”, que chega a ser um alívio ler um livro pequeno e bem infantil? Pois é, foi num destes momentos que comecei a leitura de Mundo Monstro – O Estranho caso do Vampiro Assassino. E devo dizer que a história serviu a seu propósito: é muito leve e divertida, excelente para passar o tempo! Leia mais
Por que os livros paradidáticos são tão chatos?
Dia desses a minha filha, de 11 anos, me disse: "Pai, eu acho que os livros paradidáticos são feitos para a gente aprender a não gostar de livros". Meu filho, de 17, concordou.
Isso me espantou porque os dois são leitores vorazes. Meu filho mais de livros, principalmente sobre cinema e história. Minha filha de quadrinhos, em especial Turma da Mônica (os números prediletos, alguns, autografados, guardados caixas especiais.) e Mafalda. Somos assinantes de revistas como a Superinteressante, Mundo Estranho e Galileu, que são disputadas a tapa quando chegam em casa.
Então, se os dois gostam de ler, porque não gostam dos livros paradidáticos?
Perguntei se eles não tinham gostado de nenhum livro. Eles me destacaram dois: uma adaptação de Os miseráveis, de Victor Hugo, e ""Durma em paz, meu amor", de Pedro Bandeira, sobre jovens que contam histórias de fantasma em uma noite de tempestade.
Texto originalmente publicado no Digestivo Cultural.
Contei a eles que na minha época, os livros paradidáticos eram um passo importante no gosto pela leitura. O primeiro que li foi Aventuras de Xisto, tão manuseado que chegou num ponto em que eu havia decorado todas as páginas. Depois vieram os deliciosos romances policiais de Marcos Rey, como O rapto do garoto de ouro. Eram histórias apaixonantes, que envolviam o leitor com muita aventura, suspense e até humor.
Minha filha me explicou que hoje a maioria dos livros não era assim e deu um exemplo de um livro sobre a família: um professor falava sobre o assunto, os alunos faziam seus trabalhos e depois cada um apresentava. Não havia conflito, trama, nada, apenas uma lição de moral sobre a importância da família.
Isso me fez refletir sobre algo que já desconfiava há muito: os livros juvenis hoje são feitos para não provocarem polêmica, não desagradar a ninguém. Um tema mais espinhoso pode ser a razão pela qual os professores deixam de adotar a obra. Assim, evita-se conflitos, os personagens são todos padronizados, bonzinhos na maioria, como se a trama só existisse para passar uma lição, seja em favor da ecologia, seja contra o preconceito.
O resultado são obras tão assépticas quanto salas de cirurgia. Como dizia Isaac Assimov, se chatice matasse, ler esses livros seria uma sentença de morte.
Existe, por exemplo, um grupo propondo o banimento dos livros de Monteiro Lobato das escolas (não se fala em censura, dizem que estão apenas protegendo as crianças). O mesmo aconteceu com a obra do quadrinista norte-americano Will Eisner, acusado de pedofilia e pornografia por conta de uma história em que uma menina levanta a saia para enganar o zelador de um prédio e de outra em que aparece a costa nua de uma mulher.
O escritor Lewis Carroll não é adotado em escolas públicas por conta da suspeita de que ele seria pedófilo.
Até mesmo o singelo Aventuras de Xisto, que fez a alegria de minha infância, dificilmente existiria hoje em dia. A história de fantasia se passa numa Idade Média imaginária repleta de magia. Já no primeiro capítulo o livro traz motivos de sobra para polêmica. Na escola, Xisto prega uma peça em seu professor rabugento, fazendo-o acreditar que está surdo. A figura do professor rabugento e a brincadeira certamente não passariam em branco hoje em dia. Mas as acusações mais sérias certamente viriam da caracterização dos protagonistas. Xisto, o herói, é loiro e bonito, um encanto. Já Bruzo, o filho da empregada, é moreno e gordo. E burro ("pena que tivesse um raciocínio um tanto confuso..."). Hoje provocaria manchetes de jornais, com pais e professores revoltados com a história por seu conteúdo racista e preconceituoso.
