Cássia Lima
Há muitas maneiras de se aprender com um livro. Uns livros
nos orientam, outros nos confundem. Ainda existem aqueles que nos fazem sorrir
e conhecer lugares no abrir e fechar de páginas. E é assim que termino de ler o
livro Cidade Sorriso dos Mortos-Vivos.
Imagina Curitiba sendo tomada por uma horda de zumbis.
Ninguém sabe ao certo como começou, mas se alastrou muito rapidamente.
Mortos-vivos sedentos por cérebros. A cidade sorriso ficou tomada pela massa
que outrora descansava adormecida. Desde a mais inocente criança esperando o
pai, o salvador nerd, a dançarina da boate, a prostituta, o detetive, um por
um, os que estão dentro e fora de casa se tornam massa. Acontece que os que
descansavam em paz não queriam mais sossego, eles despertaram. Agora os
curitibanos já tem destino traçado ou não...
A linguagem leve nos envolve sem pedir licença. A crítica ao
cotidiano é representada com muito humor, criatividade e informação. Através da
invasão zumbi conhecemos o povo curitibano com toda sua diversidade e
identidade.
Cada história em quadrinho nos dá uma sensação diferente,
passamos pelo medo, dor, amor, heroísmo, ficamos curiosos e sorrimos...Como
sorrimos, Cidade Sorriso dos Mortos-vivos é um livro para decodificar com
descontração. Os 58 artistas que deram vida aos mortos-vivos criaram as mais
incríveis e pitorescas HQs.
O livro elucida de forma elaborada milhares de referências à
cidade curitibana, roteiros poéticos, irônicos, filosóficos, religiosos,
infantis e críticos retratam os piores e melhores pedaços da vida.
Os desenhos estão fantásticos. As mais de 60 HQs revelam
traços de muitos talentos. Podemos acompanhar os mortos-vivos desde linhas
retas até perspectivas e sombreados maravilhosos. Planos detalhes se destacam
ao retratar desde o mais intimo temperamento zumbi até a angústia de ser
devorado por um.
Há histórias para todos os gostos, idades, personalidades,
ideologias. A cidade morta está cheia de zumbis, sejam eles educados,
politicamente corretos, articulados, filosóficos ou agressivos. Mais ainda
restam sobreviventes, resta saber quem eles apoiam.
Neste álbum de HQs nada do fenômeno Zumbi é esquecido, seres
gigantes e bizarros dividem espaço com uma imaginação pra lá de fértil dos
roteiristas. O cotidiano e imprevisibilidade das manifestações de julho são
retratados perfeitamente com sátira e muito pinhão.
O apocalipse zumbi amedronta Curitiba. Movimenta o comércio
de cérebros e nos deixa grunhindo de tanta dica de como se proteger de uma
invasão de mortos-vivos.
Dica: fujam para as araucárias! Porque as colinas já estão
tomadas de Zumbis.
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