Enquanto nos deliciávamos com as aventuras de Xisto nenhum de nós jamais teve a leitura de se tratava de preconceito, mas hoje um livro desses certamente seria considerado má-influência. Até Maurício de Sousa já sofreu, e muito, nesses tempos de politicamente correto. Uma tira em que o barbeiro usa ferramentas de pedreiro para cortar o cabelo do Cascão foi acusada de racismo por muitos, que preferiram ignorar o fato de que o Cascão é um personagem branco.
A série toda a Turma da Mônica foi acusada de ser um estímulo ao buyiling, numa referência às surras que a Mônica dá no Cebolinha e no Cascão. Segundo a acusação, as histórias em quadrinhos estimulavam as crianças a resolverem os conflitos na base da violência.
Nesses tempos de politicamente correto, a obra juvenil de Marcos Rey seria uma impossibilidade. Títulos como Gincana da morte, corrida infernal, o diabo no porta-malas, O rapto do garoto de ouro e Doze horas de terror jamais seriam selecionados pelos professores justamente pela presença de palavras como "terror", "morte", "infernal", "diabo" e "rapto".
A obra mais famosa de Marcos Rey, O mistério do cinco estrelas, começa com um assassinato. Em Bem-vindos ao Rio um grupo de meninos de rua seqüestra um garoto e uma garota de classe média. Alguém consegue imaginar um livro desses sendo lido nas escolas hoje em dia?
Aliás a própria existência de um Marcos Rey juvenil seria uma impossibilidade. Que editor hoje convidaria para escrever para crianças um cara que passou a década de 1970 vivendo de escrever pornochanchadas? Seria um escândalo nacional, motivo de matérias na grande imprensa e de protestos acalorados de pais e professores.
Felizmente, na minha infância, vivíamos outros tempos, e Marcos Rey não só pôde publicar seus livros como encantou toda uma geração, que se apaixonou pela leitura viajando em suas histórias policiais.
Da mesma forma, gerações e gerações se apaixonaram pela leitura com Monteiro Lobato, Aventuras de Xisto e muitas outras obras. Mas isso foi numa época em que os livros eram apresentados às crianças para que elas mesmas tirassem suas conclusões e interpretações. Hoje, parece, o politicamente correto quer proteger as crianças de tudo e de todos. O resultado estamos vendo aí: uma geração que não gosta de livros e só lê na internet, o único local em que elas mesmas, as crianças, ainda podem escolher o que ler e como interpretar o que estão lendo.
Isso me espantou porque os dois são leitores vorazes. Meu filho mais de livros, principalmente sobre cinema e história. Minha filha de quadrinhos, em especial Turma da Mônica (os números prediletos, alguns, autografados, guardados caixas especiais.) e Mafalda. Somos assinantes de revistas como a Superinteressante, Mundo Estranho e Galileu, que são disputadas a tapa quando chegam em casa.
Então, se os dois gostam de ler, porque não gostam dos livros paradidáticos?
Perguntei se eles não tinham gostado de nenhum livro. Eles me destacaram dois: uma adaptação de Os miseráveis, de Victor Hugo, e ""Durma em paz, meu amor", de Pedro Bandeira, sobre jovens que contam histórias de fantasma em uma noite de tempestade.
Texto originalmente publicado no Digestivo Cultural.
Contei a eles que na minha época, os livros paradidáticos eram um passo importante no gosto pela leitura. O primeiro que li foi Aventuras de Xisto, tão manuseado que chegou num ponto em que eu havia decorado todas as páginas. Depois vieram os deliciosos romances policiais de Marcos Rey, como O rapto do garoto de ouro. Eram histórias apaixonantes, que envolviam o leitor com muita aventura, suspense e até humor.
Minha filha me explicou que hoje a maioria dos livros não era assim e deu um exemplo de um livro sobre a família: um professor falava sobre o assunto, os alunos faziam seus trabalhos e depois cada um apresentava. Não havia conflito, trama, nada, apenas uma lição de moral sobre a importância da família.
Isso me fez refletir sobre algo que já desconfiava há muito: os livros juvenis hoje são feitos para não provocarem polêmica, não desagradar a ninguém. Um tema mais espinhoso pode ser a razão pela qual os professores deixam de adotar a obra. Assim, evita-se conflitos, os personagens são todos padronizados, bonzinhos na maioria, como se a trama só existisse para passar uma lição, seja em favor da ecologia, seja contra o preconceito.
O resultado são obras tão assépticas quanto salas de cirurgia. Como dizia Isaac Assimov, se chatice matasse, ler esses livros seria uma sentença de morte.
Existe, por exemplo, um grupo propondo o banimento dos livros de Monteiro Lobato das escolas (não se fala em censura, dizem que estão apenas protegendo as crianças). O mesmo aconteceu com a obra do quadrinista norte-americano Will Eisner, acusado de pedofilia e pornografia por conta de uma história em que uma menina levanta a saia para enganar o zelador de um prédio e de outra em que aparece a costa nua de uma mulher.
O escritor Lewis Carroll não é adotado em escolas públicas por conta da suspeita de que ele seria pedófilo.
Até mesmo o singelo Aventuras de Xisto, que fez a alegria de minha infância, dificilmente existiria hoje em dia. A história de fantasia se passa numa Idade Média imaginária repleta de magia. Já no primeiro capítulo o livro traz motivos de sobra para polêmica. Na escola, Xisto prega uma peça em seu professor rabugento, fazendo-o acreditar que está surdo. A figura do professor rabugento e a brincadeira certamente não passariam em branco hoje em dia. Mas as acusações mais sérias certamente viriam da caracterização dos protagonistas. Xisto, o herói, é loiro e bonito, um encanto. Já Bruzo, o filho da empregada, é moreno e gordo. E burro ("pena que tivesse um raciocínio um tanto confuso..."). Hoje provocaria manchetes de jornais, com pais e professores revoltados com a história por seu conteúdo racista e preconceituoso.
Enquanto nos deliciávamos com as aventuras de Xisto nenhum de nós jamais teve a leitura de se tratava de preconceito, mas hoje um livro desses certamente seria considerado má-influência. Até Maurício de Sousa já sofreu, e muito, nesses tempos de politicamente correto. Uma tira em que o barbeiro usa ferramentas de pedreiro para cortar o cabelo do Cascão foi acusada de racismo por muitos, que preferiram ignorar o fato de que o Cascão é um personagem branco.
A série toda a Turma da Mônica foi acusada de ser um estímulo ao buyiling, numa referência às surras que a Mônica dá no Cebolinha e no Cascão. Segundo a acusação, as histórias em quadrinhos estimulavam as crianças a resolverem os conflitos na base da violência.
Nesses tempos de politicamente correto, a obra juvenil de Marcos Rey seria uma impossibilidade. Títulos como Gincana da morte, corrida infernal, o diabo no porta-malas, O rapto do garoto de ouro e Doze horas de terror jamais seriam selecionados pelos professores justamente pela presença de palavras como "terror", "morte", "infernal", "diabo" e "rapto".
A obra mais famosa de Marcos Rey, O mistério do cinco estrelas, começa com um assassinato. Em Bem-vindos ao Rio um grupo de meninos de rua seqüestra um garoto e uma garota de classe média. Alguém consegue imaginar um livro desses sendo lido nas escolas hoje em dia?
Aliás a própria existência de um Marcos Rey juvenil seria uma impossibilidade. Que editor hoje convidaria para escrever para crianças um cara que passou a década de 1970 vivendo de escrever pornochanchadas? Seria um escândalo nacional, motivo de matérias na grande imprensa e de protestos acalorados de pais e professores.
Felizmente, na minha infância, vivíamos outros tempos, e Marcos Rey não só pôde publicar seus livros como encantou toda uma geração, que se apaixonou pela leitura viajando em suas histórias policiais.
Da mesma forma, gerações e gerações se apaixonaram pela leitura com Monteiro Lobato, Aventuras de Xisto e muitas outras obras. Mas isso foi numa época em que os livros eram apresentados às crianças para que elas mesmas tirassem suas conclusões e interpretações. Hoje, parece, o politicamente correto quer proteger as crianças de tudo e de todos. O resultado estamos vendo aí: uma geração que não gosta de livros e só lê na internet, o único local em que elas mesmas, as crianças, ainda podem escolher o que ler e como interpretar o que estão lendo.
Entrevista para Ademir Pascale
O escritor Ademir Pascale, famoso por suas obras na linha de fantasia, publicou em seu site uma entrevista comigo. Para conferir, clique aqui.
Livro analisa a obra de Edgar Franco
O pós-doutor em artes pela UNESP e professor da UFPB, Elydio Santos Neto, escreveu o trabalho que conta com textos analíticos, entrevistas com o artistas e ainda 4 HQs selecionadas por ele e uma inédita, criada especialmente para o livro. A obra é um lançamento da Editora Marca de Fantasia, ligada ao programa de Pós-graduação em Comunicação da UFPB.
O lançamento acontece dia 02 de março de 2012, sexta feira, às 19:00 horas na Comic House em João Pessoa na Paraíba com a presença de Edgar Franco.
O lançamento acontece dia 02 de março de 2012, sexta feira, às 19:00 horas na Comic House em João Pessoa na Paraíba com a presença de Edgar Franco.
quarta-feira, fevereiro 22, 2012
Fases do cinema - Filmes Noir
Definir o noir se revela uma tarefa trabalhosa para os críticos e cinéfilos que o amam, afinal, o termo “noir” surgiu bem depois, e bem distante de onde ocorreu a produção destes filmes, que foi por volta da década de 1940, em Hollywood.
Film noir (filme preto/negro em francês) foi um termo criado por críticos franceses que, privados de acesso ao cinema hollywoodiano durante a ocupação nazista na 2ª guerra, assistiram com grande entusiasmo essa remessa quando a guerra acabou. Leia mais
Antologias misturam humor e fantasia
Outra proposta interessante da editora Estronho é a série Terrir, que une humor as gêneros fantásticos, em especial o terror. Haverá um volume medieval, outro sobre bruxas, zumbis, monstros e monstros marinhos. Os textos deverão ter até 15 mil caracteres e os prazos são:
Volume 1 - Zumbis; Volume 2 - Assassinos;
Volume 3 - Monstros Clássicos; Volume 4 - Monstros Marinhos;
Volume 5 - Bruxas e Volume 6 - Medieval.
Inscrições para os volumes 1 e 2 se encerram no dia 27 de março de 2012
Inscrições para os volumes 3 e 4 se encerram no dia 27 de maio de 2012
Inscrições para os volumes 5 e 6 se encerram no dia 27 de julho de 2012
Se você quiser saber mais sobre as antologias, clique aqui.
Volume 1 - Zumbis; Volume 2 - Assassinos;
Volume 3 - Monstros Clássicos; Volume 4 - Monstros Marinhos;
Volume 5 - Bruxas e Volume 6 - Medieval.
Inscrições para os volumes 1 e 2 se encerram no dia 27 de março de 2012
Inscrições para os volumes 3 e 4 se encerram no dia 27 de maio de 2012
Inscrições para os volumes 5 e 6 se encerram no dia 27 de julho de 2012
Se você quiser saber mais sobre as antologias, clique aqui.
Antologia acordes fantásticos: Paranóia
Parece que o grande momento da literatura fantástica brasileira está centrado principalmente nas antologias. A cada mês surgem novas chamadas, algumas com temas bem interessantes. Exemplo disso é a série Acordes fantásticos, da editora Estronho, cujo primeiro número terá como tema a Paranóia. Os contos deverão se passar num ambiente descrito na página da editora, um centro psiquiátrico com 250 anos de existência. Os textos deverão ter limite máximo de 42 toques e o deadline é 20 de junho de 2012. Para maiores informações, clique aqui.
Terror zine traz minicontos sobre viagens no tempo
O escritor Ademir Pascale, em parceria com Elenir Alves organizou um número do TerrorZine dedicado a um tema super-interessante: as viagens no tempo. Pela imagem da capa dá para ver a seleção de escritores escolhidos para compor a antologia. Os minicontos são rápidos de ler, de modo que mesmo quem não gosta de ler na tela do computador vai gostar de ler esses textos. Ah, a não deixem de ler o meu conto, em que brinco a teoria da relatividade. Para acessar o TerrorZine, clique aqui.
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